Mesmo antes do início da pandemia de Covid-19, o segmento do ecoturismo já apresentava uma crescente demanda no País. Segundo dados do Ministério do Turismo, mais de 6 milhões de estrangeiros vieram ao Brasil em 2019. Dentre as viagens a lazer, 18,6% tinham como motivação o turismo com base na conservação e sustentabilidade do meio ambiente. No ano anterior, esse número era de 16,3%.
Sondagem realizada entre março e abril de 2020 pela Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (Abeta) aponta ainda que viagens neste perfil de priorização dos ambientes naturais e do distanciamento social representam 9,7% do total de roteiros no Brasil. Isso retrata a possibilidade de expansão, devido à oferta de ambientes propícios para a atividade no País.
Os dados mostram ainda que 57,2% dos turistas vieram ao Ceará em 2019 a lazer. Destes, 8,4% tiveram o ecoturismo como opção de viagem. Em Fortaleza, o percentual é um pouco maior (8,8%). Segundo a Secretaria do Turismo do Ceará (Setur), o ecoturismo gerou uma receita de R$ 168.390,576 em 2019. Apesar de não haver dados do crescimento, a pasta vê potencial, principalmente devido à crise sanitária, e informa que a ideia é incentivar mais este segmento de contemplação da natureza e de esportes radicais, pois há menor necessidade de contato físico ou de proximidade com outras pessoas.
Para isso, haverá capacitação de guias, promoção dos destinos que possuem atrativos naturais e incentivos fiscais para escolas de iniciação. A variedade ao viajante listada pelo Estado inclui opções de montanhismo, voo livre, escalada, rapel, trilha etc.
"Na Serra da Ibiapaba, o ecoturismo tem sido fortemente introduzido, com (o fato) de ter o bondinho, a Gruta de Ubajara, muitas trilhas, parapente", enumera Arialdo Pinho, secretário de Turismo do Estado. Os planos são ainda retomar a instalação de uma rota de ecoturismo no Cariri. "Tivemos que parar por conta da pandemia."
Na avaliação do secretário do Turismo de Fortaleza, Alexandre Pereira, com a mudança na atividade turística na pandemia, as cidades precisam estar preparadas para o “novo turismo'', em que as pessoas estão mais preocupadas com questões como a sustentabilidade, por exemplo, além das condições sanitárias.
Ele acredita que a retomada do turismo no segundo semestre de 2021 será o momento propício para o turismo doméstico e, portanto, uma grande oportunidade de investimento também no ecoturismo. Um dos investimentos da Prefeitura de Fortaleza, por exemplo, foi a Rota do Sol Nordeste. A primeira fase do projeto, lançada em junho, integra o turismo entre Fortaleza e Natal, incluindo as praias de Canoa Quebrada (CE) e Pipa (RN). O lançamento da integração entre Fortaleza e São Luiz está previsto para este mês.
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Mas os projetos na Capital vão além. Há planos para o fortalecimento do turismo náutico na Cidade que vem agregar à demanda do ecoturismo em Fortaleza. “Estamos com um projeto para mapear a orla e poder oferecer ao turista diversas experiências náuticas que vão desde passeio de escuna na Beira Mar aos passeios no rio Cocó e na Barra do Ceará. A ideia é que se o turista passar sete dias na Cidade, em cada dia ele terá uma atividade diferente”, explica Alexandre.
Já em direção ao Sul do Estado, a cidade que também vem com destaque no ecoturismo é Juazeiro do Norte. Lidera neste segmento o geossítio Colina do Horto, que detém a estátua do Padre Cícero, o Museu Vivo do Padre Cícero, a Igreja do Senhor Bom Jesus do Horto e a trilha de acesso ao Santo Sepulcro, um dos destinos mais visitados da região. Somente em 2020, a cidade recebeu 1,5 milhão de visitantes, como apontam dados da Secretaria do Turismo do Município.
E não faltam no Ceará destinos que chamam atenção para a diversidade de paisagens e possibilidade de atividades, como: Maciço do Baturité, sertão do Quixadá, Chapada do Araripe, na região do Cariri e a Serra da Ibiapaba, além dos litorais Leste e Oeste.
No entanto, apesar de projetos estarem em andamento, olhando também para o ecoturismo, vale frisar que, dentre outros setores, o turismo no geral foi afetado diretamente com a pandemia de Covid-19. Muitos brasileiros pararam de planejar viagens e o setor aéreo, por exemplo, foi um dos mais impactados. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), devido à crise sanitária, o agregado de atividades turísticas, no acumulado de janeiro a julho de 2020, mostrou retração de 37,9% frente a igual período do ano passado. O Ceará foi um dos estados que apresentou maior queda (-43,5%).
