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Pandemia e Congresso serão desafios principais de Bolsonaro
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Pandemia e Congresso serão desafios principais de Bolsonaro

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Presidente da República, Jair Bolsonaro, e o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, tornaram-se arquirrivais (Foto: AFP)
Foto: AFP Presidente da República, Jair Bolsonaro, e o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, tornaram-se arquirrivais

O resultado das eleições 2020 sinalizou, de certo modo, a prevalência da chamada política tradicional e um movimento mais ao centro ao não repetir a onda populista conservadora vista no pleito de dois anos antes. Ao mesmo tempo em que acendeu um sinal de alerta para o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e seus aliados que devem, mais do que nunca, continuar a articular aproximações com membros do chamado Centrão para fins de ganho de musculatura política e também eleitoral.

Dentre os principais desafios do Governo Federal em 2021 estão a formulação de um plano para vacinação contra a Covid-19, a qual Bolsonaro tem sinalizado que se depender dele será facultativa. A recuperação econômica e de empregos e ainda uma possível reforma ministerial no contexto de negociações políticas do governo com o Centrão que criaria espaços na Esplanada em troca de apoio ao deputado federal Arthur Lira (PP-AL) na disputa pela presidência da Câmara.

Pensando na eleição presidencial de 2022, a equipe de Bolsonaro já considera um dado que passa a vigorar no ano que vem, quando partidos que formam o Centrão passarão a comandar 2,4 mil municípios brasileiros; quase metade das cidades do País e que representam aproximadamente 35% da população nacional (73 milhões de pessoas). O fenômeno eleitoral demonstra a capilaridade e importância do grupo para os planos de governança e continuidade de Bolsonaro no poder.

Apesar da melhora na aprovação do presidente, como apontou pesquisa DataFolha mais recente, as articulações políticas visam entregar algo na campanha do ano seguinte. "Talvez as reformas tributária e administrativa não sejam aprovadas tal qual o governo as desenhou, mas até o fim do ano eles vão fazer de tudo para que elas passem pelo Congresso", pontua o cientista político Cleyton Monte.

Para Monte, Bolsonaro já colocou isso na balança ao apoiar a eleição de Artur Lira que facilitaria o trâmite de pautas do governo, atualmente seguradas pelo presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ). O pesquisador revela expectativa de que Bolsonaro se filie a um novo partido no ano que vem. "Acho que ele (Bolsonaro) não estará sem partido até o fim de 2021 e é possível que junte-se a algum do Centrão. A última eleição demonstrou que a estratégia de polarização com o PT pode não ter o mesmo efeito, então ele vai ter que rever seu jogo", concluiu.

Além disso, 2021 deve definir pretensões e papéis de atores da oposição que se apresentam como alternativa à figura bolsonarista como o governador de São Paulo, João Dória (PSDB), o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro e o próprio Rodrigo Maia. Além daqueles que colocam-se como oposição direta a Bolsonaro desde a eleição de 2018, como Ciro Gomes (PDT), Lula (PT) e Guilherme Boulos (Psol). O próximo ano esclarecerá o desenho político e suas eventuais alianças e disputas.

Outro agente que deve seguir importante em 2021 é o Supremo Tribunal Federal (STF). Debates nacionais e propostas do governo Bolsonaro devem continuar a passar pela corte, como a própria questão da obrigatoriedade da imunização contra coronavírus, que já está em votação no tribunal. Especialistas apontam que é muito provável que o STF siga ativo no debate político e sendo pautado pelos conflitos entre os demais poderes, que devem aumentar na medida em que a eleição se aproxima. (Vitor Magalhães)

 

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