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Histórico e confortável: conheça o novo hotel do Vila Galé em Ouro Preto
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Histórico e confortável: conheça o novo hotel do Vila Galé em Ouro Preto

Prédio tombado em Ouro Preto (MG) recebe empreendimento de rede hoteleira Vila Galé, que busca conciliar "desenvolvimento com preservação"
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Prédio tombado em Ouro Preto (MG) recebe empreendimento de rede hoteleira Vila Galé (Foto: Kaio Fragoso/Vila Galé/Divulgação)
Foto: Kaio Fragoso/Vila Galé/Divulgação Prédio tombado em Ouro Preto (MG) recebe empreendimento de rede hoteleira Vila Galé

O prédio que abrigou o primeiro Regimento de Cavalaria de Portugal no Brasil, em 1779, e, mais tarde, o tradicional Colégio Salesiano Dom Bosco, perde, enfim, seu ar sisudo em 2025. O espaço agora é cenário para cafés da manhã fartos e jantares regados a vinho e música boa. Inaugurado no fim de maio, o hotel Vila Galé Collection Ouro Preto chega com a missão de somar ao cartão-postal da cidade mineira considerada Patrimônio Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco).

Da fachada preservada aos aposentos com referências ao escultor Aleijadinho (1738-1814), tudo no hotel comunica história. Aos 89 anos, a artesã Cecília Matias gostou do que viu: "Aqui é histórico, espaço muito importante. Está lindo assim, reformado". A artista, referência na técnica de tapeçaria de Arraiolos, expôs em feira de artesanato realizada dentro da propriedade durante a semana de inauguração. "Que bom que estamos aqui representando os artistas de Ouro Preto", completa.

O hotel que agora recebe a arte de Dona Cecília é fruto de investimentos empresariais que remetem à Fortaleza de 2001. Foi pela capital cearense que a rede de hotelaria portuguesa chegou ao Brasil com o Vila Galé na Praia do Futuro. De lá para cá, o grupo se expandiu em unidades em Angra dos Reis (RJ), Cumbuco (CE), Touros (RN), entre outros territórios turísticos do Brasil - e também na Espanha e em Cuba.

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"Recuperar este edifício em Ouro Preto é mais do que abrir um hotel. É trazer de volta à vida um espaço com história e alma, contribuindo para o desenvolvimento do turismo e da economia local", elabora Jorge Rebelo de Almeida, presidente e fundador da Vila Galé. "É possível conciliar desenvolvimento com preservação, oferecendo aos nossos hóspedes uma vivência autêntica da história", defende.

Ocupar o imóvel tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha-MG), porém, não saiu barato. O recém-inaugurado negócio envolveu investimento de R$ 180 milhões. Jorge Rebelo ressalta, porém, que todo o trâmite para o hotel virar realidade perpassou diferentes entes do poder público de Minas Gerais, para que tudo fosse feito em consonância com os anfitriões. Não à toa, o governador do estado, Romeu Zema (Novo), participou da cerimônia de inauguração do empreendimento.

"Estamos extremamente felizes em termos aqui esta unidade do Vila Galé em Ouro Preto, que é um dos municípios do estado de Minas Gerais que mais atrai turistas. Esse empreendimento é muito bem-vindo. Sempre tenho conversado com empreendedores, que atuam no setor de turismo, lembrando que Minas Gerais é um excelente estado para se fazer investimento, e está no centro do Brasil", destaca o gestor, evidenciando os atrativos naturais do estado sudestino.

Integrando memória com hospitalidade, o hotel tem, ao todo, 311 quartos (atualmente com 215 disponíveis em regime de soft opening) e conta com os restaurantes Massa Fina, Versátil e Inevitável, além do bar Soul & Blues. O empreendimento tem ainda três salões museológicos que remetem às ocupações anteriores do prédio: Museu da Polícia Militar, dos Salesianos e também um voltado ao cavalo Mangalarga Marchador. Ao todo, comporta ainda sete salas de convenções, uma delas com capacidade para 1000 pessoas.

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Do parque aquático infantil às atividades agregadas (como subida de balão cativo e pista de kart), todos os atrativos visam agradar hóspedes de diferentes idades. O cardápio de atividades também busca destacar o empreendimento diante das diversas ofertas de hospedagem que o estado de Minas tem. De acordo com Leônidas Oliveira, secretário de Cultura e Turismo de Minas Gerais, o território vive um ponto de virada neste ano.

"A chegada do Vila Galé a Minas Gerais simboliza o início de um novo ciclo virtuoso para o turismo em nosso estado. Minas vive hoje um boom hoteleiro sem precedentes, com mais de 30 resorts e hotéis de alto padrão em construção. O Vila Galé, com sua história de excelência e respeito ao patrimônio, chega como eixo estratégico dessa transformação", aponta.

Com arquitetura que mescla referências coloniais com mobiliário contemporâneo, o Vilá Galé Ouro Preto já chega projetando o futuro. O hotel é o primeiro da rede no Brasil a ter olivares e vinhedos para a produção dos azeites e vinhos da marca própria da rede - prática comum na terra natal do fundador Jorge Rebelo. As mudas, ainda pequenas, indicam que o cenário deve se tornar mais verde e integrado. O objetivo, Jorge explica, é que o hotel se torne ainda mais interessante com o correr dos anos.

