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Ceará tem adesão de 7,7 mil novos investidores na B3 em 6 meses
Reportagem

Ceará tem adesão de 7,7 mil novos investidores na B3 em 6 meses

Estado teve mais adesão de investidores pessoa física na B3 no semestre do que em todo o período entre o fim de 2016 e o de 2018, quando 3.997 entradas foram registradas
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Especialistas defendem que foco no mercado de ações deve ser no longo prazo (Foto: Barbara Moira)
Foto: Barbara Moira Especialistas defendem que foco no mercado de ações deve ser no longo prazo

O Ceará possui mais de 74,8 mil investidores pessoa física na Bolsa de Valores de São Paulo (B3). Em seis meses, o Estado teve mais adesão de novatos na B3, com 7.796 novos interessados entre janeiro e junho, do que em todo o período entre o fim de 2016 e o de 2018, quando tivemos 3.997 entradas. Fatores como a queda da taxa de juros ao menor patamar da história da Selic e maior facilidade de acesso foram facilitadores para que o brasileiro fosse deixando o conforto da poupança e se aventurasse na corrida da renda variável.

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Informações sobre investimento nunca estiveram tão expostas. Isso inclui a difusão de informações nos meios de comunicação tradicionais, como também nos novos meios, incluindo redes sociais. De acordo com uma pesquisa da B3, que montou o perfil básico dos novos investidores, 56% têm renda média de até R$ 5 mil por mês, 60% não têm filhos, têm 32 anos de idade em média e trabalham em tempo integral (62%).

Canais de Youtube e influenciadores e as plataformas online são as principais fontes de informação desse novo investidor. Esse perfil se encaixa com a vivência do arquiteto Rafael Sabóia, 30, que começou a investir no fim de 2019. Ele conta que iniciou pesquisando e sua principal fonte foi realmente o Youtube. Aprender sobre educação financeira e ter pensar numa tática para garantir uma renda segura no futuro o motivou.

"Acho que o investimento é indicado para todos, desde que faça uma análise do seu perfil. Comecei do zero, criando uma reserva de emergência, para caso precisasse de dinheiro não mexer no dinheiro do investimento. Hoje minha carteira é 90% renda variável", conta.

Rafael Saboia é arquiteto e começou a investir na Bolsa de valores há pouco mais de um ano e meio. Suas opções de investimentos são voltadas ao longo prazo.
Rafael Saboia é arquiteto e começou a investir na Bolsa de valores há pouco mais de um ano e meio. Suas opções de investimentos são voltadas ao longo prazo. (Foto: Thais Mesquita)

Rafael destaca que enquanto montava a reserva de emergência, guardava até 60% dos seus rendimentos mensais. A lógica era poupar para investir e depois gastar. Perguntado se não tem algum receio de receber dicas erradas dos influenciadores digitais, diz que analisa se a estratégia do vídeo se adequa com a dele e faz uma análise própria com base na carteira. "Se for seguir todo mundo, não dá certo. É preciso ter um olhar crítico".

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Bruno Cals, diretor do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Ceará (Ibef-CE), destaca que a queda da taxa Selic, principalmente nos últimos dois anos, fez com que o brasileiro, mais acomodado em ganhar muito na renda fixa sob um patamar de juros de dois dígitos, ter de correr atrás de outras opções mais rentáveis. Isso porque, além da queda da Selic, passamos a ter uma inflação superior aos juros, o que deixou o ambiente com juro real negativo. Então, quem deixar o dinheiro parado na poupança, na verdade está perdendo dinheiro.

Ele ainda destaca que o movimento de alta da Selic não preocupa do ponto de vista contrário. A renda fixa ainda não se tornou vantajosa por causa da alta inflação, mantendo o cenário de juro negativo. "Agora a taxa de juros voltou a crescer e deve crescer mais ao longo do ano. Mas devemos lembrar que a rentabilidade da renda fixa não é tão alta quanto foi anos atrás."

"O importante é considerar que o investidor tenha um portfólio de investimentos equilibrado conforme o seu perfil. Nem é tão bom ter aplicações somente em renda fixa, nem em renda variável. O equilíbrio é muito importante", continua.

Chico Flavio é estudante de Administração e já tem conhecimentos mais avançados em investimentos renda variável. Especialista em day trade, faz parte da JFA Investimentos.
Chico Flavio é estudante de Administração e já tem conhecimentos mais avançados em investimentos renda variável. Especialista em day trade, faz parte da JFA Investimentos. (Foto: Barbara Moira)

Quem já tem essa vivência e reconhece os movimentos de mercado, consegue boas remunerações. Chico Flávio, 35, que há cinco anos iniciou na renda variável com investimentos modestos, tomou gosto, passou a gerir a carteira de familiares e, após se profissionalizar há dois anos e meio, hoje é especialista em day trade e montou em sociedade a JFA Investimentos.

Ele conta que o fato de já ter perdido mais de R$ 20 mil quando ainda era inexperiente, deixa o alerta de que esse é investimento de alto risco e indicado a especialistas. "Hoje cobro que as pessoas entrem no Daytrade da forma mais responsável. Esse não é um mercado para todo mundo, mais de 90% das pessoas despreparadas que entram nesse mercado acabam perdendo dinheiro", reitera.

O investidor precisa estar atento às promessas mirabolantes. O termo "renda variável" já diz tudo, portanto, vale destacar que não há forma que garanta 100% de certeza em retornos no curto prazo. Sabe aquele anúncio na internet que diz: "Aprenda a fazer X reais por dia fazendo trade"? Desconfie.

Chico Flávio, mesmo sendo especialista em day trade e pertencente a uma corretora que rentabilizou sua carteira em 100% neste ano, já dá a dica: "A ideia principal é de que o cliente não coloque tudo na mesma cesta. Tenha uma estratégia bem planejada. Pois ele pode ganhar ou perder muito em pouco tempo".

EDUCAÇÃO

É essencial que os investidores estejam atentos à qualidade dos dados, credibilidade, reputação e histórico de suas fontes.

Existem instituições financeiras, como bancos e corretoras autorizadas a operar pelo Banco Central e pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Esses reguladores e a B3 oferecem conteúdos educativos e de orientação para os novos investidores. A B3, por exemplo, possui o Hub de Educação (edu.b3.com.br).

 

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