Atualizada às 10h43min
Autorizadas por Camilo Santana (PT) no fim de junho, as aulas presenciais no ensino superior serão uma possível realidade a partir de agosto no Ceará para algumas instituições. Com o retorno, devem obrigatoriamente oferecer a modalidade do ensino remoto para os estudantes. Entretanto, mesmo com cenário de avanço da vacinação e prioridade de trabalhadores da área na imunização, vacinas não chegaram à maioria dos estudantes e adiam possibilidade de retorno presencial em algumas instituições no Estado. Na rede privada, as aulas presenciais retornam no semestre que se inicia em agosto. Na rede pública, a maioria segue com aulas exclusivamente de forma remota até o fim do ano. Já a Universidade Federal do Ceará (UFC) projeta retorno em setembro.
Na rede federal de educação, estão inclusas a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), a Universidade Federal do Ceará, a Universidade Federal do Cariri (UFCA) e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE). Juntas, as quatro instituições totalizam 104.800 pessoas entre estudantes, docentes e técnicos, conforme informado em 2020 pelo MEC.
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Dentre elas, o IFCE tem a maior quantidade de integrantes da comunidade acadêmica: 47.808 circulantes em 35 campi, desses 44.130 são estudantes. A sequência é ocupada pela UFC, com 46.106 pessoas, sendo 40.375 estudantes distribuídos em cinco campi. A Unilab tem 6.479 pessoas cadastradas na instituição com 5.758 estudantes na rede entre três campi cearenses. Já a UFCA tem 4.407 pessoas cadastradas, com 3.763 estudantes.
O ensino exclusivamente remoto — com exceção das atividades presenciais em laboratórios — segue até o fim do ano em três das quatro instituições federais de ensino superior elencadas na rede do Ministério da Educação (MEC) até o fim de 2021. A exceção fica com a UFC, que estima o retorno das suas atividades presenciais no 2º semestre letivo, em setembro. Ao O POVO, a instituição confirmou a elaboração de um planejamento interno de como se dará o retorno às aulas presenciais daqui a dois meses. Entretanto, informou que não se manifestará, por ora, sobre o assunto.
Em 2020, a instituição chegou a confirmar que não existiam planejamentos presenciais. À época, a UFC realizou pesquisas com alunos, docentes e técnicos para entender os meios de acesso à internet e o semestre 2020.1 foi concluído de forma remota. A Universidade publicou, em junho, um edital para Inclusão Digital Emergencial da Proposta Pedagógica de Emergência (PPE), com o intuito de diminuir a exclusão de estudantes que não têm acesso a internet para as aulas. Os chips foram entregues em julho.
O reitor Cândido Albuquerque reforçou a previsão de retorno para o dia 27 de setembro mediante ampla imunização por meio da vacina contra a Covid-19. Em entrevista à rádio O POVO CBN em junho, Cândido garantiu estar atento às medidas de retorno. "Se daqui pra lá nós não conquistarmos uma imunização que dê segurança à comunidade, ninguém volta. Agora, o que a gente tem que verificar é o prejuízo que isso representa; por isso, estamos atentos e adotando todas as medidas para que seja possível o retorno", afirmou.
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O sistema online da UFC, o SIGAA, segue com pesquisas entre estudantes e alunos para "melhor planejar o retorno presencial a partir do semestre 2021.2" com o intuito de organizar "opiniões e expectativas". Entre as perguntas, estão se o estudante ou docente teve Covid-19; se já foi imunizado com alguma dose das vacinas disponíveis; e se há a sensação de segurança em um possível retorno no próximo dia 27 de setembro - data estimada para início do calendário acadêmico do semestre 2021.2.
Enquanto isso, equipamentos culturais da instituição retomaram as atividades no início de julho: Museu de Arte da UFC (MAUC), a Casa Amarela (CAEO), Casa José de Alencar (CJA) e o Teatro Universitário Paschoal Carlos Magno (TUPA) também já vem realizando o retorno gradual de visitas e atendimentos presenciais mediante agendamento.
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No caso da Universidade Estadual do Ceará (Uece), o semestre 2021.1 — com previsão de início no próximo dia 20 de setembro — será primordialmente remoto, com atividades práticas para a área da saúde e outros cursos que necessitam de aporte na universidade. O reitor da instituição, Hidelbrando Soares, ressalta a cautela com os índices de vacinação do corpo estudantil e garante o preparo para um retorno em 2022.
"Quando você olha o índice de imunização na universidade, até agora os vacinados com a primeira dose são professores e servidores — ainda não entrou na comunidade acadêmica", lamenta. "É um índice muito baixo para que possamos voltar ao fluxo normal da instituição, com mais de 27 mil alunos".
Segundo ele, um dos pontos avaliados e que impediu o retorno das atividades presenciais além das práticas laboratoriais foi o fluxo de transporte público entre alunos da Uece. Hidelbrando exemplifica o deslocamento de alunos da Faculdade de Educação Ciências e Letras do Sertão Central (Feclesc), em Quixadá, que atende mais de 30 municípios. "Seria uma irresponsabilidade a universidade retomar as atividades presenciais na situação da pandemia de hoje, com muitos de nossos campi sem estrutura mínima de segurança para os alunos se deslocarem de seus municípios", comenta.
