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Mercado exige que negócios estejam atentos a fatores sociais, ambientais e de governança
Reportagem

Mercado exige que negócios estejam atentos a fatores sociais, ambientais e de governança

Oriundo da sigla em inglês, o conceito ESG vem dominando o mercado corporativo atual. Atender às demandas vindas desses fatores é decisivo para obter negócios no atual momento de mercado
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Haroldo Rodrigues Jr., proprietário da in3citi, investe em negócios de impacto relacionados com a pauta ESG (Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE Haroldo Rodrigues Jr., proprietário da in3citi, investe em negócios de impacto relacionados com a pauta ESG

A preocupação da população mundial sobre como as empresas devem estar engajadas com conceitos de responsabilidade social e ambiental cresceu nos últimos anos. Cuidar de toda cadeia de produção e das pessoas que são impactadas pelos trabalho - desde o fornecedor, funcionário até o cliente - passou a ser primordial. Os negócios estão mais preocupados com o futuro. Não só com as metas de receitas ou acordos firmados, mas também com fatores ambientais e a ameaça de crise climática iminente e como isso afetaria a longevidade dos negócios e da própria sociedade como conhecemos.

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No mundo corporativo, o conjunto de práticas ambientais, sociais e de governança (ESG na sigla em inglês) que pode ser usado desde guia para investimentos a escolhas de consumo focadas em sustentabilidade ganhou força, vem cativando as grandes corporações, já que os investidores e os consumidores cobram postura diferenciada e esses gestores passaram a ter maior interesse na rentabilidade aliada às boas práticas.

Apesar de ser tratada como a grande novidade do momento, o conceito não é tão novo. Desde que as Nações Unidas (ONU) lançou os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), incentivando que os negócios incrementem seus modelos de negócios com as metas, o ESG passou a ser falado. Nas ODSs, o foco principal é combater a desigualdade e a injustiça, acabar com a pobreza e combater as alterações climáticas até 2030.

Wilton Daher, vice-presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Ceará (Ibef-CE) e que teve como tema de dissertação de mestrado em Administração defendida, em 2006, analisando o valor da responsabilidade social corporativa na geração de valor reputacional nas organizações. Ele explica que esses preceitos estão ligados ao que é chamado de Nova Economia e são defendidos por ganhadores do Prêmio Nobel de Economia, como Amartya Sen. Neste novo cenário, a defesa dos princípios éticos socialmente sustentáveis são bases.

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Atualmente, os investidores - inclusive de grandes fundos - estão atentos à pauta ESG ao tomar decisões de negócios. A Pesquisa de Investidores da EY ainda em 2017 já destacava que uma governança fraca, aliado a desempenho ambiental ruim, escassez de recursos, mudanças climáticas e os riscos aos direitos humanos são fatores relevantes na probabilidade de mudar decisões. As informações não financeiras passaram a ser relevantes.

Wilton avalia que o Brasil ficou na margem da pauta ESG por muito tempo, mas agora ficou inevitável entrar na discussão e pautar mudanças. "O mundo mudou e essa geração está mais atenta à preservação do meio ambiente. Muitas empresas lançam títulos no mercado, mas agora aquelas que possuírem esse título verde (ESG) é que vão captar recursos mais facilmente". E acrescenta: "E não adianta brigar contra o que o mercado internacional busca. Temos de entrar nesse mercado de mudanças para não perdermos bilhões em investimentos".

De acordo com o Instituto Ethos de Responsabilidade Social, 70% do valor de uma empresa está representado pelas suas ações sociais. Ações como boas práticas quanto ao meio ambiente têm sido destaque no ranking da responsabilidade social.

Essas pautas têm sido aderentes em grandes empresas nacionais, como a Ambev. Ao O POVO, a empresa destaca que desde sua fundação, há 20 anos, tem buscado evoluir com o compromisso de sustentabilidade dos produtos e operação, como também trabalhar interna e externamente, com parceiros, o aperfeiçoamento de processos para subir nos índices de ecoeficiência.

"Nosso sonho é unir as pessoas para um mundo melhor e, para chegar lá, estabelecemos metas de sustentabilidade com objetivos de curto, médio e longo prazo que contribuem com nosso objetivo maior", afirma a empresa. No curto prazo, são cinco metas a serem batidas até 2025, mas cujo impacto significativo contribui para um futuro melhor no longo prazo. São elas: agricultura sustentável, gestão de água, embalagem circular, mudança climática e ecossistema de empreendedores.

O trabalho da Ambev ainda inclui a sustentabilidade empresarial, com a destinação de mais de R$ 1 bilhão para projetos que gerem impacto positivo. Ainda apostam em parcerias com startups e pequenos empreendedores, para tentar dar mais agilidade e compor mais visões e oportunidades de trabalho. Um dos exemplos de iniciativas, é a Aceleradora 100+, de aceleração de startups com projetos de soluções socioambientais, um dos pilares importantes para a Ambev. Em 2019, o programa selecionou 18 startups, onde os participantes receberam mentorias da Ambev durante todo o programa e se tornaram parceiros.

DICAS DE INICIATIVAS LIGADAS AO ESG QUE PODEM SER ADOTADAS NAS EMPRESAS

Engajamento proativo dos acionistas

Um programa com esse objetivo permite que uma organização de capital aberto entenda as questões importantes para os investidores, incluindo passivos. Já não é suficiente o relacionamento com investidores centrado em divulgações trimestrais.

Abrace a sustentabilidade

A tendência é que empresas que encontrem o sucesso no mercado também estejam em dia com questões ambientais e sociais como parte da criação de uma estratégia de negócios sustentável e parte integrante de um perfil de governança.

Aprimore sua governança interna

A governança da sustentabilidade não deve se limitar à diretoria. Todos os níveis de gestão devem estar envolvidos na incorporação da sustentabilidade.

Fonte: Harvard Law School / Journal of Business Ethics / Ecycle

 

Valor

De acordo com o Instituto Ethos de Responsabilidade Social, 70% do valor de uma empresa está representado pelas suas ações sociais. Ações como boas práticas quanto ao meio ambiente têm sido destaque no ranking da responsabilidade.

 

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