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Mercado da beleza se volta para o Nordeste e número de empresas chega a 55 mil no Ceará
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Mercado da beleza se volta para o Nordeste e número de empresas chega a 55 mil no Ceará

| MOVIMENTO DE MERCADO | Para se ter ideia, o Estado agora sedia uma das maiores feiras da beleza, que contou com 110 mil visitantes em três dias de evento
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Uma das fotos que ilustrou a reportagem sobre o mercado da beleza (Foto: Yuri Allen/Especial para O Povo)
Foto: Yuri Allen/Especial para O Povo Uma das fotos que ilustrou a reportagem sobre o mercado da beleza

Antes não era assim, mas agora os profissionais da beleza experientes relatam ver uma grande quantidade de caravanas vindo ao Ceará para um único evento do setor. Isso porque, décadas atrás, o que ocorria era um movimento contrário feito, inclusive, por muitos deles: a ida para o Sudeste, devido à falta de oportunidades em seu local de origem.

Hoje, o cenário mudou. De janeiro a setembro de 2023, foram abertas 5.444 empresas do segmento da beleza no Ceará. Número é semelhante a igual período do ano passado, no qual houve o registro de 5.817 novos empreendimentos. Ambos os dados são da Junta Comercial do Estado do Ceará (Jucec).

No total, ainda conforme a Jucec, existem, no Estado, 55.536 empresas ativas no segmento, que inclui comércios varejistas de cosméticos, produtos de perfumaria e de higiene; cabeleireiros, manicure e pedicure, além de atividades de estética e outros serviços de cuidados pessoais.

Beleza: Clique nas faixas e veja o número de empresas abertas no setor, por mês, no Ceará

Setor ao longo dos anos

E o peso da inversão do mercado da beleza fora do eixo Sul-Sudeste se voltou para cá, como se pode ver na 31ª edição da Feira Regional da Beleza, evento que antes era organizado fora do Nordeste. Realizada nos dias 15, 16 e 17 de outrubro, em Fortaleza, a ocasião reuniu 110 mil pessoas. Realização é da Associação dos Cabeleireiros do Estado do Ceará (Acec), cujo presidente é Gurgel do Amaral.

Tendo ingressado no ramo há 65 anos, o cabeleireiro foi um dos que emigrou do Ceará, onde nasceu, para construir uma carreira. Foi para o Rio de Janeiro e ingressou em um curso de estética em 1956. Ao se formar, retornou à Fortaleza, estabelecendo-se como maquiador profissional.

“Fui o primeiro maquiador do Ceará a ser reconhecido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac). Naquela época era muito rudimentar, era mais questão de ser artista. Aí cada vez mais foi necessária a técnica, por isso crescemos”, afirma.

Segundo Amaral, a evolução do setor foi gradual e ele presenciou isso diretamente. Nos anos 1970, por exemplo, houve a “explosão” das barbearias, que expandiram a participação masculina no segmento. Na mesma década, ocorreu a criação da Acec e do primeiro curso de maquiagem do Senac.

“É muito interessante. Quem diria que vários homens teriam uma empresa de cuidados com a pele ou de maquiagem? Hoje em dia tudo é possível”, diz.

Ceará e Brasil

Atualmente, a participação cearense é expressiva nos dois segmentos da beleza: serviços (que envolve profissionais como cabeleireiros e manicures) e comércio (voltada para produção de cosméticos, por exemplo). Estes consistem, respectivamente, em 4.701 e 1.373 das empresas de beleza abertas em 2023, no Estado.

O desenvolvimento do mercado no Ceará vem junto do Brasil. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC), o Brasil conta com o quarto maior mercado consumidor do mundo nesse segmento, gerando US$ 26,9 bilhões.

Segundo a economista Silvana Parente, para cada segmento há uma possível explicação do crescimento. Sobre o comércio, ela alega que empresas brasileiras têm apostado em tecnologias que substituiram e até superaram a produção importada, o que faz com que muitos consumidores prefiram adquirir do mercado nacional.

Sobre os serviços, Silvana Parente explica que o setor é formado especialmente por micro e pequenas empresas. “MPEs, por si só, cresceram no pós-pandemia. O setor de beleza é muito acessível aos pequenos empreendedores. Esses, por sua vez, empregam muita gente em seus negócios”.

No País, retomando o relatório da ABIHPEC sobre o segmento, houve uma retração no número de empregos e de oportunidades de trabalho geradas em 2021, o que, segundo o estudo, é um reflexo da pandemia.

Em 2022, o setor apresentou uma recuperação em ambos os casos. Sobre os empregos diretos, o ano passado foi fechado com um crescimento de 0,6% em relação a 2021, contabilizando 134,4 mil. Já a respeito das oportunidades o aumento foi de 4,8%, com 5.580 ofertas.

Para o futuro, segue a expectativa de crescimento. “Participação do setor é crescente na economia. Porque entram nós consumidores, inclusive os homens. É a valorização desse aspecto cultural do Ceará, muito potente na área de serviços”, explica Silvana Parente.

Em retrospecto, Gurgel do Amaral vê a evolução do setor da Beleza de uma forma muito natural. “Para mim, foi muito pela curiosidade. Tudo o que eu fazia era novidade, mas eu só queria ver como era. No começo era difícil, mas o Ceará se aperfeiçoou, fomos estudando. Se hoje enchemos o Centro de Eventos para a 31ª edição de uma Feira, é muito por conta disso”, relata.

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