Vida&Arte viu "A Vida Invisível", filme de Karim Aïnouz que está em cartaz, com exclusividade, em Fortaleza
João Gabriel Tréz é repórter de cultura do O POVO e filiado à Associação Cearense de Críticos de Cinema (Aceccine). É presidente do júri do Troféu Samburá, concedido pelo Vida&Arte e Fundação Demócrito Rocha no Cine Ceará. Em 2019, participou do Júri da Crítica do 13° For Rainbow.
Vida&Arte viu "A Vida Invisível", filme de Karim Aïnouz que está em cartaz, com exclusividade, em Fortaleza
|V&A VIU| Dirigido pelo cearense Karim Aïnouz, A Vida Invisível segue história melodramática e densa de duas irmãs que são afetadas pelo contexto patriarcal nos anos 1950. Filme estreia com exclusividade em Fortaleza
A cena de abertura de "A Vida Invisível" resume os principais pontos - estéticos e narrativos - do filme que se desvelará nos minutos seguintes. Em uma paisagem de cores pulsantes e com vasta presença de vegetação tropical do Rio de Janeiro dos anos 1950, as irmãs Eurídice (Carol Duarte) e Guida (Julia Stockler) estão descansando juntas após um passeio. Em dado momento, ao deixaram o local, acabam se perdendo uma da outra em meio às plantas e árvores. Estão no mesmo local, se procuram, gritam uma pela outra, mas não se encontram apesar das tentativas. É essa a gênese da trajetória do filme, que tem direção do cearense Karim Aïnouz. Escolhido para representar o Brasil na disputa por uma indicação ao Oscar em 2020, o longa chega primeiro e com exclusividade a Fortaleza entre hoje, 19 e quarta, 25, em cinemas selecionados. A estreia nacional será em 31 de outubro.
A trama do longa é uma adaptação do livro "A Vida Invisível de Eurídice Gusmão", da pernambucana Martha Batalha. As irmãs são filhas de pais portugueses conservadores, mas sonham com vivências outras: Eurídice deseja ir a um conservatório para deslanchar na carreira de pianista, enquanto Guida quer poder viver em liberdade. Em meio a diferentes pressões do patriarcado, acabam tendo seus caminhos não apenas separados, como também os sonhos afetados. Ligam-se, enfim, pela força das memórias e do afeto que têm entre si. Karim reiterou em entrevistas ao O POVO que, para o filme, optou por trabalhar na chave do melodrama por conta do clássico gênero ser uma boa forma de abordar crises sociais, falar de figuras preteridas e chegar ao espectador pelo emocional.
O melodrama, enfim, surge como forma de estabelecer elos e criar empatia entre os espectadores e as personagens. O cineasta ainda sublinhou a influência da teledramaturgia brasileira dos anos 1970 para a construção de A Vida Invisível. No filme, é exitoso esse estabelecimento de comunicação entre obra e público. Enquanto aos olhos brasileiros a relação de identificação pode ser ainda maior por conta da utilização de elementos novelescos, aos olhos de fora o caráter melodramático faz da história das irmãs algo universal - e também atual.
Reflexões sobre família, casamento, maternidade, sonhos, autoexpressão e construção de laços permeiam aquele universo "de época" e encontram pleno diálogo com o Brasil de 2019, no qual batalham entre si discursos que pedem pelo retorno de comportamentos já ultrapassados historicamente e outros que apostam cada vez mais nas liberdades individuais.
Essas discussões são postas no longa com esperteza justamente por conta da abordagem melodramática, que comunica pelo emocional e faz com que os espectadores torçam de fato pelo sucesso daquelas personagens. Isso, porém, está longe de fazer o filme ser raso, inofensivo, palatável. Sem fazer concessões visuais ou narrativas, A Vida Invisível é denso. Por vezes pesado até demais, quase como que remoendo e repetindo situações que já foram bem abordadas anteriormente. Como equilíbrio a esse peso dos grandes dramas, a obra traz pequenas singelezas, quase como que recados de esperança, mas sem deixar de lado o que o norteia - ou seja, o melodrama.
No entanto, vale ressaltar que quaisquer problemas que por ventura o espectador possa ter com o longa são facilmente perdoados após a junção de força, beleza e melancolia dos 15 minutos derradeiros da obra. É neles que surge a presença avassaladora da atriz Fernanda Montenegro, numa participação especial que dá o tom do filme. Mais, é melhor não dizer, deixando então o filme falar por si.
Confira trailer de "A Vida Invisível":
A Vida Invisível
Onde: Shopping RioMar (rua Des. Lauro Nogueira, 1500), Shopping Iguatemi (av. Washington Soares, 85)e Cinema do Dragão (rua Dragão do Mar, 81)
Quando: de hoje, 19, a quarta, 25. Às 21h30 no RioMar, às 19h20 no Iguatemi, e às 20 horas no Cinema do Dragão
Mais infos: @avidainvisivel
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