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Entrevista: Sarto faz balanço dos 100 dias de mandato
Reportagem

Entrevista: Sarto faz balanço dos 100 dias de mandato

Em entrevista exclusiva ao O POVO, Sarto avalia progresso de ações nos três eixos que ele fixou como prioridades logo no discurso da posse
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SARTO elencou vacinação e retomadas das aulas presenciais e da economia como prioridades no dia da posse (Foto: Aurelio Alves)
Foto: Aurelio Alves SARTO elencou vacinação e retomadas das aulas presenciais e da economia como prioridades no dia da posse

Em balanço dos 100 primeiros dias de gestão, o prefeito José Sarto (PDT) comemorou sucessos na vacinação em Fortaleza, falou das dificuldades após a chegada de novas variantes do coronavírus ao município e diz que, apesar do início de gestão conturbado no Legislativo, conseguiu manter "boa interlocução" com a Câmara Municipal.

"Fortaleza hoje é destaque nacional com relação a vacinação. Teve um período aí que, em três dias, tivemos quase 90 mil pessoas vacinadas", diz Sarto, em entrevista ao O POVO por telefone. "Hoje mesmo nós já usamos todas as vacinas destinadas à chamada D1, que é a primeira dose, e já tínhamos aplicado mais de 457 mil doses", afirma.

Sobre a não execução completa da segunda prioridade que destacou ao assumir o mandato, pela reabertura das escolas municipais, Sarto citou atual momento da Covid no Estado. "O nosso programa é pelo retorno às aulas com segurança o mais rápido possível, e para isso estamos aguardando a vacinação", destaca.

"Aqui em Fortaleza nós temos uma pequena peculiaridade. Aqui, a nova cepa mutante, essa chamada P1, com maior transmissibilidade e maior agressividade, tem sido predominante. 91% são desses casos são dessa variante", continua, falando também da iniciativa da Prefeitura que já abriu 906 novos leitos para tratamento da Covid na Capital.

"Mas nós estamos, paralelamente à vacinação, mantendo o ensino remoto e fazendo uma série de ações", diz, destacando a entrega de 2.500 tablets para alunos do 9º ano do Ensino Fundamental, 242 mil chips telefônicos para toda a rede municipal e uma série de outras adaptações que custam, segundo o prefeito, investimento de mais de R$ 60 milhões.

Sobre outra das prioridades da gestão, de projetos para a retomada econômica, Sarto destacou pacote de ações anunciado pela Prefeitura no início de março. Entre as medidas estão, por exemplo, refinanciamento e perdão de dívidas de empreendedores com o fisco municipal ou com multas de mora para pagamento do ISS ou do IPTU.

"Nesse contexto difícil e até para procurar aquecer a economia, paralelamente a isso estamos fazendo também um programa de proteção econômica e social para salvaguardar o que seja de renda mínima", diz. Entre ações do tipo, estão auxílios de R$ 100 para 9,2 mil trabalhadores como feirantes, ambulantes e artesãos, além de profissionais da Cultura.

Sobre o Legislativo, o prefeito minimizou constantes contratempos que a gestão vem sofrendo na tramitação de projetos enviados pelo Executivo. "É natural (que ocorram esses questionamentos), eu me criei, surgi na política, no parlamento. Fui inclusive vereador, então acho que é natural que haja debate, repercussão, até para que haja aprimoramento nos projetos", diz.

"Nesse caso da reforma da Previdência, por exemplo, houve questionamento e percebemos que realmente tinha um equívoco jurídico ali, e aí retiramos a matéria. Respeitando a opinião divergente de alguns, conseguimos uma boa interlocução com a Câmara, fazendo um debate bem programático", diz.

O prefeito também comentou que continuará buscando diálogo mais próximo com o PT de Fortaleza, atualmente na oposição. "Fiz algumas ponderações e eu, sinceramente, continuo achando que tenho mais semelhanças que divergências com eles", afirma.

Sarto destaca, no entanto, que os três vereadores petistas têm feito uma oposição "construtiva" no Legislativo. "A bancada do PT tem feito oposição muito leal, programática. Diria que é construtiva, mantenho diálogo com os vereadores de lá e espero que essa ponderação possa existir. Mas a relação é boa", afirma. (Carlos Mazza)

Confira a entrevista exclusiva de José Sarto ao O POVO

O POVO: O senhor elencou o processo de vacinação em Fortaleza como prioridade número um da gestão. Como avalia o que foi feito até agora nessa área?

