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A pandemia e seus efeitos nos gastos de campanha das eleições 2020
Reportagem

A pandemia e seus efeitos nos gastos de campanha das eleições 2020

Com a pandemia, candidatos nas eleições de 2020 terão cenário bem diferente dos anos anteriores. Estratégias tradicionais, como militância de rua e comícios, perdem espaço para lives e redes sociais
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URNA ELETRÔNICA: 2020 é ano de eleições municipais para prefeito e vereador (Foto: FABIO RODRIGUES-POZZEBOM/ABR)
Foto: FABIO RODRIGUES-POZZEBOM/ABR URNA ELETRÔNICA: 2020 é ano de eleições municipais para prefeito e vereador

Militantes de faixas a cada esquina, grandes caminhadas, comícios que viram uma competição de qual candidato consegue aglomerar mais aliados sobre o palanque. Cenas corriqueiras até a última eleição que, na disputa de 2020, não poderão se repetir. Se o novo coronavírus virou do avesso a forma com que a população se relaciona, a doença provoca profundas mudanças também nos planos de financiamento e despesas das campanhas eleitorais deste ano.

Em 2016, quando o prefeito Roberto Cláudio (PDT) conquistou a reeleição, maior despesa de sua campanha foi justamente com a militância de rua, com pagamentos de mais de R$ 3,6 milhões para uma empresa do ramo. Só uma das despesas complementares, o aluguel de vans para transporte de militantes, somou R$ 265,2 mil. Em tempos de pandemia, porém, possibilidades e prioridades são outras.

"Por conta da questão sanitária, que traz a impossibilidade de aglomerações, vamos ter menos militantes nas ruas, não vamos ter tantos eventos de rua. Comícios e caminhadas vão reduzir muito, o que vai baratear", avalia o deputado Capitão Wagner (Pros), um dos pré-candidatos à Prefeitura. Ele destaca, portanto, que gastos com agências de publicidade e produtoras para programas de rádio e TV devem ser os maiores de sua campanha.

A situação é bem diferente de 2016, quando Wagner abriu um dos últimos dias de campanha com caminhada pelo Beco da Poeira, no Centro de Fortaleza. Na ocasião, fez o clássico ritual de cumprimentar lojistas e tirar fotos com idosos e bebês. "Com a pandemia, isso muda, a militância vai ser mais virtual", destaca o pré-candidato.

Presidente do PDT no Ceará e um dos coordenadores da candidatura (ainda a ser anunciada) da base do atual prefeito, o deputado federal André Figueiredo defende que a questão não fique no discurso e vire obrigação legal. "Temos a expectativa de proibição legal de carreatas, comícios e eventos que gerem grandes aglomerações. A Câmara ainda vai definir procedimentos e vamos defender esses pontos", afirma.

"É um risco muito grande você ter grandes aglomerações no País até 15 de novembro. É só imaginar também que, se não tivéssemos adiado as eleições, já estaríamos tendo campanhas nas ruas agora na segunda quinzena de agosto. Inimaginável", diz.

Presidente do PT de Fortaleza e um dos coordenadores da pré-candidatura de Luizianne Lins, o vereador Guilherme Sampaio destaca que, por conta do atual cenário, a campanha deve ser mais focada em militância do que em eventos. "Estamos no meio de uma pandemia, então não cabe agora, não é momento propício, para campanhas milionárias. Teremos apoio da direção nacional do PT, mas será uma campanha fortemente militante".

No mesmo contexto, os três líderes concordam que a campanha, por conta das limitações, tende a ganhar feições mais virtuais e mais ênfase nas redes sociais. Nesse sentido, André Figueiredo destaca ainda a preocupação por um ambiente digital livre de distorções e desinformação.

"Fake news tem que ser coibida. No Congresso, a gente evidentemente está trabalhando nesse sentido, tanto em termos de legislação, quanto com a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) das Fake News e com ações no Supremo, que a gente sabe que são muito bem orquestradas, são esquemas montados para arruinar a reputação de candidatos", afirma.

Teto de gastos em Fortaleza
Foto: luciana pimenta
Teto de gastos em Fortaleza

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