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Fotonovela registra histórias da narrativa oral do Montese
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Fotonovela registra histórias da narrativa oral do Montese

Histórias da narrativa oral do Montese - da época em que o bairro era conhecido como Pirocaia - são resgatadas em fotonovela virtual
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Fotonovela A Pirocaia narra história do bairro Montese  (Foto:  FELIPE CRUZ/DIVULGAÇÃO)
Foto: FELIPE CRUZ/DIVULGAÇÃO Fotonovela A Pirocaia narra história do bairro Montese

A localidade onde hoje se encontra o bairro Montese tinha, até meados dos anos 1940, nome indígena: Pirocaia, palavra oriunda da língua tupi e que significa "Aldeia dos Pele Queimada". Antes de ser conhecida por comércios, residências e intensa movimentação, a região despontou por outro motivo: a presença do "cão" numa casa da rua Romeu Martins. Histórias do bairro são revisitadas na fotonovela virtual "A Pirocaia", criada pelo ator e dramaturgo Ícaro Eloi. Capítulos iniciais já estão disponíveis na conta do Instagram @apirocaia e novos segmentos serão postados diariamente ao longo das próximas semanas.

"Esse projeto vive na minha cabeça já há um tempo. Sempre quis falar sobre a história do Montese. Acho muito importante que seja feito esse resgate porque a gente, em Fortaleza, tem um problema em manter as coisas, respeitar e preservar a memória da Cidade", aponta Ícaro. "Sou morador do Montese desde sempre. Hoje, moro no Bom Futuro, que faz parte do Grande Montese, mas antes morava no coração do bairro, perto da rua onde aconteceu o caso do cão da Itaoca", explica.

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Itaoca, hoje, é um dos pequenos bairros vizinhos do Montese, mas, no início dos anos 1940, era um beco dentro da Pirocaia. Foi nesta época que, em uma casa da localidade, o cão fez algumas aparições - uma delas dançando. A história se popularizou na tradição oral da região, apesar de ser tabu. "Conheço desde criança porque o pessoal falava muito sobre isso, mas nem todo mundo conhece, principalmente os mais jovens. Tenho 27 anos, mas sempre ficava sentado na calçada com vovô e vovó. Meu convívio com as pessoas mais velhas foi crucial para conhecer essas histórias e outras do bairro", afirma Ícaro.

Para construir a dramaturgia de "A Pirocaia", Ícaro se debruçou no livro "De Pirocaia ao Montese", escrito pelo seu Raimundo Nonato Ximenes, considerado o fundador do Montese. "É um texto bem documental, traz coisas interessantes de saber", destaca o ator e dramaturgo. A essência central, porém, foram as narrativas da história oral, unindo humor, crendices e elementos religiosos. "Eu quis contar a história da casa, do cão, colocar meus personagens nesse contexto. Muito do que tem na fotonovela é retirado de conversas, da minha vivência enquanto morador", explica.

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A reunião das pesquisas com as vivências se deu, primeiramente, em formato de peça teatral: a história foi passada para o papel como um espetáculo, mas, por conta das possibilidades e impossibilidades do contexto artístico, foi adaptada para o formato de fotonovela - o que impôs série de desafios, do corte de conteúdo à forma de atuação. Finalmente, o projeto conseguiu ser concretizado - com fomento da Lei Aldir Blanc - contando com um elenco formado por Ícaro, Luiza Nobel, Juliana Maria, Anderson Marques, Camile Tavares e Renan Gadelha. As imagens são assinadas pelo fotógrafo Felipe Cruz, a direção de arte é de Felipe Falcão, Lucas Limeira e Juliana Maria fizeram a produção de elenco e Alê Eloi foi assistente de produção.

"Eu não podia deixar de mostrar essa história e a alternativa que encontrei foi essa", ressalta Ícaro. O formato encontrado alia uma linguagem antiga, se conectado à temporalidade da trama da obra, e uma plataforma moderna, o Instagram. "Sempre gostei dessa nostalgia de radionovela, fotonovela, e quis levar por esse caminho por conta disso", aponta. "Colocar no Instagram foi para alcançar pessoas. Elas estão na internet, nas redes sociais", afirma. Ícaro e o grupo envolvido na fotonovela, porém, não abrem mão da ideia de, num futuro possível, montar o texto de "A Pirocaia" como uma peça. "Sei que (na internet) não chega para todo mundo e, exatamente por isso, meu intuito é montar (a peça) para levar para as pessoas, ocupar espaços físicos para ser o mais democrático que eu puder", adianta.

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A Pirocaia

Onde: @apirocaia
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