Entusiasta da cultura e da simpatia brasileira, o português Jorge Afonso Campos Rebelo de Almeida, 73 anos, está há 22 anos trabalhando no Brasil com seus negócios no ramo hoteleiro.
Presidente do Conselho de Administração do grupo Vila Galé, principal rede de resorts do Brasil, presente em sete estados, incluindo o Ceará, afirma ter trabalhado com o governo português para facilitar o trabalho de brasileiros no país europeu.
Inclusive, no fim de 2022, a rede Vila Galé abriu, em uma primeira etapa, 170 vagas de trabalho no ramo de hotelaria, a serem preenchidas por brasileiros, nos seus novos quatro empreendimentos.
O mais recente foi inaugurado em Alagoas, em agosto de 2022. Para este ano, o grupo tem previstos entrega de hotéis em Portugal e o início da construção de um resort premium, no Cumbuco, que deve ser concluído no final de 2024.
Após fazer intercâmbio de colaboradores Brasil/Portugal, por temporada, agora ele vai investir ainda mais em formação, aqui no Brasil, para levar mão de obra qualificada para Portugal. Novas fases de contratação devem ser abertas neste ano.
Na entrevista exclusiva do O POVO, ele fala sobre o panorama do turismo no Brasil e a importância de o País fazer o que ele chama de “lição de casa”, para atrair mais investimentos e crescer mundialmente.
O POVO - Como o senhor avalia o mercado hoteleiro no Brasil?
Jorge Rebelo - O mercado do Brasil, interno e externo, temos que distinguir. O mercado interno está bem. Ficou um bocadinho (pouquinho) aquém do que nós esperávamos, porque, curiosamente, comparando com Portugal, o 2021 em Portugal foi menor do que aqui.
Mas, em 2022, Portugal já recuperou. Já estamos acima do (movimento) antes da pandemia. Aqui no Brasil não estamos ainda acima (do movimento anterior a Covid-19).
Nos resorts, tem sido uma diferença maravilhosa, trabalhamos muito bem, já que muita gente estava desejosa de ir para a praia, de ir viajar, de ver coisas. Os hotéis localizados em cidade não estão tão bem. A recuperação tem sido mais devagar.
Mas, de qualquer forma, podemos dizer que 2022 teve um balanço positivo. A expectativa para 2023 é boa. Vai melhorar, eu acredito, porque apesar das crises há um mercado interno muito forte no Brasil. Pena que o Brasil não tem feito o trabalho de casa para trazer o turismo estrangeiro. O País tem muito pouco turismo estrangeiro.
Evidente que tem muita gente que justifica: 'Ah! A vizinhança dos países do Brasil não gera muito turismo, ao contrário de Portugal, em que nós estamos rodeados por países que geram muito turismo, a Inglaterra, a França, a Espanha, a Alemanha, são países que geram grandes fluxos de turismo em distâncias relativamente curtas.' Aqui, como o Brasil é muito grande, fica mais difícil. Agora, é fundamental que o turismo externo cresça.
OP - E qual é essa lição de casa que deve ser feita? O que o Brasil devia fazer pra atrair mais turismo?
Jorge Rebelo - A primeira coisa é que não adianta fazer promoção, gastar dinheiro em promoção, em lugares onde não existe acessibilidade. O esforço tem que ser concentrado em lugares em que já haja transporte aéreo. Onde não haja transporte aéreo, só vale a pena apostar e gastar dinheiro na promoção se houver, simultaneamente, a captação de voos.
Hoje, para o Brasil dar um salto no crescimento do turismo internacional é fundamental conseguir atrair voos. Para isto é preciso correr atrás das companhias aéreas, tem que oferecer incentivo, porque hoje o mundo trabalha assim.
Nós, em Portugal, quando demos a volta à situação do turismo, conseguimos captar muitos voos, porque pagamos, tivemos que pagar às companhias aéreas.
Agora, o Brasil tem uma outra dificuldade, o transporte interno aéreo está caro, na comparação com o padrão internacional. Tem melhorado alguma coisa em termos de acessibilidade, em termos de malha aérea, mas também precisa ser feito um grande esforço.
O Brasil não tem ferrovia, tem rodovia, mas não é maravilhosa e que precisa ser incrementada.
Há uma frase que diz: sem transporte aéreo não há turismo. E hoje toda a gente quer viajar. Em países da Europa, distâncias mais curtas do que aqui, os comboios, os trens, são uma solução. E até são uma solução de se pensar.
