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Geração Z chegou para mudar o mercado de trabalho
Reportagem

Geração Z chegou para mudar o mercado de trabalho

Os nascidos entre 1996 e 2010 inundam mais o mercado de trabalho e trazem hábitos que chocam com os considerados padrões atuais de comportamento
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A geração Z causa impacto no mercado de trabalho. (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS A geração Z causa impacto no mercado de trabalho.

A geração Z, grupo nascido entre 1996 e 2010, vem ganhando destaque pelo perfil assumido dentro do ambiente de trabalho.

Segundo o relatório "Tendências de Gestão de Pessoas 2024", realizado pelo Great Place To Work, do Ecossistema Great People, a geração Z foi considerada por 68,1% dos entrevistados como a geração que produz maior desafio no trabalho.

O levantamento foi realizado entre dezembro de 2023 e janeiro de 2024 com 1.864 respondentes de todo o Brasil e de organizações dos mais variados setores, sendo Tecnologia, Indústria e Serviços os principais.

O estudo aponta que o dado mostra como as necessidades de mudanças propostas pela juventude têm ocasionado uma dificuldade na adaptação de gestores.

"A GenZ tem sido responsabilizada pelas outras gerações pela falta de comprometimento e impaciência na carreira”, destaca o documento.

Entretanto, o “estranhamento de gerações” não é uma novidade. A chegada da geração Y, nascidos entre 1981 e 1995, também causou agitação no mercado de trabalho, relembra Daniela Diniz, diretora de conteúdo e relações institucionais do Ecossistema Great People.

“Resgatando um pouco até do que a gente viveu há 15 anos com a entrada da Y no mercado de trabalho. É quase um déjà vu. Então a gente repete alguns conflitos, dilemas, algumas das reclamações e o usamos, às vezes, até os mesmos adjetivos que a gente usava para uma geração inteira, que era a Y, e a agora a gente rotula a Z".

A diretora afirma que é necessário derrubar os estereótipos das gerações e também analisar quem a compõe.

"Desde que o mundo é mundo, a gente tem entrada de gerações que nasceram em diferentes contextos de mundo e sociedade, que vão chacoalhar o coreto, o que é natural, é bom e é saudável", disse.

“Será que a gente não tá atribuindo rótulos e características a alguns jovens profissionais e que tem algumas características justamente por serem jovens e não por ser geração Z? Fica aí uma reflexão”, continua a diretora de relações internacionais.

Acerca da integração entre as gerações, o relatório indica que a possível solução pode ser o desenvolvimento das habilidades socioemocionais nas lideranças, além da compreensão da juventude, com um objetivo de proporcionar um ambiente de trabalho mais harmônico que contemple as mais variadas gerações.

O comportamento da geração Z também ganhou destaque no estudo feito pela PricewaterhouseCoopers Brasil (PwC) em 2023.

De acordo com a "Pesquisa Global Hopes and Fears", 47% dos profissionais da geração Z do Brasil dizem que suas empresas não sobreviverão a mais uma década sem mudanças. Na média global, o percentual do grupo chega a 49%.

O estudo foi realizado em 46 países e territórios com quase 54 mil entrevistados. O cenário analisa uma força de trabalho que, no mundo e no Brasil, é guiada pelas habilidades digitais, pela adoção da inteligência artificial no dia a dia e o enfrentamento de novos desafios na carreira.

Outro ponto discutido foi em relação a inquietude da geração nascida entre 1996 e 2010 para a mudança de emprego. Na média global, 35% da geração Z planeja mudar de emprego nos próximos 12 anos.

A inquietação é vista como uma forma natural em vista do desejo de uma maior prosperidade, acredita Cláudio Bezerra Leopoldino, professor do Departamento de Administração da Universidade Federal do Ceará (UFC).

"A questão da autogestão de carreira faz com que os profissionais queiram buscar novos espaços, mas ao mesmo tempo muitas empresas não oferecem oportunidade de crescimento. Também é preciso lembrar que a necessidade da qualificação, de buscar novas alternativas e adquirir novas competências".

A pesquisa também ressalta o crescimento da dificuldade financeira. Segundo os dados, 30% dos brasileiros da geração Z têm um emprego extra para arcar com as contas.

Para o professor, uma eventual mudança de cenário pode acontecer por meio do diálogo com as empresas e também com a implantação de políticas públicas, como criação de poupança interna e patrimônio, que facilitem a vida financeira.

GEN Z: Desafios e oportunidades da geração z no mercado de trabalho | Pause por Clóvis Holanda

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