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Emanuel Freitas: Grupos e partidos em movimento
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Emanuel Freitas: Grupos e partidos em movimento

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FORTALEZA, CE, BRASIL, 27-05.2021: Fachada da Assembleia Legislativa. Sessão no Plenária, na Assembleia Legislativa no Ceara. em epoca de COVID-19. (Foto: Aurelio Alves/ Jornal O POVO) (Foto: Aurelio Alves)
Foto: Aurelio Alves FORTALEZA, CE, BRASIL, 27-05.2021: Fachada da Assembleia Legislativa. Sessão no Plenária, na Assembleia Legislativa no Ceara. em epoca de COVID-19. (Foto: Aurelio Alves/ Jornal O POVO)

O jogo eleitoral de 2022 está na ordem do dia. Em vista disso, partidos e grupos políticos se movimentam no intuito de consolidar sua força, ou manter seu poderio ou (re)conquistar espaços no jogo político. Tudo isso, obviamente, de olho no cenário nacional, quando se dará o primeiro teste nacional da força política do bolsonarismo e da força política pessoal de Lula, na sua (possível) primeira disputa política desde que deixou o Governo Federal, em 2011.

Comecemos pelos grupos políticos estabelecidos no poder local. O PT de olho em tal possibilidade, e com o recall um tanto quanto positivo da votação de Luizianne Lins na disputa de 2020, ensaia uma condução do partido ao Governo Estadual (uma vez que os mandatos de Camilo não são tão da cota do partido como se desejaria) com um nome estreitamente ligado ao do ex-presidente, o que colocará o governador numa situação tão delicada quanto a de Cid Gomes em 2014.

Por sinal, o grupo do senador, que tem em Ciro Gomes a grande aposta para carrear votos para os Legislativos, dependerá dos primeiros resultados da gestão de Sarto Nogueira, o que se mostra prejudicado pelos efeitos sociais e econômicos da pandemia. As eleições de 2020 trouxeram um resultado aquém do esperado para o grupo, que poderá ser ainda mais prejudicado com a confirmação da candidatura de Lula, cujas intenções de voto no Ceará ultrapassam a de Ciro, segundo pesquisas divulgadas recentemente; com o petista na corrida, o PT poderá alcançar assentos importantes.

Por sua vez, o fim do segundo mandato senatorial de Tasso Jereissati é acompanhado da ascensão de lideranças políticas tradicionais que, desde 2018, incorporaram-se ao bolsonarismo; o PSDB tem sido cada vez mais um partido regional, de caciques locais, sem um plano nacional claro, o que poderá levar o partido a minguar ainda mais no Legislativo.

A oposição, por sua vez, que se saiu vitoriosa em importantes cidades e também em assentos na Câmara Municipal da Capital, já faz uso de importante mecanismo de busca da "manutenção da propaganda": parlamentares do Pros, PSL, Republicanos, Cidadania dentre outros postam-se como arautos da "transparência" ao se enunciarem como fiscalizadores do poder público como um todo, centrando críticas na gestão de Camilo e de prefeitos aliados. A estratégia é formar uma grande "onda oposicionista e conservadora" no estado.

Assim, os três grupos mais numerosos traçam suas estratégias, sem desconsiderar os caciques que "correm por fora" a partir "de dentro": é o caso de Domingos Filho e seu grupo no PSD (flertando com Bolsonaro e com a oposição aos FG) e o de Acilon Gonçalves e o PR (que busca, a longo prazo, formar um verdadeiro "cinturão" político nas cidades com forte apelo turístico).

Emanuel Freitas da Silva

Professor de Teoria Política e pesquisador do Laboratório de Laboratório de Estudos de Processos Eleitorais e Mídia, da UFC

 

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