"Eu, se fosse dirigente do Brasil, apostava muito seriamente, sobretudo para o transporte de mercadorias. O Brasil tem grandes distâncias, o investimento é mais pesado"
O transporte do Brasil é todo feito na rodovia, que tem acidentes, dificuldades. A qualidade das rodovias não é boa. E, por isso, eu digo que valeria a pena o Brasil apostar.
Mas, prioridade imediata, é apostar na captação de operadores aéreos internacionais que venham dinamizar as ligações. A TAP, companhia portuguesa de bandeira, tem feito um trabalho extraordinário para o Brasil. Mas, eu já tenho dito à própria TAP, o Brasil precisa de mais e vocês não têm potencial para aumentar o fluxo de voos para o Brasil.
OP - Como o senhor avalia a malha aérea no Ceará?
Jorge Rebelo - Aqui no Ceará, o secretário Arialdo ( Pinho, ex-titular da Secretaria do Turism do Ceará) fez a captação da Air France e da KLM e esse é um trabalho que tem que continuar.
As ligações do Brasil ao mundo têm que ser intensificadas, porque o transporte aéreo é uma solução de duas vias: permite aos brasileiros viajarem com mais facilidade para o Exterior, mas o mais importante disso ainda é captar para o Brasil voos internacionais com turistas internacionais, porque de resto, não estou a inventar nada. É o que se faz no mundo.
OP - Tem algum exemplo que o senhor aponta e que poderíamos seguir?
Jorge Rebelo - Se nós formos ao México, vamos encontrar um volume de turistas dez vezes superior aos que vêm ao Brasil. É certo que eles têm, ali, uma proximidade com os Estados Unidos que facilita, mas eles fizeram o trabalhinho de casa deles.
É um país também que tem muitos problemas de segurança. Eu até, na minha avaliação, acho que o México, em termos de segurança física, é mais perigoso do que o Brasil.
O Brasil tem que criar polos turísticos em que a infraestrutura é melhorada, em que a segurança é melhorada. Ora, o Brasil hoje em dia, no cenário internacional, tem um outro problema.
Não é só a segurança física, essa nós sabemos que não é perfeita, e que deixa a desejar, mas também, os órgãos de comunicação passam para o exterior imagens piores do que a realidade.
A realidade não é maravilhosa, a gente sabe, mas vende só o ruim. Você não vê ninguém a divulgar que o Brasil construiu uma oferta maravilhosa de aeroportos, porque não interessa, não é notícia.
O que é notícia é só o que é mau. Isso está errado, não pode ser assim, porque prejudica o País.
OP - Como avalia a imagem do Brasil no Exterior?
Jorge Rebelo - Na área do investimento há um impedimento hoje que se chama insegurança jurídica. É preciso melhorar muito essa situação, porque senão não temos futuro. Para além de investimentos nacionais, tem gente que poderia investir aqui mas fica preocupada porque há uma burocracia grande.
O sistema financeiro é caro, o sistema tributário é caríssimo, mas pior, que é o que eu costumo dizer, podia ser caro, mas podia ser fácil. Não.
Eu vim para o Brasil, tive que estudar o sistema fiscal, porque senão eu não conseguiria entender. O sistema é muito complicado em termos tributários, para além de caro é complicado. Ou seja, se ao menos simplificasse o sistema tributário, já seria um primeiro passo.
Todos os brasileiros que eu conheço dizem que o Brasil precisa de uma reforma tributária só que ela não sai. A (reforma) trabalhista ainda foi durante o curto governo do presidente Temer, que ainda conseguiram fazer um princípio de uma forma trabalhista.
Eu gostaria de dizer o seguinte: a reforma trabalhista não é contra os trabalhadores. Eu sempre fui um social democrata e acho que para melhorar a convivência num país tem que se melhorar as condições de vida dos mais pobres, tem que dar melhores condições de trabalho.
Mas atenção, se não for feito um trabalho social que permita melhorar o emprego das pessoas, melhorar a habitação, melhorar a saúde, dificilmente a gente chega aonde quer, que é melhorar o panorama geral.
Depois, é assim, eu falo do turismo, mas eu costumo dizer que nós fazemos coisas que são importantes para o turismo, mas antes de ser importante para o turismo, elas são importantes para os cidadãos deste país que precisam ter tudo isso também melhorado. E se isso estiver melhorado os turistas vem mais.
