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Leonilson e a Geração 80: mostra contextualiza artista em seu tempo
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Leonilson e a Geração 80: mostra contextualiza artista em seu tempo

Para marcar as três décadas desde a morte do artista visual Leonilson, Galeria Multiarte realiza exposição que contextualiza o local do cearense na chamada "Geração 80"
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Artista plástico cearense, Leonilson nasceu há 65 anos (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Artista plástico cearense, Leonilson nasceu há 65 anos

"Efervescência" é palavra-chave para compreender os contextos das artes visuais no Brasil e do próprio País que propiciaram o surgimento do grupo conhecido como Geração 80. A alcunha foi forjada a partir da célebre exposição "Como vai você, Geração 80?", montada em 1984 na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro. Dela, despontaram nomes centrais da arte contemporânea brasileira, incluindo Leonilson (1957-1993). A inserção do cearense neste fértil cenário é um dos nortes da exposição "Leonilson e a Geração 80", que tem abertura nesta terça, 25, às 19h30min, na Galeria Multiarte.

Como explica Max Perlingeiro, curador da mostra, a proximidade temporal de várias efemérides circunda a realização, uma vez que 2023 marca os 30 anos da morte do cearense, os 35 anos da Multiarte e o avizinhamento dos 40 anos da exposição realizada no Rio de Janeiro.

"Abrimos (a Multiarte) três anos após a 'Como vai você, Geração 80?', a arte contemporânea estava começando a emergir", lembra Max. Naquela década, a geração que fervilhava em ideias e afirmava o "abandono" do modernismo, como aponta o curador, era composta por Leonilson e nomes como Leda Catunda, Beatriz Milhazes, Daniel Senise, Adir Sodré de Souza, Gervane de Paula e Jorge Guinle, entre outros.

Obra "Turista no Pantanal" (1983), de Adir Sodré de Souza
Foto: Jaime Acioli / divulgação
Obra "Turista no Pantanal" (1983), de Adir Sodré de Souza

A confluência de inspirações do grupo ia da chamada "transvanguarda internacional", tendência artística surgida na Itália do começo dos anos 1980 que propunha um olhar atualizado e neo-expressionista, à aproximação do fim da ditadura no País.

"O Brasil dos anos 1980 era evidentemente efervescente, lutava para sair da ditadura e a juventude, em especial a criativa, participava desse processo", observa Marcus Lontra, um dos curadores de "Como vai você, Geração 80?", junto de Paulo Roberto Leal (1946-1991) e Sandra Magger.

"Se havia na geração anterior uma arte de combate, bastante compreensível, nos anos 1980 se exigia uma presença mais efetiva e comunicação mais imediata com o público. Essa geração surge nesse contexto de integração com o País e, principalmente, de uma arte mais feliz, buscando prepará-lo para a democracia", analisa.

Obra "A vênus morreu de amor" (1983), de Beatriz Milhazes(Foto: Jaime Acioli / divulgação)
Foto: Jaime Acioli / divulgação Obra "A vênus morreu de amor" (1983), de Beatriz Milhazes

Neste panorama, surgiam espaços dedicados à produção desses artistas, como a própria Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, e a Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), em São Paulo. "Foram pontos onde eles tiveram a possibilidade de ter uma boa formação e, ao mesmo tempo, liberdade para criar", segue Max.

Cearense radicado em São Paulo ainda cedo, Leonilson teve formação na Faap e foi dele um papel central na ligação entre os artistas de lá e a oportunidade de expor no Rio de Janeiro, isso em um circuito que dependia do eixo sudestino. "Na 'Como vai você, Geração 80?', havia presença bastante razoável de artistas não nascidos nessas cidades, mas que se deslocavam e iam morar nelas", aponta Marcus. "Ele era um grande agregador. Essa forma de ser 'ele e todo mundo' era uma coisa muito importante, uma liderança muito grande", aponta Max.

O cearense era, também, relevante em termos de inspirações artísticas e subjetivas. "Ele foi desde o início uma peça fundamental nesse contexto. Desde as primeiras exposições, trazia uma linguagem inteiramente diferente da que se considerava até então vanguardista. Nesse sentido, foi um agente político de transformação muito importante", destaca Marcus.

Confira galeria com obras de Leonilson que compõem a exposição:

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"Referência obrigatória" da arte contemporânea, a obra do Leonilson se desenvolve "numa trajetória impressionante de coerência e de sensibilidade". Um marco neste sentido é o diagnóstico de hiv, ocorrido em 1991, dois anos antes da morte dele. "Ele introduziu de maneira indiscutível a questão do cotidiano e do confessional na arte. A obra vibrante, colorida, alegre, pop, renovadora, aos poucos vai se transformando numa obra mais densa, mais melancólica, mais silenciosa", contextualiza Marcus. "Mesmo nos momentos de sofrimento, ele sempre soube expressar isso de uma forma muito poética", reforça Max.

"Num certo sentido, Leonilson é a síntese da Geração 80", define Marcus. "Ela se reuniu pra fazer a festa da democracia, de um Brasil que infelizmente não houve. O País acabou retornando às velhas oligarquias e problemas. Todo o trabalho do Leonilson, da alegria esfuziante à melancolia, sintetiza a capacidade, a decepção e o encantamento da arte dos anos 1980", avança.

Ainda que extremamente ligado ao contexto, o cearense e a obra dele seguem atuais, na avaliação de Max, pelo "frescor muito grande" que carregam em si. "É um artista que continua jovem e já fazem 30 anos da morte dele. É quase um contrassenso", compreende. "Esse humor e essa leveza que tem sua produção artística é o que encanta os jovens. É uma fonte inesgotável de novas visões", arremata o curador.

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Leonilson e a Geração 80

Quando: abertura dia 25, às 19h30min; visitação até 3 de junho, de segundas às sextas, de 10h às 18 horas
Onde: Galeria Multiarte (rua Barbosa de Freitas, 1727 – Aldeota)
Entrada gratuita
Mais informações: (85) 3261.772 e @galeriamultiarte

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