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Bolsonaro deixa País em choque com novo discurso extremista
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Bolsonaro deixa País em choque com novo discurso extremista

Presidente ataca autoridades, imprensa e fechamento de escolas durante pandemia
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DURANTE o discurso, Bolsonaro voltou a ser alvo de panelaços em ao menos nove capitais  (Foto: Isac Nobrega/Presidência da República)
Foto: Isac Nobrega/Presidência da República DURANTE o discurso, Bolsonaro voltou a ser alvo de panelaços em ao menos nove capitais

Durou um dia o tom conciliatório adotado por Jair Bolsonaro após dialogar na última segunda-feira, 23, com governadores sobre ações conjuntas de enfrentamento ao coronavírus. Na noite de ontem, durante pronunciamento em rede nacional, o presidente voltou a falar em "histeria" e criticou o fechamento de escolas, entre outras ações feitas por governos e municípios.

"O que tínhamos que conter naquele momento (no início das precauções) era o pânico, a histeria e, ao mesmo tempo, traçar a estratégia para salvar vidas e evitar o desemprego em massa", afirmou. O presidente acusou a imprensa de ir na contramão e espalhar "a sensação de pavor, tendo como carro-chefe o grande número de vítimas na Itália, um país com um grande número de idosos e com um clima totalmente diferente do nosso", criticou. Não existem ainda evidências científicas para sustentar a teoria de que climas quentes podem ajudar a aplacar a doença.

Bolsonaro elogiou as ações do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, no planejamento de esclarecimento e atendimento no SUS. Ao se usar como exemplo, o presidente disse que, caso ele contraísse o coronavírus, ele não sentiria nenhum efeito dado o seu "histórico de atleta".

Ele criticou também autoridades estaduais e municipais que "devem abandonar o conceito de terra arrasada, a proibição de transporte, o fechamento dos comércios e o confinamento em massa". Segundo ele, não há motivo para fechar escolas, uma vez que o grupo de risco é composto por, também, pessoas com mais de 60 anos. "São raros os casos fatais de pessoas sãs com menos de 40 anos", disse.

As críticas ao discurso de Bolsonaro - que em muitos momentos flertou com o deboche - não demoraram a surgir. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), cobrou uma liderança "séria, responsável e comprometida com a vida e a saúde da sua população".

"A Nação espera do líder do Executivo, mais do que nunca, transparência, seriedade e responsabilidade. O Congresso continuará atuante e atento para colaborar no que for necessário para a superação desta crise", disse em nota.

Presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) criticou o fato de Bolsonaro usar a estrutura da transmissão para atacar a imprensa, governadores e especialistas em saúde. "Desde o início desta crise venho pedindo sensatez, equilíbrio e união. O pronunciamento do presidente foi equivocado ao atacar a imprensa, os governadores e especialistas em saúde pública", afirmou.

O governador Camilo Santana também se manifestou nas redes sociais após o pronunciamento e afirmou que irá continuar trabalhando fortemente as ações que visam evitar o avanço do coronavírus em nosso estado, como temos feito até aqui.

"Este não é um momento para ataques e provocações, mas um momento de cooperação e da união de todos. Da parte do Governo do Estado, continuaremos fazendo todos os esforços possíveis para buscar a proteção dos cearenses. A vida de cada um de vocês está em primeiro lugar", publicou. (com agências)

 

É o pior da história

Foi tudo ruim. O texto, a leitura, a interpretação. Espremendo-se os 5 minutos de pronunciamento de Jair Bolsonaro, nada se consegue aproveitar de útil às necessidades do País. Assistiu-se ontem a algo que beira à irresponsabilidade.

A atitude de Bolsonaro chega a ser desrespeitosa com gente do próprio governo que esforça-se para manter alertas os brasileiros. Técnicos do Ministério da Saúde que no contato com jornalistas, quando provocados, reafirmam apoio às medidas de isolamento adotadas por governadores e prefeitos.

Bolsonaro, parece definitivo, não tem tamanho político para o papel que o destino lhe reservou ao colocá-lo onde está num dos momentos mais dramáticos da história. É o que está reafirmado ao usar o valioso espaço que ocupou ontem para atacar governadores que adotam medidas contra a pandemia, para defender a abertura de escolas sem qualquer apego aparente às vidas humanas que a medida pode poupar ou chegar ao nível insano de brincar com uma situação que não comporta humor, alegando uma condição atlética pessoal para se dizer apto a encarar o vírus.

O Brasil dormiu a noite passada ainda mais convicto de que não tem a comandá-lo um líder apto a promover uma união possível no rumo de uma saída para o pesadelo no qual está envolvido. Resta saber por mais quanto tempo suporta encará-lo sem acordar para
a realidade.

 

Hospital onde Bolsonaro fez teste omite 2 positivos

Uma guerra de versões sobre autoridades infectadas com o novo coronavírus opõe o Governo do Distrito Federal, o Ministério da Defesa, a Justiça e o Hospital das Forças Armadas (HFA), onde o presidente Jair Bolsonaro realizou exames. Nos bastidores, integrantes do Governo do Distrito Federal acusam o HFA de omitir nomes de duas pessoas que contraíram a doença.

A Justiça Federal determinou que o hospital informasse a relação completa de quem está com coronavírus, mas na lista apresentada, com 17 casos, duas identidades foram mantidas sob sigilo.

Bolsonaro fez dois testes para saber se foi contaminado e, segundo ele, todos deram negativo. Foi o Governo do Distrito Federal que acionou a Justiça para obter a lista. Além de Bolsonaro, integrantes da comitiva que o acompanhou em viagem aos Estados Unidos também se submeteram a exames no HFA. Ao todo, 23 pessoas que estiveram com ele já contraíram coronavírus.

A reportagem pede há dias à Secretaria de Comunicação da Presidência que apresente os resultados dos exames de Bolsonaro, mas não obteve resposta. O presidente afirmou recentemente que não teria problema em divulgar os testes, mas classificou os pedidos como "intromissão" e disse se preocupar com reflexos na economia, caso algo aconteça com ele.

O comandante logístico do HFA, general Rui Yutaka Matsuda, assegurou que as informações sobre os pacientes com resultado positivo para a Covid-19 já foram compartilhadas com a Secretaria da Saúde do DF e com o Ministério da Saúde.

Em ofício endereçado à juíza Raquel Soares Chiarelli, porém, Matsuda afirma: "Deixo de informar à V. Exa., neste documento, os nomes dos pacientes com sorologia positiva para a Covid-19, a fim de evitar a exposição dos pacientes e em virtude (de) direito constitucional de proteção à intimidade, vida privada, honra e imagem do cidadão".

A juíza impôs multa de R$ 50 mil à direção do hospital por paciente que tiver a informação sonegada. Disse ainda que a devida identificação dos casos é "inadiável". (Agência Estado)

 

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