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Comédia ambientada em Fortaleza mostra dramas entre pai e filho
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Comédia ambientada em Fortaleza mostra dramas entre pai e filho

Gravada em Fortaleza, comédia "O Filho Único do Meu Pai" estreia nesta quinta-feira, 23, antecedida por show de Daniel Groove
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Hiroldo Serra interpreta o despojado 
Antônio em
Foto: Divulgação Hiroldo Serra interpreta o despojado Antônio em "O Filho Único do Meu Pai"

Um jovem flagra a noiva com outro homem. Após a descoberta da traição, tenta refazer a vida, mas precisa conviver com um chefe mandão e voltar a se relacionar com o pai, que tenta a reaproximação após um histórico de ausências. Esses são os pontos de partida de "O Filho Único do Meu Pai", comédia rodada totalmente em Fortaleza que estreia nos cinemas nesta quinta-feira, 23. O longa tem trilha musical do cantor Daniel Groove, que fará show no dia do lançamento.

Dirigida por Dado Fernandes, a obra busca apresentar, pela comédia, dramas familiares vividos entre Lucas (Jotapê Lima), filho único, e o pai, Antônio (Hiroldo Serra). O jovem é um analista de logística que trabalha na Aldeota e sofre na mão do chefe, Tompson (Robério Diógenes), enquanto tenta se reerguer.

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Excêntrico ator aposentado, o pai reaparece em um momento complicado, quando tudo parecia "ruim o bastante", o que coloca a vida de Lucas de cabeça para baixo. Entretanto, a convivência proporcionará lições. As diferenças se afloram, com o filho resistindo inicialmente à tentativa de aproximação, e assim a narrativa apresenta as nuances dos movimentos de aparar as arestas do passado.

 
 
 
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Com elenco totalmente cearense, a trama se baseia em fatos do cotidiano, com muitas situações de ambientes familiares. Também roteirista do filme, Jotapê Lima se inspirou em histórias e diálogos que já escutou de parentes ao longo da vida. O efeito, para ele, é de "identificação". "Quando nós aproximamos a comédia da vida real, de situações possíveis, as pessoas se identificam. É uma ficção factível e, quando trazemos para o dia a dia, acho que conseguimos atingir um maior número de pessoas".

A produção decidiu não recorrer ao "cearensês", comumente observado em obras de comédia locais. "Nós procuramos trazer uma linguagem mais neutra, porque um dos objetivos é atingir também outras áreas do Brasil". O roteirista acrescenta: "Essa linguagem universal vem sem querer deixar de lado nossas raízes nordestinas. Temos muito orgulho de sermos nordestinos e cearenses, mas optamos por trabalhar o humor de uma forma diferente".

Quando assistir ao filme, porém, o espectador ainda se reconhecerá. Um passeio - em tela - por locais como o Theatro José de Alencar, o Parque do Cocó e a Ponte dos Ingleses dá a dimensão de um dos objetivos do longa: "Mostrar e fazer com que os cearenses se vejam mais próximos do filme".

As palavras são do diretor Dado Fernandes, que acrescenta: "Estamos muito habituados a ver locações no Rio de Janeiro e em São Paulo. Assim, há uma certa identificação imediata com o filme, afinal, isso mexe com a nossa autoestima também. As locações previam mostrar tanto nossos pontos turísticos como os nossos costumes".

A análise de Dado aponta para o "orgulho" por pertencer a Fortaleza. "Quando você escuta o seu sotaque, vê os seus locais preferidos e as ruas por onde passa, a autoestima melhora e o orgulho de ser daqui cresce".

Para Jotapê, o público poderá se identificar com os personagens da trama, ainda, porque são indivíduos que enfrentam dilemas como outras pessoas. "O Lucas é uma pessoa comum e tem seus problemas e desafios. No fim das contas, queremos mostrar que, apesar de tudo, o bom humor e as boas relações acabam sendo um bom remédio para os problemas. Além disso, que os laços familiares são fundamentais para que consigamos viver no caminho certo e tenhamos amparo. A grande mensagem é essa: o elo familiar como elemento importante para a evolução do ser humano".

Entre dificuldades de gravação e finalização do filme, Dado aponta "a quantidade de pessoas na equipe, de dias de filmagem e de cenas". Segundo ele, foram filmadas 109 cenas em 18 dias, o que só foi possível com o envolvimento dos participantes. "O processo ficou mais rápido também devido ao comprometimento de todos. Tudo pela arte", lembra.

Por falar em comprometimento, o ator Hiroldo Serra, que interpreta Antônio, foi uma das pessoas que esteve envolvida desde o início com a produção. Inicialmente cotado para a preparação de elenco, acabou assumindo o personagem. A experiência, para ele, foi muito importante e interpretar Antônio "foi um presente".

Hiroldo Serra interpreta o despojado  Antônio em "O Filho Único do Meu Pai"(Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Hiroldo Serra interpreta o despojado Antônio em "O Filho Único do Meu Pai"

"Despojado": é assim que Hiroldo define o personagem. Fã de aventuras, Antônio está mais para "aquele coroa legal", um "paizão" - mesmo que tenha se distanciado do filho. Ao longo da narrativa, o relacionamento entre eles apresenta variações de entendimento, o que reforça a característica do filme de apresentar o "drama familiar" entre pai e filho.

Além da oportunidade de ganhar cenas ambientadas em locais marcantes da trajetória, como o Theatro José de Alencar, Hiroldo conseguiu contracenar com sua mãe, a atriz Hiramisa Serra. A experiência, segundo ele, foi "fantástica". No filme, ela interpreta uma vizinha que "incomoda bastante" Lucas, "sempre pedindo coisas emprestadas", o que rende situações cômicas ao longo da narrativa.

O lançamento do longa tem um significado ainda mais marcante para o ator, pois Hiroldo foi diagnosticado com covid-19 e ficou internado em leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em março, chegando até a ser intubado.

"Fiquei pensando: 'meu Deus, não é possível que eu não vá assistir a esse filme no cinema. Não é possível que eles façam uma homenagem póstuma a mim na estreia do filme'. Hoje, graças a Deus, vou poder estar lá presente", enfatiza Hiroldo.

A estreia representa "a realização de um sonho de muitas pessoas", como afirma Dado. Três anos após as gravações do filme, a expectativa para o lançamento de "O Filho Único do Meu Pai", para Jotapê, "é a melhor possível". O ator cita as resistências enfrentadas no mercado por ser uma produção independente e reforça que "ter conseguido esse espaço" deixa a equipe muito otimista.

Na visão de Hiroldo, essa é uma oportunidade para a valorização da produção local. "A expectativa é muito boa e muito grande. Com o público valorizando o que fazemos aqui, acredito que seja um grande passo para produzirmos mais filmes", destaca.

 

Comédia
Comédia "O Filho Único do Meu Pai" mostra um drama familiar entre pai e filho; filme tem atuações de Jotapê Lima e Hiroldo Serra

O Filho Único do Meu Pai

Quando: estreia quinta-feira, 23, às 21h30min, e show de Daniel Groove às 19 horas na praça de alimentação; sessões diárias sempre às 21h30min
Onde: Shopping Eusébio (Av. Eusébio de Queiroz, 1890 - Tamatanduba, Eusébio)
Quanto: R$ 24 (inteira) e R$ 12 (meia-entrada)

Adquira ingressos aqui

 

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