Dança e música na ponta do pé

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Publicado 01:30 | ago. 20, 2019 Tipo Notícia Por Natália Coelho

Foto: Divulgação Bill "Bojangles" Robinson, outro grande nome do sapateado

Sapatear, mais do que bater os pés no chão de madeira com um tipo diferente de sapato, é sobre fazer música com o próprio corpo. Seguir o ritmo da canção abre espaço para manifestações e sons. Usando somente a ponta do pé, o som emitido é agudo, enquanto uma batida com o pé inteiro garante uma sonoridade mais grave e firme. O próprio nome em inglês, Tap Dance, "dança do 'tap'", em tradução literal, já mostra a interpretação do que é: música por si só.

E quando a dança se insere no cinema, destaca-se um grande nome do sapateado americano. Fred Astaire, considerado um dos bailarinos mais prestigiados do cinema, completaria 120 anos em 2019. Junto a Gene Kelly, Eleanor Powell e Ginger Rogers - sua grande parceira em 10 filmes -, o protagonista de O Picolino deixou um legado de produções cinematográficas e fez do sapateado uma das manifestações mais influentes da primeira metade do século XX.

O americano, nascido em 1899 como Frederick Austerlitz, realizou 31 filmes musicais no total. Mas antes de se tornar um fenômeno no cinema, Astaire imitava os passos de sua irmã, Adele Astaire, sua primeira parceira de dança. Entretanto, os palcos da Broadway não foram o suficientes para ele, que logo partiu para Los Angeles para começar sua carreira no cinema, em 1933.

Os "anos de ouro" dos musicais começaram oficialmente na década de 1930, quando o sapateado marcou presença em diversos filmes, como Uma alegre divorciada (1934), Vamos Dançar? (1937) e Cantando na Chuva (1952). E, atualmente, apesar dos musicais contemporâneos apostarem em diferentes narrativas em que a dança não se classifica como grande foco, a "dança do tap" ainda não foi esquecida.

O reflexo é o filme La la land (2016), que deu mais uma chance desta modalidade brilhar nas telonas. A coreografia é curta e nem de longe chega perto das produções que Fred Astaire apresentava, mas já é suficiente para assinalar o atestado de presença no filme, em uma das cenas mais românticas e marcantes do longa. Mia e Sebastian, representados por Emma Stone e Ryan Gosling, não são dançarinos profissionais, mas conseguiram levar prestígio à dança que há tempos não deixava sua marca nos cinemas. Outro que, apesar de forma mais singela, destacou o movimento dos pés foi a animação Happy feet (2006), que apresentou um sapateado lúdico e ao mesmo tempo marcante para a nova geração de bailarinos.

Valéria Pinheiro, dançarina há 45 anos e um dos grandes nomes quando se fala da modalidade no Brasil, explica que o chamado "sapateado brasileiro" se integra em diversas danças já conhecidas. "O samba, o frevo... Várias manifestações populares que se revelam a partir do sapateio", ressalta. Nesse pensamento, a fundadora da Cia. Vatá, que se estabelece no Teatro das Marias, explica que, ao dançar, mistura a técnica americana com a cultura brasileira.

Ela relembra que seu interesse pela modalidade surgiu quando em 1978 teve a oportunidade de assistir o próprio Fred Astaire se apresentar, em Nova York. "Ele foi minha primeira grande paixão. Voava quando dançava e era elegante. Eu nem pensava em me profissionalizar. Foi super importante para mim, porque a partir deste momento eu me tornei apaixonada pelo sapateado". Além dele, Valéria ressalta Bill "Bojangles" Robinson como outro destaque do sapateado, sendo também um dos grandes nomes negros no entretenimento americano - numa época em que a segregação racial ainda era recorrente - e o motivo do Dia Internacional do Sapateado, 25 de maio, seu nascimento.

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