Com mais de R$ 400 bilhões faturados e geração de 5,5 milhões de empregos diretos e indiretos em 2023, o setor atacadista e distribuidor almeja um novo desafio: a introdução da Inteligência Artificial (IA) em seus negócios. A ideia no segmento é unir o humano e o tecnológico, sem que a ferramenta afete as vagas de trabalho, mas acelere processos.
O assunto, inclusive, foi tema central da Convenção Anual do Canal Indireto da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad), realizada no Bourbon Atibaia Convention Resort, em Atibaia (SP).
Para o presidente da associação, Leonardo Miguel Severini, a inserção completa do setor no universo da Inteligência Artificial é necessária e urgente.
"A IA não é apenas uma tendência, ela veio para ficar e está criando um cenário totalmente novo e altamente disruptivo em todos os setores econômicos. [...] Há pouco tempo, a IA parecia pertencer a um futuro ainda distante, mas já está claro que o futuro é agora."
Já Walter Longo, especialista em inovação e transformação digital, afirma que houve uma evolução exponencial desta tecnologia, tornando o tema mais acessível. Porém, as pessoas ainda estão entendendo qual o seu potencial, o que faz com que seja utilizada de maneira frívola.
"A Inteligência Artificial não é apenas uma tecnologia, mas uma revolução que está mudando a maneira como vivemos e trabalhamos."
Entre algumas das inovações que a Inteligência Artificial pode trazer estão: avaliação de vendas e contribuição de lucro por divisão, identificação de oportunidades para maximizar os resultados ao otimizar os preços para os clientes e até mesmo a criação de uma estrutura de preços variáveis para análise de marketing.
"Podemos entender e reconhecer melhor os clientes e seus comportamentos, melhorar o planejamento de estoque das mercadorias, aplicar mais técnicas de marketing para gerar informações que melhorem a experiência do cliente e analisar dados não estruturados para prever a demanda. Há muitas coisas que podem ser feitas a partir de agora", explica.
Sobre o perigo de demissão em massa, que está atrelado ao advento da tecnologia, Walter Longo acredita que o processo será de adição e não de substituição.
"A ideia é que a combinação entre o ser humano e a tecnologia seja uma soma, não uma substituição do ser humano pela máquina. A tecnologia não vai tirar nossos empregos; alguém precisa criar e desenvolver essas inovações."
Por outro lado, Eduardo Terra, sócio-diretor da BTR Educação e Consultoria, ressalta que a IA está se tornando uma prioridade, contudo, isso não significa que já seja uma realidade. "Quando olhamos para nossos clientes no setor de varejo, vemos que ainda não é uma realidade. Cerca de 84% das empresas de varejo ainda não utilizam IA."
Além disso, destaca três motivos principais que dificultam a transformação da inteligência artificial de uma prioridade para uma realidade prática. O primeiro é que a qualidade dos dados dentro das empresas não é suficiente para fazer a inteligência artificial funcionar plenamente.
Outro ponto é que a arquitetura de tecnologia das empresas muitas vezes não está adequada para suportar soluções avançadas de inteligência artificial. Por fim, Eduardo Terra menciona as competências humanas.
"Culturalmente, precisamos nos preparar para adotar essas novas tecnologias. Os seres humanos têm seus bloqueios e receios naturais, especialmente quando se trata de novidades como inteligência artificial. É necessário desenvolver competências específicas para aproveitar ao máximo essas inovações."
A jornalista viajou a São Paulo a convite da Abad
Ranking dos maiores atacadistas/distribuidores do Ceará
1 - J.Sleiman & Cia. S.A
2 - Nazária Distribuidora de Produtos Farmacêutico
3 - J S B Comércio e Representações
4 - Jotujé Distribuidora
5 - Empório Cearense de Dist. e Imp
6 - Opção Distribuidora
de Alimentos e Bebidas
7 - Comercial Roma
8 - Larbos Distribuidora
de Alimentos
9 - FCA Distribuidora
de Alimentos
10 - FC Dist. de Prod. Domésticos de Higiene
e Limpeza
Fonte: Ranking ABAD NielsenIQ 2024 - Ano Base 2023
Alta
Conforme dados do Termômetro Abad NielsenIQ, em maio, o setor teve alta de 6,1% em relação ao mesmo mês de 2023. Em abril, também na comparação anual, o faturamento havia aumentado 10,7%