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Mostra virtual Cine África apresenta diversidade da produção do continente africano
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João Gabriel Tréz é repórter de cultura do O POVO e filiado à Associação Cearense de Críticos de Cinema (Aceccine). É presidente do júri do Troféu Samburá, concedido pelo Vida&Arte e Fundação Demócrito Rocha no Cine Ceará. Em 2019, participou do Júri da Crítica do 13° For Rainbow.

João Gabriel Tréz arte e cultura

Mostra virtual Cine África apresenta diversidade da produção do continente africano

Ofertando produções dos cinemas africanos ao público brasileiro, 2ª temporada on-line da mostra Cine África promove 12 sessões gratuitas e com legendas em português
Tipo Notícia
O filme senegalês
Foto: Les Productions La Fête / divulgação O filme senegalês "Madame Brouette" (2002), de Moussa Sene Absa, compõe programação da mostra Cine África

Uma menina que enfrenta uma doença terminal e sonha em virar uma super-heroína, três mulheres de regiões diferentes que se conhecem em uma desafiadora viagem de ônibus e uma cineasta numa jornada rumo à própria espiritualidade. Estas são descrições resumidas das histórias de alguns dos filmes que compõem a programação da 2ª temporada on-line da mostra Cine África, que começa hoje ofertando sessões semanais e gratuitas de produções africanas acompanhadas de entrevistas exclusivas com cineastas. Estão previstos, também, um bate-papo sobre o tema da mostra, o curso "Cinemas Africanos: trajetórias e perspectivas" e, ainda, o lançamento de um e-book ao final da temporada com textos sobre as produções. As exibições ocorrem na plataforma Sesc Digital. A curadoria é da produtora cultural, jornalista e pesquisadora Ana Camila Esteves.

O Cine África é um desdobramento da Mostra de Cinemas Africanos, cuja primeira edição ocorreu em 2018. Ana Camila e a pesquisadora e curadora espanhola Beatriz Leal criaram a mostra para "tornar os filmes africanos mais visíveis no Brasil, onde infelizmente ainda chegam com pouco destaque e em número bem reduzido", contextualiza Ana Camila. Assim, criar essa "janela de exibição" que aumente "o repertório de cinemas africanos entre o público brasileiro - cinéfilos, críticos, curadores de festivais, público em geral".

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"Buscamos recuperar alguns filmes que já saíram dos circuitos dos festivais internacionais, mas que merecem atenção, especialmente considerando que quase nunca têm visibilidade nos circuitos de exibição do Brasil", explica Ana Camila, citando entre estes as comédias "Madame Brouette" e "Price of Love" e o drama "Fronteiras". Além dos longas, o Cine África promoverá também sessões de curtas. "Beyond Nollywood", com curadoria da produtora Nadia Denton, "traz uma seleção de filmes dirigidos por uma novíssima geração de realizadores nigerianos que propõem uma nova estética no cinema produzido no país", afirma Ana Camila. A sessão "Quartiers Lointains", assinada pela jornalista franco-burquinense Claire Diao, apresenta obras sobre Afrofuturismo.

O Cine África presencial, com caráter cineclubista, acontecia mensalmente em Salvador, mas foi para o formato virtual por conta da pandemia. "O formato on-line é um desafio para todas as partes envolvidas. Falando como curadora e programadora, meu maior desafio foi levar em consideração que os filmes serão assistidos em TVs, computadores e celulares. Em termos de alcance, é maravilhoso e é a maior vantagem, sem dúvidas. Fico muito feliz e instigada de poder oferecer esses filmes para todo o País e de forma aberta e gratuita", celebra a curadora.

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Obras produzidas na África, ressalte-se, vêm conquistando espaços pelo mundo, de festivais de cinema pelo mundo à Netflix. A visibilidade é celebrada por Ana Camila, mas ela atenta para ressalvas. "Se por um lado é muito positivo vermos filmes africanos fazendo parte da seleção de grandes festivais internacionais como Berlinale, Cannes, Veneza e Toronto, por exemplo, por outro ainda há indícios de uma ideia ou um imaginário de África que é acolhido nesses espaços", elabora. "De qualquer modo, a cada ano o cenário melhora e as audiências se tornam mais conscientes da diversidade do audiovisual africano - mas ainda há um longo caminho a percorrer", aponta.

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"Nosso esforço está, basicamente, em fazer com que as pessoas enxerguem os filmes africanos como cinema. Os regimes de invisibilidade impostos às cinematografias da África são o principal entrave que temos que enfrentar e a exibição de filmes africanos no Brasil, a publicação de artigos, críticas e ensaios em português, tudo isso estimula o olhar sobre outras epistemologias possíveis para se pensar essas narrativas. Os cinemas da África são muito diversos em formatos, estéticas e narrativas, muito está sendo produzido e que não temos nem ideia. O que vemos aqui nessa pequena seleção do Cine África é só um aperitivo, e todo o trabalho realizado desde 2018 é só realmente o início de uma longa caminhada", finaliza Ana Camila.

Cine África

Quando: a partir de hoje, 10, com programação semanal
Onde: plataforma do SescDigital
Mais informações: www.mostradecinemasafricanos.com

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