“Eu considero que o Hip-Hop me salvou, porque a gente passa por várias aventuras e desventuras, e no meio do caminho sempre tem um rap, um hip-hop, falando alguma coisa boa que edifica o ser humano”, sustenta Omar Batistuta Brito de Freitas ou, como é conhecido artisticamente, Emiciomar, sobre a importância que a música exerceu em sua trajetória.
Natural de Pacajus, o jovem de 24 anos faz essa afirmação devido a importância que ela exerceu em seus dias, inspirando-o a não desistir. “Não sei como teria resistido durante todo esse tempo se não fosse eu acordando de manhã e colocando aquela música no fone ‘truando’ ”, continua.
A conexão entre as batidas musicais e Omar começou cedo e em outro cenário. Percorrendo memórias, ele relembra que sua infância foi marcada por diversos gêneros musicais: forró pela a avó, o pagode pela mãe, o rock por um tio e o rap por um vizinho. Dos quatro, o último sobressaiu e marcou ele, juntamente com o funk e reggae.
Mas isso representa apenas sua fase como ouvinte. Saltando um pouco no tempo, ele chega ao momento em que participa de um grupo de teatro em sua cidade natal, memorando que, ao conhecer “a galera que tocava instrumentos”, teve seu primeiro contato com aqueles que faziam o som de uma música acontecer.
“E aí, fiquei pensando que é uma ‘parada’ possível de fazer também”, explica o que sentiu com o primeiro contato. “Nos intervalos com músicas sempre que via algum instrumento parado, ia mexer”, acrescenta. O período também marcou o início nas batalhas de rap — eventos realizados em rodas culturais, em que dois MCs disputam entre si com rimas improvisadas.
Os dois processos foram bases importantes para o caminho que sua carreira percorreu até agora. Foi nas batalhas que nasceu Emiciomar e como MC exercitou a escrita de suas poesias e rimas. E foi o contato com os instrumentos que o levou a perspectiva de produção musical.
Ambos foram unidos: a paixão pela criação o levou a produzir a si próprio.“Meio que a plataforma que temos somos nós”, explica a escolha, acrescentando que ainda considera cantar um desafio, não levando para si a definição de “cantor”, mas de “operário da arte”.
Outra paixão também foi encontrada pelo caminho e se mostrou um campo confortável para ele: ser DJ. “Hoje em dia, o que mais me afeiçoa é controlar tudo o que sai das caixa, não apenas minha voz. É algo que me fascina”, declara. Passou a ser reconhecido por seu trabalho e foi convidado por Mumutante, destaque da nova geração musical de Fortaleza, para produzi-la. Ela não foi a única: Mateus Fazeno Rock, Nego Gallo e outros cantores da capital cearense.
A somatória dessas experiências - sendo produtor musical, MC, beatmaker e DJ - o levaram ao momento atual de sua carreira: ele se prepara para lançar seu primeiro álbum de estúdio, intitulado “Preto”. O gênero não poderia ser outro, é aquele que o salvou nos momentos que buscava forças para continuar em busca do que desejava.
O artista revela que a ideia é fazer uma “eternização dos ‘rolês’ que viveu, como um documentário”. “Estou fazendo uma homenagem às vivências daqui. Para escutarem e se sentir bem, falar ‘realmente, a gente é isso’ “, detalha.
Mais do que isso, Omar deseja retribuir o que o movimento representou em sua jornada. “Não que eu vá salvar alguém, mas acredito no poder da música de resgatar a pessoa do fundo do poço”, destaca.
Ao fazer tal afirmação, o rapper não mentaliza uma situação específica, mas exemplifica a experiência que tinha em viajar todo dia de Fortaleza para Pacajús para trabalhar. “É muito difícil acreditar no processo. É difícil acreditar que vai dá bom quando você tem que todo dia acordar 5 horas da manhã e pegar duas horas de ônibus”, explica.
Para ele, a música, por meio de suas letras, representa um ponto de apoio para estes que não podem desistir do processo. “Ela tem um impacto muito grande no nosso psicológico. Tem a capacidade de mexer com a gente, botar para amar, para acreditar na vida”, defende seu ponto de vista.
“Não faço minha música para escutarem uma vez, faço ela para escutarem todo dia. É para ser uma que te acompanha, que você vai voltar para ela em alguns momentos da sua vida, porque eu tive algumas assim na minha. Hoje, eu até faço referências a elas. São músicas que salvam”.
Além de contribuir com o dia a dia de seu público, Omar revela outra ambição com o lançamento de “Preto” - previsto para dezembro: criar uma raiz sólida no Ceará. A ideia é atrelada ao desejo de viajar por outras cidades. “Viver circulando, fazendo música e produzindo gente nova. Tocando em lugares diferentes, levando meu estilo, mas tendo uma base aqui no Estado”, clarifica.
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