Um total de 19 obras de melhorias nas sedes da instituição estão previstas para serem reiniciadas em agosto. As aulas presenciais devem ser retomadas quando as intervenções forem finalizadas e não há garantia de que estarão completas no próximo semestre. Dentre as reformas previstas, estão a expansão das salas de aula e reformas em banheiros no campus Itaperi e o aguardo de licitação estadual para continuação de obras no campus da Faculdade de Educação de Itapipoca (Facedi).
O decreto cita que as aulas poderão ser retomadas presencialmente, com a opção do ensino remoto para os estudantes. Mas para a Uece, Hidelbrando considera a medida "impraticável". "Ou você oferece remoto ou presencial. O híbrido, para nossa oferta, é inviável pois teríamos de duplicar a aula remota ou presencial", explica. "Teríamos de duplicar a disciplina e o trabalho do professor. Essa impossibilidade não nos permite uma estratégia."
Em agosto, entretanto, prevê-se o retorno mais significativo das atividades administrativas. A ideia é adequar o expediente e evitar os picos de fluxo em transporte público, geralmente às 7 e às 17 horas em Fortaleza.
Já no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), o semestre será iniciado remotamente e a ideia é que continue até o fim do ano. Os indicadores da vacinação e do contágio do coronavírus são peça-chave para o retorno, diz a pró-reitora de ensino Cristiane Borges. "Imaginamos que a comissão definirá que aconteça integralmente de forma presencial no próximo ano. Até lá, vamos começar na segunda fase quando for permitido. Não é só a aula: temos a questão dos leitos, das vacinas e dos insumos disponíveis", aponta.
A fase citada pela professora é referente as análises de Conselho da instituição: a fase 1 permite aulas no formato remoto e pesquisas em laboratórios, quando necessário; a fase 2 expande as atividades, como os acessos as monitorias de ensino; e fases 3 e 4, as mais abrangentes, avaliam o retorno com turmas de forma presencial e outras atividades acadêmicas. "É um processo, tal qual como quando entramos no ensino remoto. Começar primeiro com os alunos concludentes para depois começar. A expectativa é de que, próximo ano, as atividades presenciais comecem de uma forma bem implementada e segura".
Cristine destaca que parte dos servidores das instituições no interior ainda não receberam vacina, pois estão aguardando chegar a faixa etária. A instituição mantém um vacinômetro que acompanha os imunizados entre docentes, discentes e servidores técnicos. "80% dos nossos alunos estão na faixa etária que já foi cadastrada, mas não têm previsão de receber a vacina", conta. Fortaleza está na faixa etária dos 28 anos.
Com campi no interior, Cristiane cita o mesmo problema que Hidelbrando: o do deslocamento de alunos em transportes públicos intermunicipais. Enquanto isso, reformas seguem na instituição de Fortaleza. "Estamos mapeando as salas, planejando o distanciamento e estamos tentando entender como pode acontecer o retorno com as proteções necessárias", conta. "Até a questão de não usar maquiagem e outros acessórios em sala de aula está sendo discutido, além do distanciamento e álcool em gel".
A Universidade Federal do Cariri (UFCA) seguirá até 6 de dezembro em formato remoto. Na instituição, o curso de Medicina tem aulas práticas no formato presencial. "Outrossim, o retorno das aulas presenciais para todos os cursos da UFCA dependerá do avanço da cobertura da vacina contra a Covid-19", ressalta em nota. A instituição já providenciou insumos e outras medidas, como sinalizações com orientações do distanciamento e atendem as decisões do Comitê Interno de Enfrentamento ao Covid-19 da UFCA.
A universidade segue no calendário acadêmico de 2020 pois paralisou suas atividades em março no ano passado. A instituição pretende realizar três semestres neste ano, esquema parecido com o discutido anteriormente na UFC.
A Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) cumpre calendário acadêmico 2020.2 de forma remota até o dia 14 de setembro. Entretanto, a instituição não decidiu ainda quanto a um possível retorno das aulas presenciais para o semestre 2021.1, a ser iniciado em outubro. Em suas sedes cearenses, a universidade movimenta alunos dos municípios de Redenção e Acarape.
A Universidade Regional do Cariri (Urca) finaliza seu calendário acadêmico em 2021 de forma totalmente remota. Segundo a instituição, permanece vigente a decisão do CEPE em reunião realizada no último dia 11 de junho, que deliberou pela oferta dos atuais semestres no formato remoto.
Já a Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) seguirá o semestre letivo 2020.2 de forma remota até o dia 7 de agosto. O retorno presencial para 2021.1 será discutido pelo Comitê de Enfrentamento à Pandemia no Âmbito da UVA e pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE). Para considerar o possível retorno, a instituição pretende analisar as realidades epidemiológicas de cerca de 53 municípios da região Norte do Ceará, incluso Sobral. A resolução será comunicada posteriormente, junto ao Calendário Acadêmico para o semestre 2021.1.
