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Nova programação fixa do Teatro São José reacende debate sobre usos do espaço
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Nova programação fixa do Teatro São José reacende debate sobre usos do espaço

Secultfor anuncia nova programação semanal fixa para o Teatro São José em meio a questionamentos sobre os usos do equipamento
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Humorista Zebrinha foi um dos artistas a se apresentar na edição de estreia da Quarta Cultural, no Teatro São José (Foto: Thiago Matine / divulgação)
Foto: Thiago Matine / divulgação Humorista Zebrinha foi um dos artistas a se apresentar na edição de estreia da Quarta Cultural, no Teatro São José

Em 19 de novembro de 2021, a Secretaria da Cultura de Fortaleza anunciou o "Giro Cultural", pacote de retomada de ações nos equipamentos geridos pela Prefeitura que traria atividades gratuitas semanais em espaços como o Mercado dos Pinhões, o Passeio Público e o Teatro São José. Este último receberia a "Quarta do Humor", faixa de programação que não chegou a ter nenhuma edição realizada apesar do anúncio.

Cinco meses depois, em 19 de abril de 2022, a Secultfor anunciou para o equipamento a "Quarta Cultural", que estreou no dia seguinte e terá a segunda edição realizada nesta quarta, 27. Entre uma data e outra, o São José recebeu eventos de forma pontual, mas não a prometida programação fixa, o que ecoou questões históricas sobre o espaço.

Ao Vida&Arte, o secretário Elpídio Nogueira afirma que "ampliar a faixa de programação" para mais linguagens atendeu demanda de artistas e produtores, que o equipamento "não deixou de receber programações" e que o trabalho da Secultfor é para que "o Teatro São José seja palco de todas as linguagens artísticas".

Leia também | "O São José nunca deixou de receber programações", defende Elpídio Nogueira

Prédio centenário da Capital, o Teatro passou oito anos fechado por conta de uma ampla reforma, tendo sido reentregue em setembro de 2018, na gestão do ex-prefeito Roberto Cláudio (PDT). À época, a intenção e as expectativas eram as de consolidar o espaço na dinâmica artística da Cidade, com planos que incluíam a criação de uma Escola Municipal de Teatro ligada ao equipamento. Quase quatro anos depois, o projeto ainda não foi concretizado e os usos do São José seguem sendo alvo de questionamentos.

Protesto virtual e presencial realizado por grupos de teatro do Estado em março, a ação "Cadê o teatro que tava aqui?" — que endereçou cobranças a dezenas de equipamentos de artes cênicas do Ceará — questionou: "Por que foi feita uma reforma milionária pro Teatro São José ficar fechado?", "Por que esse teatro não tem condições técnicas básicas como som e luz?" e "Por que não tem um edital de ocupação?", entre outras demandas.

As questões ecoavam posicionamentos declarados por artistas cearenses em entrevistas anteriores ao V&A. Em 1º de novembro de 2021, em matéria sobre a ausência de temporadas fixas nos palcos da Capital mesmo com a retomada de outras atividades econômicas, a diretora e pesquisadora Herê Aquino afirmou sobre o São José: "Desde a sua inauguração, ainda não se firmou enquanto espaço cultural na Cidade, com programação continuada". No último 4 de fevereiro, em matéria sobre cobrança da classe para realização do Festival de Teatro de Fortaleza, Raimundo Moreira, da Cia. Prisma de Artes, reforçou: "O São José continua sem ação concreta".

Em entrevista na ocasião da reinaguração, em 2018, o ator e diretor Carri Costa afirmou ao O POVO que torcia para que o São José se abrisse "para o exercício da temporada, que não seja apenas para eventos da Prefeitura, que ele seja democrático para várias linguagens" — o que iria depender, ressaltou à época, "de como será a gestão desse espaço, de como será a acessibilidade".

"Criar acessibilidade implica ter um espaço cultural, gerido pelo município, que tenha condições técnicas de abranger a diversidade de espetáculos que possam chegar a se apresentar nele. Isso é uma coisa que a Prefeitura tem que urgentemente viabilizar. Os criativos estão se disponibilizando, procurando as pautas, mas muitas vezes esbarram na ausência de equipamento técnico", analisa, com olhar de hoje, o artista.

 
 
 
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Carri pondera, ainda, sobre os impactos do contexto da pandemia no equipamento. "Enquanto aparelho público e histórico, ele tem que ser local de escoamento de todas as linguagens. Estou querendo ver isso, mas a gente tem que entender que passamos pela pandemia, estamos em um processo de reabertura", lembra.

No período de cinco meses entre os dois anúncios de programações fixas da Secultfor para o equipamento, vale ressaltar, o cenário de alta de casos de covid-19 e gripe no começo de 2022 levou à suspensão, por dois meses, de atividades municipais em diferentes áreas, incluindo a cultura — em que pese que os outros equipamentos que compõem o Giro Cultural receberam atividades continuadas antes e depois da necessária pausa, ao contrário do São José.

Apresentação da banda Coda, cover da Legião Urbana, no Teatro São José(Foto: Thiago Matine / divulgação)
Foto: Thiago Matine / divulgação Apresentação da banda Coda, cover da Legião Urbana, no Teatro São José

No Teatro, porém, foram realizados eventos como o lançamento do disco solo de Rafa Martins, da banda "Selvagens à Procura de Lei", em novembro; a edição de 2021 do Festival da Música de Fortaleza, em dezembro; e, em abril, o lançamento do EP de estreia da cantora cearense Jai Lanna, apresentação do espetáculo teatral "É proibido proibir", de Ricardo Guilherme, e a entrega do Troféu Haroldo Serra.

"Essa pandemia deve ter servido para esse planejamento, o desenvolver do pensamento de como o teatro, vizinho a um grande aparelho e outros da Fortaleza histórica, pode ser partícipe disso tudo, como aproximar o que está à margem, como viabilizar espetáculos experimentais, de companhias que não estão no centro. Cabe à gestão ver tudo isso. Estão sendo dados pontapés, acho que a coisa vai fluir. Espero que se dê uma aditivada no orçamento para a gestão, para que ela consiga ter um bom trabalho. Equipar o teatro é fundamental para ele acolher todas as linguagens", torce Carri.

Quarta Cultural

Esquetes dos humoristas Ed Santo e Super Edson e celebração do Dia da Dança, com homenagem a Hugo Bianchi e apresentações do Grupo de Projeção Folclórica Raízes Nordestinas, do espetáculo "Área" (direção de Rosa Primo e Luis Alexandre), da performance "A Cadeirinha e Eu" (de Silvia Moura), Academia de Ballet Hugo Bianchi e Grupo de Dança Flamenca Tablado

Quando: nesta quarta, 27, a partir das 19 horas

Onde: Teatro São José (rua Rufino de Alencar, 299, Centro)

Info: @secultfor

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