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Uma farmácia em cada esquina
Reportagem

Uma farmácia em cada esquina

| EXPANSÃO ACELERADA | O ritmo de abertura de lojas no Ceará nos últimos 10 anos mostra o crescimento do mercado. Em 2023, foram 445 novas unidades, quando em 2013 foram 88
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Os dados fazem parte do banco de informações da Cognatis e apresentados no estudo "A Geografia do varejo farmacêutico no Brasil" realizado pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC). 
 (Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE Os dados fazem parte do banco de informações da Cognatis e apresentados no estudo "A Geografia do varejo farmacêutico no Brasil" realizado pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC).

A sensação de uma farmácia em “cada esquina” no Ceará tem relação direta com o crescimento do segmento nos últimos 10 anos. Para se ter ideia, no ano passado, 445 lojas foram abertas no Estado, um aumento de 357 farmácias em comparação com 2013, que registrou 88.

Os dados são do estudo "A Geografia do Varejo farmacêutico no Brasil", realizado pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC) em parceria com a Cognatis, consultoria especializada em inteligência de mercado, apresentado em abril de 2024.

O levantamento reúne mais de 3 mil variáveis e tem como objetivo fundamental apresentar o consumo farmacêutico no Brasil, segundo suas regiões geográficas e classes socioeconômicas.

Em relação ao comportamento de muitas lojas do ramo, o fator pode ser explicado pela alta concentração de estabelecimentos em locais de grande movimentação, analisa Sergio Mena Barreto, presidente da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma).

“O empresário não quer abrir uma loja numa rua secundária, ele não quer abrir uma loja no local distante que ele não vai ter uma certeza dos resultados do investimento que ele fez, algo alto com um retorno baixo”, afirma.

Panorama das farmácias no Ceará

Com 74 unidades abertas até março deste ano, contabilizando 4.230 estabelecimentos farmacêuticos em funcionamento no Ceará, 16,1% fazem parte do segmento de rede e 83,9% do estão no ramo independente.

Para Sergio Mena, a projeção é uma redução nas farmácias de menor porte, o que vem acontecendo nos últimos 30 anos, impulsionado pelo "sistema de rede bem estruturado no Brasil".

O presidente da Abrafarma exemplifica que das mais de 90 mil redes farmacêuticas no Brasil, a Abrafarma possui 10,4 mil, com 57% do mercado de medicamentos e 48% no geral.

Outro fator relevante de mudanças é o problema na distribuição dos medicamentos, agravado pelo tamanho do território brasileiro, pelo sistema de transporte rodoviário e também pela dependência de insumos externos, pontua Mena.

Na conjuntura para a oferta de produtos, o executivo analisa que a tendência de crescimento segue para o caminho da higiene e da beleza nas redes da Abrafarma, que atualmente representa 30% do mercado.

Já nos serviços farmacêuticos, o impacto viria de um aumento de consciência dos usuários em relação aos seus respectivos tratamentos.

"Geralmente, metade das pessoas é diagnosticada e depois de seis meses abandona o tratamento. Então fazer esses serviços na farmácia como triagem, aplicar vacina, ter uma conversa com o paciente, tem um objetivo que é fazer o paciente aderir a essa medicação e também, obviamente, a farmácia ser porta de entrada do sistema de saúde, que é o que acontece em muitos países", afirma Mena.

Para 2024, o principal pleito do segmento é uma mudança na Resolução da Diretoria Colegiada 44 (RDC) de 2009, que dispõe sobre boas práticas farmacêuticas para o controle sanitário de funcionamento, da dispensação e da comercialização de produtos e da prestação de serviços farmacêuticos em farmácias, drogarias e outras providências.

Barreto classifica a regulamentação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) como "arcaica", já que serve como guia para "poucos serviços" que possam ser prestados pelas redes farmacêuticas.

Mas, dentro do levantamento, a Abrafarma ainda destaca que o mercado de suas associadas cresceu cerca de 12,1% em 2023, o mercado associativo 10,1%, as farmácias independentes 2,1% e as outras redes 0,6%, comparativamente a 2022.

“O ritmo de abertura de novas farmácias tomou forte impulso por volta de 2016, puxado fortemente pelo crescimento das redes, tendo atingido certa estabilização no período pós pandêmico e apontando para uma desaceleração ao longo de 2023”, destaca o estudo da SBVC.

Na projeção nacional, o País contabiliza 99.816 farmácias, sendo o Sudeste a região com maior número de estabelecimentos: 35.912. Em seguida, a alta é puxada pelo Nordeste, que possui 29.901 estabelecimentos farmacêuticos.

Já a região Sul conta com 15.186 lojas e o Centro-Oeste com 9.847. Em último lugar, o Norte soma 8.970 farmácias.

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CLASSE D/E

É no Nordeste que a classe socioeconômica mais baixa tem maior gasto médio com medicamentos, de R$ 106,42

SUDESTE

Já quando se trata da classe socioeconômica mais alta (A), a região com maior gasto médio é o Sudeste (R$ 778,67)

CLASSE A

No Nordeste, a classe socioeconômica mais alta tem um gasto médio de R$ 635,97 com medicamentos

 

Brasil

Das 90 mil farmácias no País, 55 mil são independentes, segundo a Abrafarma

 

Raio-x das farmácias

Top 10 maiores farmácias no Ceará em 2024

  • Farmácia Pague Menos - 209 lojas
  • Raia/Drogasil - 99 lojas
  • Extrafarma - 98 lojas
  • Farmácias FTB - 53 lojas
  • Farmácia Santa Branca - 14 lojas
  • Farmácia Gota Mais - 12 lojas
  • Farmácia Dose Certa - 11 lojas
  • Farmácia Tele Juca - 9 lojas
  • Farmácias Aldesul - 9 lojas
  • Farmácia do Povo - 7 lojas

 

Ritmo de abertura de novas farmácias no Ceará desde o ano 2000

  • 2000 - 35
  • 2001 - 47
  • 2002 - 44
  • 2003 - 45
  • 2004 - 48
  • 2005 - 62
  • 2006 - 45
  • 2007 - 62
  • 2008 - 60
  • 2009 - 80
  • 2010 - 53
  • 2011 - 97
  • 2012 - 87
  • 2013 - 88
  • 2014 - 104
  • 2015 - 112
  • 2016 - 150
  • 2017 - 178
  • 2018 - 189
  • 2019 - 220
  • 2020 - 303
  • 2021 - 438
  • 2022 - 412
  • 2023 - 445
  • 2024 - 74 (até março)

Fonte: banco de dados da Cognatis, consultoria especializada em inteligência de mercado.

 

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