José Sarto: A vacinação a gente começou logo rapidamente, no dia 18 de janeiro. Era algo urgente, até porque nós tivemos a segunda onda que veio maior, eu diria, com maior transmissibilidade e maior agressividade dessas novas cepas. Começamos dia 18 e conseguimos emplacar um ritmo bom. Fortaleza hoje é destaque nacional com relação a vacinação. Teve um período aí que, só em três dias, tivemos quase 90 mil pessoas vacinadas. Hoje mesmo nós já usamos todas as vacinas destinadas à chamada D1, que é a primeira dose, e já tínhamos aplicado mais de 457 mil doses. Eu acho que, com isso aí, a gente tá caminhando, e vamos seguir aplicando na medida que chega a vacina.

OP: Outros pontos que você falava diziam respeito a uma retomada da economia e das aulas presenciais. Estas duas últimas ainda não ocorreram...

Sarto: Com relação à retomada do crescimento econômico, lançamos um pacote de medidas com refinanciamento, recuperação econômica, que visa facilitar, dar um perdão fiscal a quem tem débito multas de mora no ISS, IPTU estendido na parcelamento. Ou seja, facilita a vida do empreendedor. Nesse contexto difícil e até para procurar aquecer a economia, paralelamente a isso estamos fazendo também um programa de proteção econômica e social para salvaguardar o que seja de renda mínima.

OP: E na retomada das aulas?

Sarto: A gente, no nosso programa, falava do retorno às aulas com segurança o mais rápido possível, e para isso estamos aguardando a vacinação. Mas estamos, paralelamente a isso, mantendo o ensino remoto e hoje mesmo (a entrevista foi feita na quinta-feira, 8 de abril), por coincidência, conseguimos entregar 2.500 tablets para alunos do 9º ano do ensino fundamental e do último ano, além de 242 mil chips para toda a rede escolar municipal. Entregamos também o kit escolar, que tem caderno, lápis, lápis de cor, tesoura, cola, etc, para a rede municipal também. Tudo isso estamos falando de um investimento de uns R$ 60 milhões. Com relação ao retorno das aulas, aqui em Fortaleza nós temos uma pequena peculiaridade. Aqui, a nova cepa mutante, essa chamada B1, com maior transmissibilidade e maior agressividade, tem sido predominante. 91% são desses casos são dessa variante, então é complicado. E estamos ainda ampliando leitos. Entregamos já 906 para tratamento da Covid, queremos chegar a 1.129. No surto passado a Prefeitura entregou 791 leitos, para se ter ideia. Então agora a gente está aguardando a vacinação, para termos um retorno híbrido ou presencial das escolas.

OP: A gestão teve início turbulento no parlamento, inclusive com algumas matérias sendo alvo de questionamento judicial. Como avaliam isso?

Sarto: É natural (que ocorram esses questionamentos), eu me criei, apareci na política, no parlamento. Fui inclusive vereador, então acho que é natural que haja debate, repercussão, até para que haja aprimoramento nos projetos. Nesse caso da Reforma da Previdência, por exemplo, houve questionamento e percebemos que realmente tinha um equívoco jurídico ali, e aí retiramos a matéria. Respeitando a opinião divergente de alguns, conseguimos uma boa interlocução com a Câmara, fazendo um debate bem programático.

OP: O senhor tentou atrair o PT de Fortaleza para sua base, mas ainda não conseguiu. Como está essa relação?

Sarto: Eu sempre tive uma relação muito próxima com o PT estadual. Era deputado e tinha um trânsito muito bom com a bancada deles na Assembleia, na Câmara Federal também. Aqui em Fortaleza fiz algumas ponderações e eu, sinceramente, continuo achando que tenho mais semelhanças que divergências com eles. Pontualmente, aqui e acolá, temos divergências. A bancada do PT tem feito oposição muito leal, programática. Diria que é construtiva, mantenho diálogo com os vereadores de lá e espero que essa ponderação possa existir. Mas a relação é boa.

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