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Museu da Fotografia leva exposição sobre conflitos da humanidade para calçadão da Beira-Mar
Vida & Arte

Museu da Fotografia leva exposição sobre conflitos da humanidade para calçadão da Beira-Mar

Conflitos da humanidade são tema da exposição "Ser Humano", com fotografias de Gabriel Chaim, Felipe Dana, Mauricio Lima, André Liohn, Juca Martins e Evandro Teixeira
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Registro de Juca Martins integra o conjunto de 12 fotos que retratam o período de Ditadura Militar no País
 (Foto: André Liohn )
Foto: André Liohn Registro de Juca Martins integra o conjunto de 12 fotos que retratam o período de Ditadura Militar no País

Os conflitos fazem parte da História. Atingem nações, sociedades e indivíduos, deixam marcas e consequências que nem sempre são registradas. Outras ficam eternizadas em sentimentos e, também, em imagens. O Brasil, por exemplo, ainda carrega lembranças do período da Ditadura Militar que durante duas décadas se instaurou no País. Foram anos de medo, prisões, torturas, desaparecimentos, exílios. Em outro contexto, não menos avassalador, as memórias hostis também se abatem sobre países como Síria, Iraque e Líbia, territórios que precisaram sobreviver aos efeitos de longos períodos de guerras.

Os registros dessas duras realidades compõem a mostra "Ser Humano", promovida pelo Museu da Fotografia Fortaleza, que reúne imagens feitas durante os momentos de confrontos nesses quatro países. As imagens, produzidas por Gabriel Chaim, Felipe Dana, Mauricio Lima, André Liohn, Juca Martins e Evandro Teixeira, ficarão expostas por um mês de forma gratuita na avenida Beira Mar. "Esse momento que o mundo vive hoje, a relação dicotômica política, o mundo em guerra e o desacordo nos chamam atenção sobre o que é ser humano. O ser humano precisa ser mais humano. Essa é a mensagem que pretendemos ter com a mostra", explica o curador Silas de Paula.

De acordo com o profissional, os fotógrafos têm produções que poderiam estar individualmente em uma exposição. Mas, em parceria com Lia de Paula, os dois escolheram as obras que melhor se adaptariam ao público diversificado que o lugar ao ar livre recebe. "Ali é aberto, todo mundo vê. Você tem que ter um certo respeito com a percepção de cada um. Toda percepção é paradoxal, e tentamos não ser tão agressivos. Vivemos um momento muito complicado, em que as pessoas já estão sofrendo muito", comenta. "Como tem fotos muito fortes e impactantes, deixamos de lado algumas mais pesadas e duras. Quando alguém vai no museu, é uma escolha pessoal. Na Beira Mar, a pessoa passa e vê mesmo que não queira. De alguma forma, suavizamos a dor sem deixar de mostrar o conflito e a dureza que ele tem", complementa.

Para Silas, é imprescindível refletir sobre o passado para transformar o futuro e o presente. "A gente tem uma parte histórica do Brasil que poucas pessoas se lembram ou negam. Nós não podemos esquecer da história. A memória é algo fundamental, não podemos colocar embaixo do tapete para planejar um futuro melhor. Temos um mundo que está caminhando por esse desespero enorme. Quantas pessoas estão sofrendo com esse processo? Fazer uma reflexão sobre isso é necessário", afirma. A partir dessa visão, as imagens convidam os visitantes e apreciadores a ponderarem sobre o papel das pessoas enquanto pertencentes da humanidade.

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A exposição ocupa o espaço que antes estava o Janelas CasaCor. Com intermediação da Prefeitura de Fortaleza para manter o espaço na Beira Mar, o evento foi adaptado para os contêineres em que estavam os projetos de arquitetura. Realizar um trabalho ao ar livre, entretanto, aconteceu de maneira espontânea para a organização. "Foi um processo natural porque já fazíamos exposições como museu itinerante. Mas agora, em lugar aberto, é a primeira vez. Ainda mais na praia, que é um lugar muito democrático e todo mundo tem acesso", indica o diretor do Museu da Fotografia de Fortaleza, Sílvio Frota.

As perspectivas para um evento em espaço aberto já estavam sendo idealizadas há mais tempo, porém, pararam por causa da pandemia do novo coronavírus que iniciou em março. "Já vínhamos pensando em fazer exposição em um espaço aberto, mas não em contêineres. Iríamos fazer em um lugar completamente aberto, mas a infraestrutura é muito complicada, requer parceria com órgãos públicos. Também íamos levar uma exposição para o interior do Ceará, para lugares que não tem tanto acesso à cultura", comenta o diretor do MFF. Segundo ele, estar em um ambiente como a praia possibilita que pessoas que não costumam frequentar museus se aproximem da exposição. É, portanto, uma forma de expandir o público de visitação.

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No total, serão 42 fotografias expostas. Destas, 12 retratam o Regime Militar brasileiro (1964-1985). As outras 30 fazem referência aos conflitos da Síria, do Iraque e da Líbia. O evento começou na última segunda-feira, 14, e terá duração de 30 dias. A exposição ficará aberta para visitação de terça-feira a domingo, das 16 horas às 22 horas.

Exposição "Ser Humano"

Quando: de terça-feira a domingo, das 16h às 22 horas
Onde: Espaço CasaCor Ceará (avenida Beira Mar, 4060)
Mais informações: (85) 3017 3661
Entrada gratuita

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