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Biden derrota Trump e será presidente dos Estados Unidos
Reportagem

Biden derrota Trump e será presidente dos Estados Unidos

|ELEIÇÕES NOS EUA| Democrata vira em estados-chave, atinge "número mágico" e prega união num país cada vez mais polarizado; transição não deve ser pacífica
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ELEIÇÕES AMERICANAS EUA DONALD TRUMP JOE BIDEN VOTOS ESTADOS UNIDOS Democratic Presidential candidate and former US Vice President Joe Biden gestures as he speaks during the final presidential debate at Belmont University in Nashville, Tennessee, on October 22, 2020. (Photo by JIM WATSON / AFP) (Foto: AFP)
Foto: AFP ELEIÇÕES AMERICANAS EUA DONALD TRUMP JOE BIDEN VOTOS ESTADOS UNIDOS Democratic Presidential candidate and former US Vice President Joe Biden gestures as he speaks during the final presidential debate at Belmont University in Nashville, Tennessee, on October 22, 2020. (Photo by JIM WATSON / AFP)

A contagem de votos cédula a cédula nos Estados Unidos favoreceu o agora presidente eleito do país, Joe Biden. O democrata, ex-vice-presidente de Barack Obama, superou na tarde deste sábado, 7, os 270 delegados necessários no Colégio Eleitoral para eleger-se. Após mais de 72 horas de apuração, com viradas e ações judiciais de Donald Trump em curso, Biden foi declarado vencedor juntamente com sua vice, a senadora Kamala Harris, que será a primeira mulher e negra a ocupar o cargo.

Além de histórica, pelo contexto de polarização e acirramento no qual ocorre, a eleição da chapa Biden-Harris é simbólica. Ao tomar posse no próximo dia 20 de janeiro, Biden se tornará o 46º presidente dos EUA, o gestor mais velho a assumir o cargo, com 78 anos (ele já era o senador mais jovem a ter ganho uma eleição) e a pessoa mais votada na história americana com mais de 74 milhões de votos.

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Já a vice-presidente eleita, Kamala Harris, é filha de imigrantes da Índia e da Jamaica; A primeira mulher, negra e pessoa com ascendência asiática a ocupar o cargo catapultou a campanha para um feito que, devido ao sistema eleitoral, faz com que seja difícil que um presidente no poder não garanta a reeleição. Donald Trump tornou-se apenas o quarto na história a não conseguir o feito.

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A vitória de Biden é uma vitória do estilo moderado e sugere o início do desgaste da onda populista, revisionista e agressiva vista nos últimos anos tanto nos EUA quanto em outros países do mundo. A Pensilvânia foi o estado que definiu o pleito e o terceiro do chamado "Cinturão da Ferrugem", onde Trump venceu em 2016, que virou para Biden neste ano. Os milhares de votos por correio dos democratas ajudaram Biden a virar estados-chave onde Trump liderava no fim da primeira noite de apuração. Jovens, mulheres e a comunidade negra fizeram a diferença para a chapa vencedora. Os votos que selaram o resultado vieram da cidade da Filadélfia, onde, há mais de 200 anos, foi escrita a Constituição dos EUA. Biden fez 16 viagens ao estado da Pensilvânia, onde está a cidade, durante sua campanha. Desde 2008, o candidato a presidente que vence na Pensilvânia termina eleito. As projeções também indicam vitória de Biden em Nevada e lideranças na Geórgia, onde um democrata não ganha há 28 anos, e no Arizona, onde os democratas não sabem o que é vencer há 24 anos.

Após a vitória, os democratas foram ao Twitter: "América, estou honrado por ter me escolhido para liderar nosso grande país. O trabalho que temos pela frente será árduo, mas prometo o seguinte: serei um presidente para todos os americanos", escreveu Biden. Na mesma plataforma, Harris postou vídeo no qual telefonava para o colega: "Nós conseguimos, Joe. Você será o próximo presidente".

A lista de desafios é grande. O mais urgente deles, a pandemia do coronavírus, segue avassalador. Com registros de mais de 100 mil casos por dia nos EUA, o cenário de crise deve perdurar; possivelmente influenciando no planejamento da economia americana para os próximos meses, questão que reverbera em outros cantos do mundo. Já nas relações internacionais, Biden optará pelo retorno do multilateralismo e pela reaproximação com aliados históricos da Europa e com organizações e acordos internacionais como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o acordo climático de Paris.
Internamente, os democratas terão que dar uma resposta rápida ao eleitorado negro, que virou o jogo em cidades e condados importantes nesta eleição, em relação às questões de igualdade racial e de violência policial contra sua comunidade. Biden não é a favor da eliminação de Departamentos de Polícia, mas prega que haja um trabalho em conjunto com assistentes sociais e psicólogos no treinamento dos agentes ou até mesmo em ações conjuntas para evitar que abordagens tornem-se casos de homicídio como o do afro-americano George Floyd, no estado de Minnesota, em março deste ano.

 

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