A pesquisadora Monalisa Soares, do Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia (Lepem-UFC), lembra que Baleia Rossi (MDB-SP) é filiado a um partido historicamente significativo no cenário nacional e que sempre conseguiu dar demonstrações de força nas casas legislativas.
Por outro lado, ela cita, a candidatura de Arthur Lira (PP-AL) é endossada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e encontra força nele e na estrutura que o Governo Federal terá para, sendo necessário, manejar recursos para angariar votos numa disputa como essa: o poder da máquina, como se fala no jargão político.
Sobre Rossi, a coordenadora do curso de Ciências Sociais da UFC destaca ainda o fato de que é apoiado pelo presidente da Câmara, o articulador político Rodrigo Maia (DEM-RJ), "que costurou todo o seu processo de candidatura."
"Foi em torno dele (Rossi) que se articulou a ideia de manter a Câmara independente do Palácio do Planalto. Desde o primeiro mandato da Dilma (2011-2014) a gente tem visto esse ensaio de o Legislativo se construir de forma mais autônoma. O Baleia Rossi também se beneficia muito fortemente disso, principalmente diante de um governo como o do presidente Bolsonaro, com certo caráter autoritário", ela assinala.
Num exercício de projeção, a professora afirma que Lira representará, caso vencedor na disputa de 1º de fevereiro, menos empecilhos para um presidente que lhe foi o principal afiançador e que hoje vive às turras com o atual detentor da principal cadeira da Câmara dos Deputados.
Já Rossi, ainda segundo Monalisa, se aproximará da lógica política posta em prática por Maia: comunhão com a agenda de reformas capitaneada pelo ministro Paulo Guedes (Economia), impondo freios às pautas morais conservadoras de Bolsonaro e do movimento bolsonarista.