OP - Sobre emprego, como o senhor avalia o mercado de mão de obra para o turismo?
Jorge Rebelo - Neste quesito o Brasil tem tudo para atrair turistas. Uma gente simpática que, às vezes, precisa de formação, mas nós damos formação e o nosso pessoal, hoje, aqui no Brasil, está ótimo para poder ir trabalhar para Portugal, como tem acontecido.
Nós temos mandado muita gente nossa, formada aqui, que tem ido para Portugal e que não fica atrás. Sabe qual é o maior sucesso que nós temos nos nossos hotéis em Portugal? É a animação, o lazer com os brasileiros, é o nosso pessoal daqui. Por exemplo, este ano, foram seis brasileiros das nossas equipes daqui, trabalhar seis meses na alta estação de Portugal, e foi um sucesso. Tem um jeito muito especial com as crianças, têm muitas iniciativas e são muito inovadores.
"... um brasileiro ou qualquer cidadão de um país de língua portuguesa pode entrar em Portugal sem visto e tem apenas que, em seis meses, celebrar um contrato de trabalho com alguém e ficar com a sua situação estabilizada"
Mas, atenção: Eu já tenho dito ao governo de lá que para patriar brasileiros não basta resolver só o problema do visto e do emprego. Tem que resolver, para eles e criar condições para resolver o problema da habitação.
OP - Como está a oferta hoteleira do Brasil na atualidade?
Jorge Rebelo - Eu respondo sempre que o Brasil tem que fazer o dever de casa. Tem que resolver alguns dos problemas sociais e criar incentivos fiscais e financeiros para atrair mais investimentos em hotelaria. Embora a oferta hoteleira, hoje, do Brasil é boa.
De um modo geral, melhorou muito nesses 20 anos que nós estamos aqui. Hoje há projetos de grande importância na área. Nós mesmos, temos feito hotéis em áreas que não havia nada.
Como exemplo posso dar Touros, no Rio Grande do Norte, no interior do litoral norte da Bahia. Fizemos um, agora, em Alagoas, em uma cidadezinha que tinha muita juventude, mas sem perspectiva de futuro e emprego.
Na cidade só tinha pesca e outras poucas atividades. Então, o hotel, como eles dizem, foi uma bênção, foi a possibilidade de ter um emprego.
E isso também é muito bom, sabe porque, a gente chega ao hotel e as pessoas estão tão felizes, se criou um ambiente tão bom que os turistas notam. Nós só tivemos que dar formação para as pessoas e temos vindo a dar e as pessoas evoluem muito.
OP - Quantos postos de trabalho o grupo Vila Galé possui, atualmente, no Brasil?
Jorge Rebelo - No Brasil, temos três mil postos de trabalho diretos. Já, em Portugal, temos mais hotéis e menos gente, porque lá o serviço é mais simplificado e as pessoas estão mais elásticas.
Ganham mais, mas também estão preparadas para render mais. A culpa, normalmente, das pessoas renderem menos, não é delas, mas de quem organiza.
"Se o país funciona mal, a culpa não é só dos cidadãos. Alguém tem que organizar o país melhor. Tem que fazer uma reforma da administração pública, que é muito lenta"
Porque o Brasil, voltando atrás um pouco, quando a gente imagina o que é que o turista procura, serviço e simpatia. Nós temos tudo isso, temos gastronomia e temos cultura.
O que acho que o Brasil não deve fazer é hotéis que sejam cópias de coisas importadas. Há técnicas que a gente aprende e importa para cá. Mas, no que diz respeito à cultura, à gastronomia, à arquitetura, nós temos excelentes coisas e devemos valorizá-la.
As coisas regionais são aquilo que valorizam e diferenciam o país. Claro que nos grandes resorts, temos restaurantes de gastronomia internacional, mas nunca podemos deixar de ter presente, em todas as nossas iniciativas, a realidade local e interagir com elas.
Neste hotel, aqui na Praia do Futuro, uma vez por semana, realizamos uma feira de artesanato, porque temos que valorizar a cultura brasileira.
OP - O que o senhor espera do novo governo brasileiro?
Jorge Rebelo - Precisamos de um governo que venha com coragem para fazer as reformas que o Brasil precisa, desesperadamente.
A reforma trabalhista, por exemplo, não é contra os trabalhadores, pelo contrário, a reforma é no sentido de melhorar o relacionamento no mundo do trabalho. Não tem que haver tanta litigância.
