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Dinheiro na mão: tecnologias diminuem circulação,mas auxílios garantem grande volume nas ruas
Reportagem

Dinheiro na mão: tecnologias diminuem circulação,mas auxílios garantem grande volume nas ruas

A menor quantidade de notas nas ruas identificada pelo Banco Central em pesquisa diária é sentida por comerciantes e consumidores, que adaptaram a forma de fazer negócio para garantir mais agilidade e segurança
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REAJUSTE no mínimo tem início em maio (Foto: FERNANDA BARROS/Especial para o povo)
Foto: FERNANDA BARROS/Especial para o povo REAJUSTE no mínimo tem início em maio

Quando saiu de casa na última quinta-feira, 2 de dezembro, Leila Costa, ia com uma missão incomum para os dias de hoje: gastar algumas de centenas de reais que sobraram de uma viagem e voltar à segurança do cartão de crédito e do PIX. O valor? A auxiliar de enfermagem de 27 anos não revela, mas deu para gastar em lojas de roupa, artigos para casa e bijuterias também. Diz ela que, para onde viajou, era mais vantagem levar dinheiro em espécie.

"Mas eu acho melhor andar sem dinheiro vivo. Mais por questão de segurança, porque chama ladrão", resumiu ao O POVO enquanto contava as notas que lhes restavam na carteira para comprar alguns brincos e cordões numa banca na rua Guilherme Rocha, Centro de Fortaleza.

Guardada a privacidade da viagem de Leila, hoje, é incomum os pagamentos com dinheiro em espécie. A tecnologia tem ditado o comportamento dos consumidores e, Lêda Facundes, 38, dona da banca, atesta uma realidade na prática que o Banco Central (BC) contabiliza diariamente: menos notas e moedas estão em circulação no País.

Ela conta que a maioria das vendas é feita por cartão de crédito e PIX - a nova modalidade de transferência de dinheiro criada pelo BC e já popularizada no País. Realmente, de acordo com os dados da instituição, menos 861,85 milhões de notas deixaram de circular quando comparado o início de dezembro de 2020 com igual período de 2021, o que representou R$ 28,8 bilhões em dinheiro vivo a menos nas ruas.

"Às vezes, a gente sai daqui sem um dinheiro no bolso", conta Leda na companhia da sobrinha, Lara Facundes, 14, que a ajudava nas vendas quando O POVO passou por lá. As duas moram em Caucaia. Para elas, a falta de dinheiro vivo até incomoda um pouco, pois vão e voltam de casa em lotações, onde o bilhete único ainda não é unanimidade.

Mas, longe do radar das notas de Lêda, o Banco Central identificou um aumento das moedas em circulação neste mesmo período. Foram 809,30 milhões de moedas a mais em circulação em 2021, que significaram R$ 300 milhões.

No total, o BC contabilizou 7,54 bilhões de notas em circulação - montante de R$ 325,7 bilhões - e 25,55 bilhões de moedas - R$ 7,5 bilhões. Seja menor ou não do que 2020, há um grande volume de recursos em dinheiro vivo em circulação quando comparados a anos passados como 2019 (R$ 252 bilhões em notas e R$ 7 bilhões em moedas), 2018 (R$ 232,1 bilhões e R$ 6,7 bilhões) e 2017 (R$ 221,3 bilhões e R$ 6,4 bilhões).

A explicação para isso, na análise de Eliardo Vieira, vice-presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças no Ceará (Ibef-CE), está no desembolso pelo Governo Federal para o socorro da população mais afetada pela pandemia de Covid-19. O histórico demonstra que 2020 movimentou mais recursos justamente quando foi criado o Auxílio Emergencial.

Em 2021, os socorros permaneceram - inclusive os de governos estaduais, como o do Ceará -, mas o volume foi bem menor quando comparado ao início dos programas, o que também explica a redução do valor, mas a manutenção do montante.

"Estamos falando de uma população brasileira mais pobres e, se fizermos recorte cearense, pode ser uma população que vive de dinheiro vivo, pois ainda se paga em dinheiro vivo na base da pirâmide", avalia.

No entanto, ela classifica o momento atual como transitório justamente pela popularização dos meios eletrônicos de pagamento e o maior número de bancarizados no País. Afinal, a abertura de conta é o pré-requisito para se poder utilizar o PIX, seja ela feita em bancos convencionais ou nas chamadas carteiras digitais, como PicPay, AME e Mercado Pago.

"A gente está passando por uma fase de transição na qual tem muito dinheiro vivo circulando, mas que tem o PIX se tornando uma transação estável e segura. E, além das fintechs, abaixo delas, tem o mundo de serviços de recarga de cartão para salários, que são fintechs menores e pega essa público que não é bancarizado e se utiliza ferramentas de cartão para pagar salário e colabora nesse processo", descreve.

 

Você sabia?


- O Brasil já emitiu 82 tipos de moedas comemorativas
- Somadas, considerando o valor impresso e não o de mercado hoje, daria pouco mais de R$ 3,5 milhões
- Dentre as moedas comemorativas, a mais comum, é a de R$ 1 com a bandeira olímpica das Olímpíadas do Rio 2016. com 20,3 mil unidades. Hoje, pela internet, ela pode ser adquirida com preços entre R$ 81 e R$ 350
- Por outro lado, dentre as mais raras, com apenas 2 mil unidades cada, estão: a moeda de R$ 20 do Tetra; a de R$ 2 do Portinari; a de R$ 5 Família Real; e a de R$ 5 Ouro Preto. O POVO encontrou, na internet, um exemplar da moeda de R$ 5 da Família Real, lançada em 2008, à venda por R$ 5,5 mil.

Fonte: Banco Central

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