*O jornalista viajou a convite do Vila Galé.

"O mar é que sente falta de Minas"

O selo Vila Galé aplicado no contexto cearense remete imediatamente à praia. Além do hotel pioneiro na Praia do Futuro, a rede tem outras duas unidades na Praia do Cumbuco, em Caucaia. A unidade de Ouro Preto, porém, tem um desafio: Minas Gerais não tem litoral. Os atrativos são outros.

"Minas Gerais não sente falta do mar, o mar é que sente falta de Minas, então, apesar de esse hotel não ter mar, os hóspedes não sentirão falta dele", brinca Jorge Rebelo de Almeida, presidente e fundador da Vila Galé.

Localizado em Cachoeira do Campo, um distrito a quase 20 quilômetros do centro da cidade, o hotel entrega vista para campos rupestres, matas de araucárias e florestas de candeias. Na principal área de lazer, o parque aquático, o verde do entorno é convidativo.

Ao todo, são cinco piscinas aquecidas: uma delas localizada no interior da área de SPA, duas piscinas externas para adultos e duas para crianças no clube infantil. Para compor ainda mais o clima campestre, o hotel tem também um haras de cavalos Mangalarga Marchador em parceria com o Haras M Tostes, oferecendo aos hóspedes a experiência de passeios a cavalo, charrete e iniciação a sela.

Entre as atividades disponíveis para marcação com antecedência na recepção do hotel, é possível reservar transfers e tours pelas cidades históricas, a exemplo de Tiradentes e Mariana. Quem opta por ficar apenas nas dependências do prédio, porém, terá sempre opções do que fazer, seja atividades voltadas ao conforto ou à empolgação de experimentar algo novo.

Brumadinho e mais

Durante a solenidade de inauguração do Vila Galé Ouro Preto, a rede hoteleira portuguesa e o Governo de Minas anunciaram mais uma unidade no estado: o Vila Galé Brumadinho. O município da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) é endereço do Instituto Inhotim, um dos maiores museus a céu aberto do mundo.

Com previsão de inauguração para 2027, o novo empreendimento contará com 308 apartamentos e o investimento estimado é de R$ 130 milhões. A oficialização do projeto ocorreu com a assinatura de um termo de compromisso entre Jorge Rebelo e Gabriel Parreiras (PRD), prefeito de Brumadinho.

As negociações começaram ainda em 2023, mas foram temporariamente adiadas, porém, agora sairá do papel, garante Jorge. O objetivo, destacou o empresário, é incluir diretamente no processo de elaboração do hotel a população da cidade, que ainda se recupera do rompimento da barragem da Vale, em 2019.

Em 2025, também está prevista a inauguração do Vila Galé Collection Amazônia, em Belém, no Pará. Outros quatro empreendimentos já estão em fase de construção: dois em São Luís do Maranhão e dois em Coruripe, em Alagoas.

Iracilene Carvalho e Maria Lúcia Alvim são artesãs residentes em Ouro Preto
Iracilene Carvalho e Maria Lúcia Alvim são artesãs residentes em Ouro Preto

Artesanato e pertencimento

Os convidados de todo o Brasil que chegaram agitados para a inauguração do Vila Galé Ouro Preto se depararam, de cara, com outro ritmo: o da concentração do trabalho manual. Em feira organizada para o evento de inauguração da unidade mineira, expositores da cidade histórica apresentam seus trabalhos. Entre os estandes, as artistas da Associação das Senhoras Artesãs (ASA) marcaram presença.

"Fizemos exposição sobre arte sacra na Casa dos Contos, no Centro, aí o pessoal do Vila Galé esteve presente, eles gostaram da exposição e pediram uma seleção de trabalhos diferenciados para virem expor aqui também", explica Iracilene Carvalho, integrante da associação
que desde 2008 agrupa mulheres do município em torno do empreendedorismo.

Apesar do trabalho contínuo e da honraria de Título de Utilidade Pública recebida em 2015, a entidade não tem sede. "A gente não tem um ponto fixo para estar expondo nossos trabalhos. A gente faz articulação só em feira, quando tem congresso no Centro de Convenções", diz Maria Lúcia Alvim, presidente da ASA.

As artesãs destacam que, apesar de a arte estar presente na rotina de Ouro Preto, o espaço para produtoras do próprio município é concorrido. "Esperamos que esse hotel sempre nos proporcione um espaço para que os ouropretanos, que tenham uma arte local, possam expor seus trabalhos. Se você vai à Praça Tiradentes, no Centro Histórico, você vai ver muitas lojas com um artesanato que não é local", conta Iracilene.

As duas artistas destacam que o trabalho que realizam, "com arte têxtil, bordado, cerâmica, costura criativa", também é um atrativo turístico e que merece "mais e mais espaço" junto à rede hoteleira efervescente da cidade. "É a história viva", finaliza Iracilene.

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