Em projeção do O POVO, a população com mais de 18 anos seria totalmente imunizada com pelo menos uma dose da vacina somente na segunda semana de outubro deste ano. Num cenário mais otimista, a Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa) projeta vacinar 100% da população acima de 18 anos até o fim de agosto, mas essa estimativa considera apenas as pessoas cadastradas na plataforma Saúde Digital.
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Info (com Luciana)
A partir da próxima semana, instituições particulares de ensino superior começam a voltar às aulas presenciais, obedecendo protocolos de ensino do Governo do Ceará. Elas também continuarão a ofertar a modalidade de ensino remoto.
Confira o posicionamento de algumas instituições na Capital:
O calendário da instituição está previsto para iniciar em agosto e as atividades presenciais serão retomadas de forma gradativa. Além de disponibilizar circulares com orientações sanitárias, as salas de aulas terão um maior espaçamento entre as carteiras, os totens com dispensadores de álcool em gel 70% estão espalhados pelos ambientes das Unidades. A comunidade acadêmica está sendo informada sobre todo o processo de retorno.
A UniFanor segue com as modalidades EaD e com o semipresencial - neste último, a maior parte dos conteúdos é ofertada dentro de uma plataforma digital, com a possibilidade do aluno cursar, também, disciplinas presenciais. A experiência no campus pode acontecer até duas vezes por semana.
As atividades acadêmicas do semestre 2021.1 já foram encerradas e os alunos estão em período de férias. O semestre letivo 2021.2 iniciará no dia 2 de agosto, "atendendo às regras do decreto estadual acerca da presencialidade e às normas de biossegurança".
Para os alunos, serão ofertadas disciplinas e módulos tanto remotos quanto presenciais, sendo considerado o protocolo institucional de biossegurança e a opção do aluno quanto à escolha da modalidade no ato da matrícula. A prática de atividades presenciais estão autorizadas para acontecerem na instituição.
Segundo Estevão Rocha, Pró-reitor de Administração da instituição, a instituição seguirá com atividades remotas para os alunos que optarem por tal modalidade. Entretanto, todas as atividades práticas na instituição estão autorizadas para acontecerem de forma presencial e serão retomadas em um próximo semestre, tendo em vista que o letivo 2021.1 já foi encerrado.
O semestre 2021.1 foi finalizado no início de junho de forma totalmente remota. Entretanto, o semestre 2021.1 será retomado em agosto de forma híbrida, com 50% da capacidade máxima de cada turma. Até o fim de 2021, a instituição seguirá também com atividades remotas além das práticas.
O calendário acadêmico do segundo semestre de 2021 terá início em agosto e que a instituição "está preparada para as aulas em qualquer modalidade". Segundo o professor Josué Viana, reitor do Centro Universitário Estácio do Ceará, a instituição fez reformas em prol da segurança dos alunos e professores - como o redesenho de salas de aula sinalizações com orientações sanitárias.
"Diferentemente da modalidade EaD, o modelo adotado contemplou aulas ao vivo pela internet, ministradas pelos mesmos professores, nos horários habituais e com o mesmo conteúdo, com interação, chat e discussões", destacou Josué.
O semestre 2021.1 foi encerrado no último dia 30 de junho e o 2021.2 será iniciado em agosto. Para o segundo semestre, os alunos terão a escolha de continuar na modalidade exclusivamente remota ou voltar às aulas presenciais no formato híbrido. Atividades presenciais já estão sendo realizadas para todos os cursos da instituição, em especial os cursos de Direito, Engenharias, Psicologia, Arquitetura, Design de Moda e Design de Interiores.
O semestre 2021.2 será iniciado no próximo dia 2 de agosto já com aulas presenciais. Segundo a assessoria da instituição, o aluno continuará com o direito de assistir aulas digitalmente e todos os cursos oferecidos pela faculdade estão autorizados às atividades presenciais.
UFC
Números de alunos na instituição (em 2020): 40.375 estudantes em cinco campi
Retorno presencial previsto: 27 de setembro
UVA
Números de alunos na instituição: 6200
Retorno presencial previsto: será discutido; ensino remoto segue até final do ano
UFCA
Números de alunos na instituição (em 2020): 3.763 estudantes em quatro campi
Retorno presencial previsto: será discutido; ensino remoto segue até final do ano
Unilab
Números de alunos na instituição (em 2020): 5.758 estudantes em quatro campi - três deles no Ceará e um na Bahia
Retorno presencial previsto: será discutido; ensino remoto segue até final do ano
Uece
Números de alunos na instituição (em 2020): 27 mil alunos, segundo reitor
Retorno presencial previsto: apenas em 2022
IFCE
Números de alunos na instituição (em 2020): 44.130 em 35 campi
Retorno presencial previsto: apenas em 2022
Urca
Número de alunos da instituição: mais de 12 mil alunos, com graduação e pós-graduação
Retorno presencial previsto: será discutido; ensino remoto segue até final do ano