Mas, de acordo com estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), considera-se que, durante o período de retomada dos negócios, o turismo doméstico será o primeiro fator motivador do retorno das atividades turísticas, levando, aproximadamente, 12 meses para retornar à atividade plena.
Enquanto isso, o internacional precisará de mais tempo, cerca de 24 meses, para atingir a recuperação econômica do setor, de forma a recuperar o nível de produção anterior à perda causada pelo cenário atual.
O nascimento do ecoturismo no Brasil
Na década de 1970 ampliou-se o debate mundial acerca das preocupações com o desenvolvimento econômico, a degradação do ambiente e questões sociais na atividade turística. O conceito de ecoturismo, no entanto, só foi introduzido no Brasil em 1985, quando a Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur) deu início ao "Projeto Turismo Ecológico".
Desse projeto surgiu, dois anos depois, a primeira iniciativa direcionada a ordenar o segmento, a Comissão Técnica Nacional, constituída conjuntamente com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Na mesma década surgiram ainda os primeiros cursos para guias de turismo especializados.
Com a Conferência Nacional das Nações Unidas para o Meio Ambiente realizada em 1992, no Rio de Janeiro, conhecida como Rio 92, esse tipo de turismo ganhou visibilidade e impulsionou o mercado com tendência de crescimento. A partir do evento surgiu a Agenda 21, documento assinado por 179 países com o objetivo de criar soluções para os problemas socioambientais do mundo.
Com a publicação das Diretrizes para uma Política Nacional do Ecoturismo pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCTI) e pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), em parceria com a Embratur e o Ibama, em 1994, o turismo ecológico passou a ser denominado como ecoturismo e o desenvolvimento da atividade passou a ser planejado.
Opções de ecoturismo no Ceará
Guaramiranga
Parque das Trilhas
Trilha nível iniciante - 3 Km
Pico Alto
Trilha nível médio - 13 Km
Itapipoca
Pico de Assunção
Trilha nível médio - 3,3 Km
Pacatuba
Açude Boaçu
Trilha nível médio - 6 e 11 Km
Guaiúba
Poço das Cobras e Cachoeira do Paraíso
Trilhas de nível médio - 6 Km e 12 Km
Itapajé
Trilha de nível iniciante - 1,5 Km
Trilha de nível difícil - 16 Km
Tianguá
Parque Nacional de Ubajara e cachoeira do Frade
Trilhas de nível médio - 3 e 7 Km
Mais informaçõeso: @trilheirosceara @diegolopesecotrilhas
Guaramiranga
Camping Alto da Serra (R$ 30 a R$ 35 por pessoa/diária)
Aluguel de barracas por R$ 30 a diária. Estrutura com tomadas elétricas, banheiros com água quente, cozinha coletiva, estacionamento privativo e Wi-fi. O estabelecimento dispõe ainda de chalés e apartamentos para hospedagem. WhatsApp: (85) 98547 6162
Tianguá
Sítio do Bosco Park
Camping (R$ 60 individual R$ 100 casal/diária com acesso aos banheiros coletivos próximos às áreas de camping). Outra opção de hospedagem são os chalés que podem acomodar até 5 pessoas.
O Park oferece ainda as atividades: tirolesa (R$ 10 por pessoa), rapel (R$ 40 por pessoa) e voo livre (R$ 250 por pessoa incluso carro de apoio e filmagem). Além de piscina (R$ 10 por pessoa) e café da manhã de 7h30 a 9h30 (R$ 20 por pessoa).
WhatsApp: (88) 9444 8967
Baturité
Camping Lua Azul (R$ 40 por pessoa/ diária)
Cozinha coletiva, banheiro, piscina, estacionamento, restaurante, Wi-Fi, acesso à cachoeira.
Além das áreas de camping oferece hospedagem em chalés, cabanas e albergue.
Instagram: @camping_luaazul
Aracati
Eco Aldeia Flecha da Mata Camping (R$25 por pessoa ou R$ 40 para casal a diária)
O local também oferece opções de hospedagem em quarto privativo, quarto compartilhado e redário. Os banheiros são comunitários.
Taíba
Camping da Casa do Ponto de Apoio ao Surf (PAS) (R$ 30 por pessoa/diária)
Área de camping à beira mar, dispõe de cozinha e banheiros compartilhados e Wi-Fi. Oferece o serviço de aluguel de barraca de camping (R$ 20 a diária de barraca para casal, R$ 40 a diária de barraca para 4 pessoas).