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Polícia Federal vê risco de fuga e Bolsonaro está preso
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Reportagem

Polícia Federal vê risco de fuga e Bolsonaro está preso

Ministro Alexandre de Moraes acolhe pedido e determina recolhimento do ex-presidente a sala na superintendência da PF em Brasília. Filhos acusam ministro de querer a morte do seu pai
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O ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, fala com a imprensa após deixar o prédio do Senado em Brasília, em 26 de março de 2025. O Supremo Tribunal Federal do Brasil ordenou, em 26 de março de 2025, que o ex-presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro seja julgado sob a acusação de conspiração para um golpe de Estado, após sua derrota nas eleições de 2022. (Foto: EVARISTO SA / AFP)

Former Brazil's President Jair Bolsonaro speaks to the press after leaving the Senate building in Brasilia on March 26, 2025. Brazil's Supreme Court on March 26, 2025, ordered far-right ex-president Jair Bolsonaro to stand trial on charges of plotting a coup after failing to win re-election in 2022. (Photo by EVARISTO SA / AFP) (Foto: EVARISTO SA)
Foto: EVARISTO SA O ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, fala com a imprensa após deixar o prédio do Senado em Brasília, em 26 de março de 2025. O Supremo Tribunal Federal do Brasil ordenou, em 26 de março de 2025, que o ex-presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro seja julgado sob a acusação de conspiração para um golpe de Estado, após sua derrota nas eleições de 2022. (Foto: EVARISTO SA / AFP) Former Brazil's President Jair Bolsonaro speaks to the press after leaving the Senate building in Brasilia on March 26, 2025. Brazil's Supreme Court on March 26, 2025, ordered far-right ex-president Jair Bolsonaro to stand trial on charges of plotting a coup after failing to win re-election in 2022. (Photo by EVARISTO SA / AFP)

Mantido em prisão domiciliar desde agosto, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi preso de forma preventiva nesse sábado, 22, após apresentar "indícios de fuga". Ele tentou romper a tornozeleira eletrônica que utiliza e, depois de ser detido, confessou ter usado um ferro de solda para abrir dispositivo.

A ordem de prisão preventiva foi expedida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e cumprida pela Polícia Federal (PF) na manhã de ontem. Agentes chegaram na residência do ex-mandatário, em Brasília, por volta das 6h10min e não enfrentaram resistência do réu.

Na decisão publicada, Moraes justifica ação indicando sinais "gravíssimos" de que Bolsonaro poderia fugir. Entre eles está uma vigília marcada para acontecer na noite desse sábado, arquitetada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho dele, e que pediria pela "saúde" do ex-presidente e pela "liberdade" do Brasil.

Movimento aconteceria nas proximidades do condomínio onde Bolsonaro estava domiciliado. Segundo Moraes, essa mobilização abriria a possibilidade de uma "tentativa de fuga para alguma das embaixadas" que ficam próximas à residência do réu, incluindo a dos Estados Unidos, que está a 15 minutos de distância.

Além disso, o magistrado aponta que há evidências de que a vigília ganhasse uma "grande dimensão" e de que se estendesse por muitos dias, o que poderia causar "consequências imprevisiveis" e "inviabilizar" o cumprimento de eventuais medidas".

Hipótese de fuga ganhou sustentação por volta das 0h07m de ontem, quando o sistema do Centro Integrado de Monitoração Eletrônica emitiu um alerta de que a tornozeleira utilizada por Jair Bolsonaro desde julho deste ano havia sido violada, acionando uma escolta policial para a residência do réu.

A justificativa inicial passada pelo ex-mandatário aos agentes é a de que ele teria "batido o dispositivo na escada". No entanto, policiais notaram que o equipamento tinha "sinais claros e importantes de avaria", apresentando "marcas de queimadura em toda sua circunferência".

Questionado, Bolsonaro confessou que usou um ferro de solda para tentar abrir a tornozeleira, "por curiosidade". Com a violação, o aparelho precisou ser substituído. Horas depois do ocorrido o ex-mandatário foi preso e encaminhado para a "Sala de Estado", localizada na Superintendência da PF, no Distrito Federal, e reservada para autoridades como ex-presidentes.

No local, ele deve aguardar a audiência de custódia, marcada pelo STF para este domingo, 23, para analisar a legalidade da detenção. Já amanhã, segunda-feira, 24, será realizada uma sessão extraordinária virtual da 1ª Turma que vai verificar a ordem de prisão preventiva.

Os filhos do ex-mandatário foram para as redes sociais fazer acusações contra Alexandre de Moraes. "Precisamos entender que Alexandre de Moraes é um psicopata (...) O objetivo de Alexandre de Moraes é bem simples: matar meu pai", chegou a escrever no X (Antigo Twitter) o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

Flávio Bolsonaro (PL-RJ) também atacou o magistrado. "Se acontecer algo com o meu pai, a culpa é sua. Se ele morrer, a culpa será sua", apontou, em transmissão ao vivo realizada ontem.

Político ainda justificou a manifestação que arquitetava como sendo apenas "um ato religioso". Mais tarde ele participou da vigília, que foi mantida.

Já a defesa do ex-presidente destacou em nota "profunda perplexidade" com a motivação da prisão, afirmou que a detenção pode colocar a vida do réu em risco e que vai apresentar recursos contra a decisão. Além disso, advogados negaram uma tentativa de fuga.

Conforme a defesa, Bolsonaro sofre de sequelas "irreversíveis" decorrentes da facada que levou em 2018. O ex-mandatário também estaria enfrentando um quadro recorrente de crises de soluço.

Mantindo em regime domiciliar, Bolsonaro foi condenado a 27 anos e três meses de prisão por participação na trama golpista. A detenção de hoje, no entanto, não corresponde ao inicio do cumprimento dessa pena, sendo apenas uma medida cautelar.

(Colaborou Lillian Santos, com agências)

 

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