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Vida&Arte viu "A Vida Invisível", filme de Karim Aïnouz que está em cartaz, com exclusividade, em Fortaleza
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João Gabriel Tréz é repórter de cultura do O POVO e filiado à Associação Cearense de Críticos de Cinema (Aceccine). É presidente do júri do Troféu Samburá, concedido pelo Vida&Arte e Fundação Demócrito Rocha no Cine Ceará. Em 2019, participou do Júri da Crítica do 13° For Rainbow.

João Gabriel Tréz arte e cultura

Vida&Arte viu "A Vida Invisível", filme de Karim Aïnouz que está em cartaz, com exclusividade, em Fortaleza

|V&A VIU| Dirigido pelo cearense Karim Aïnouz, A Vida Invisível segue história melodramática e densa de duas irmãs que são afetadas pelo contexto patriarcal nos anos 1950. Filme estreia com exclusividade em Fortaleza
"A Vida Invisível", do cearense Karim Aïnouz, está em cartaz em cinemas selecionados de Fortaleza entre os dias 19 e 25 de setembro (Foto: Bruno Machado / divulgação)
Foto: Bruno Machado / divulgação "A Vida Invisível", do cearense Karim Aïnouz, está em cartaz em cinemas selecionados de Fortaleza entre os dias 19 e 25 de setembro

A cena de abertura de "A Vida Invisível" resume os principais pontos - estéticos e narrativos - do filme que se desvelará nos minutos seguintes. Em uma paisagem de cores pulsantes e com vasta presença de vegetação tropical do Rio de Janeiro dos anos 1950, as irmãs Eurídice (Carol Duarte) e Guida (Julia Stockler) estão descansando juntas após um passeio. Em dado momento, ao deixaram o local, acabam se perdendo uma da outra em meio às plantas e árvores. Estão no mesmo local, se procuram, gritam uma pela outra, mas não se encontram apesar das tentativas. É essa a gênese da trajetória do filme, que tem direção do cearense Karim Aïnouz. Escolhido para representar o Brasil na disputa por uma indicação ao Oscar em 2020, o longa chega primeiro e com exclusividade a Fortaleza entre hoje, 19 e quarta, 25, em cinemas selecionados. A estreia nacional será em 31 de outubro.

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A trama do longa é uma adaptação do livro "A Vida Invisível de Eurídice Gusmão", da pernambucana Martha Batalha. As irmãs são filhas de pais portugueses conservadores, mas sonham com vivências outras: Eurídice deseja ir a um conservatório para deslanchar na carreira de pianista, enquanto Guida quer poder viver em liberdade. Em meio a diferentes pressões do patriarcado, acabam tendo seus caminhos não apenas separados, como também os sonhos afetados. Ligam-se, enfim, pela força das memórias e do afeto que têm entre si. Karim reiterou em entrevistas ao O POVO que, para o filme, optou por trabalhar na chave do melodrama por conta do clássico gênero ser uma boa forma de abordar crises sociais, falar de figuras preteridas e chegar ao espectador pelo emocional.

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O melodrama, enfim, surge como forma de estabelecer elos e criar empatia entre os espectadores e as personagens. O cineasta ainda sublinhou a influência da teledramaturgia brasileira dos anos 1970 para a construção de A Vida Invisível. No filme, é exitoso esse estabelecimento de comunicação entre obra e público. Enquanto aos olhos brasileiros a relação de identificação pode ser ainda maior por conta da utilização de elementos novelescos, aos olhos de fora o caráter melodramático faz da história das irmãs algo universal - e também atual.

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Reflexões sobre família, casamento, maternidade, sonhos, autoexpressão e construção de laços permeiam aquele universo "de época" e encontram pleno diálogo com o Brasil de 2019, no qual batalham entre si discursos que pedem pelo retorno de comportamentos já ultrapassados historicamente e outros que apostam cada vez mais nas liberdades individuais.

Essas discussões são postas no longa com esperteza justamente por conta da abordagem melodramática, que comunica pelo emocional e faz com que os espectadores torçam de fato pelo sucesso daquelas personagens. Isso, porém, está longe de fazer o filme ser raso, inofensivo, palatável. Sem fazer concessões visuais ou narrativas, A Vida Invisível é denso. Por vezes pesado até demais, quase como que remoendo e repetindo situações que já foram bem abordadas anteriormente. Como equilíbrio a esse peso dos grandes dramas, a obra traz pequenas singelezas, quase como que recados de esperança, mas sem deixar de lado o que o norteia - ou seja, o melodrama.

No entanto, vale ressaltar que quaisquer problemas que por ventura o espectador possa ter com o longa são facilmente perdoados após a junção de força, beleza e melancolia dos 15 minutos derradeiros da obra. É neles que surge a presença avassaladora da atriz Fernanda Montenegro, numa participação especial que dá o tom do filme. Mais, é melhor não dizer, deixando então o filme falar por si.

Confira trailer de "A Vida Invisível":

 

A Vida Invisível

Onde: Shopping RioMar (rua Des. Lauro Nogueira, 1500), Shopping Iguatemi (av. Washington Soares, 85)e Cinema do Dragão (rua Dragão do Mar, 81)

Quando: de hoje, 19, a quarta, 25. Às 21h30 no RioMar, às 19h20 no Iguatemi, e às 20 horas no Cinema do Dragão

Mais infos: @avidainvisivel

 

Foto do João Gabriel Tréz

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