A trajetória da cearense Sabrina Cabral Souza é dessas valorizadas tanto por ter se construído pautada pela educação quanto por ter cravado oportunidade que costuma ser negada a grande parte da população. Com trabalhos em instituições nacionais e internacionais no currículo, a jovem de 22 anos moldou o próprio percurso, recheado de histórias, livros e estudos. O sonho agora é engajar outros jovens para transformar o mundo.
A criação em ambiente humilde foi empecilho — "Livro era apenas um sonho distante", conta —, mas não obstáculo que impedisse os primeiros passos. "Minha mãe me ajudava procurando oportunidades gratuitas na Internet. Meu avô me estimulava na matemática, apesar de não ter o 1º grau completo (atual ensino fundamental), além de contar muitas histórias sobre a construção da Cidade", relata.
Sabrina foi a primeira da família a ingressar em uma universidade pública federal e decidiu cursar Engenharia Civil. A partir daí, abriu portas para trabalhos na ONU e na Unicef Brasil, colaborações nas iniciativas InspiraSonho e Eductus e a fundação do projeto Juventude Inclusiva junto a outros jovens do País. A cearense também criou a "Ruma", iniciativa que rendeu dois prêmios — um deles, internacional, da World International Fairs Association.
"A educação foi o motor de transformação na minha vida", reconhece. "Sinto isso como uma oportunidade de melhorar de vida, de conquistar o que me foi negado por muito tempo pela falta de confiança e informação. Fico feliz em ajudar as pessoas com meu trabalho e espero que seja isso que me torne relevante e não apenas os reconhecimentos e títulos", completa.
A trajetória de Sabrina Cabral ganhou impulso fundamental em 2013, quando tinha 14 anos e participou do projeto Correspondentes O POVO, do O POVO Educação, ainda estudando em escola pública. "Essa oportunidade afetou positivamente minha autoconfiança e autoestima, tão afetadas pelo bullying e o preconceito", recorda. "Desde então venho me envolvendo com iniciativas que não só fazem a história, mas mudam ela, contribuindo para uma realidade mais justa", afirma.
Ativa nas redes sociais e engajada no meio acadêmico, a jovem sonha em motivar outras pessoas de realidade semelhante para colocar a educação como norte. "Eu compartilho informação e quero inspirar as pessoas para que elas façam o mesmo, para que ela chegue onde mais precisa", diz. "Tento mostrar minha trajetória para mostrar que é possível, sem filtros meritocráticos, mas mostrando que o esforço e a sorte caminham ao lado de privilégios e nosso impacto no mundo deve ser maior do que eles para gerar a verdadeira transformação", pondera.