Uma empresa como a nossa, em Portugal, com 27 hotéis, não tem uma única ação no Tribunal do Trabalho.
Aqui, tenho imensas. E por quê? Porque nós tratamos mal as pessoas aqui? Não. E o que é que é preciso fazer? É acabar com a obrigação das burocracias no mundo do trabalho, com as complicações, dificuldades e atrasos da Justiça do Trabalho. É preciso simplificar e qualificar as coisas.
A (reforma) tributária, como já referi, é fundamental que este governo faça. Aqui tem um imposto, que eu acho que é terrível, que é o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). O Brasil é um só.
Aliás, depois dessa agitação toda que existiu durante esta campanha eleitoral, que até prejudicou um bocadinho o turismo, criou-se aqui uma coisa que eu acho que não é bom para o Brasil. O Brasil precisa de se unir novamente.
Tem muitos estados, mas precisa ser um só e a ligação entre os estados, com as barreiras alfandegárias, é uma criação do século passado que podia ser mudada por uma política, como as que os franceses chamavam, que é “deixa fazer, deixa passar”, facilitar a ligação, resolver o problema das alíquotas do ICMS.
Porque o ICMS é um imposto que não é só caro. Volto a dizer, é muito complicado, dá trabalho.
Nós temos que ter gente nos hotéis, nas empresas deste País, para gerir esse ICMS. Era tão mais simples utilizar um imposto como o europeu, que é IVA (Imposto sobre Valor Acrescentado).
O Estado perde, as pessoas não perdem, e facilita a vida das empresas que trabalham com negócios de estado para estado.
"Tem que haver menos impostos. Nem estou falando de valor, aliás, estou falando também de valor, naturalmente, que é alto, mas estou mais a falar da dificuldade para as empresas gerirem tanta carga fiscal."
E, depois, tem um tema que eu espero que o governo aposte seriamente, que é a educação. Um país, para se desenvolver, precisa desesperadamente ter um sistema de educação acessível aos mais pobres.
O Brasil precisa muito de um sistema social que tenha um serviço nacional de saúde e um serviço nacional de educação.
Se a gente quer que este País dê um salto de crescimento e desenvolvimento, não é só uma medida desgarrada que vai salvar, não. Os diagnósticos já foram feitos e o que é preciso é a ação.
A solução é mágica? Não. É de um dia para o outro? Não. Mas ao começar o caminho faz-se o caminhar. E nós temos que começar a tratar isso. Porque é bom para todos nós.
OP - Como o senhor acha que podemos projetar o turismo do Ceará?
Jorge Rebelo - O Ceará, como outros estados, tem uma vantagem muito grande, mas é o que fica mais perto da Europa. Esse foi um dos motivos por ser o estado por onde começamos. Havia um voo direto da TAP e a ligação aérea é fundamental.
O Ceará foi o nosso primeiro amor, somos o principal investidor de turismo no Estado e vemos que o governo tem trabalhado relativamente bem no turismo, mas ainda tem muito para fazer. Fez em Jericoacoara o aeroporto que está muito bonito. Aquele litoral norte do Ceará está ficando mais desenvolvido. Há espaço para crescer. E este nosso Cumbuco, nós ali temos feito o mais resort do estado, eu diria também o melhor, mas cabe a mim, isto são os turistas que tem que dizer.
Já temos um hotel grande lá, temos um condomínio de casas, vamos lançar mais dois condomínios de casas em 2023 e vamos fazer o nosso maior hotel aqui que é o Vila Galé Sun Set Collection Cumbuco (com investimento de R$ 65 milhões).
O Ceará tem uma boa penetração em Portugal, mas volto a dizer que o grande trabalho do estado é ter acessibilidade via malha aérea.
Temos que buscar turistas no Canadá, temos que reforçar a vinda de norte americanos e temos que olhar para estes países todos que estão a se desenvolver na nossa vizinhança, o colombiano, o chileno, o peruano, o argentino, temos que buscar.
OP - Já se teve notícias de que o grupo Vila Galé gostaria de investir em Jericoacoara e o senhor citou, agora, o aeroporto de lá. Como estão estas tratativas?
Jorge Rebelo - Jericoacoara é uma vontade, só que não tem sido fácil encontrar uma área em boas condições para receber um projeto nosso. Em algumas, o preço é muito caro, outras por terem problemas ambientais não era possível adquirir e, por isso, naquele momento não deu certo. Mas, não saiu do nosso horizonte, nós continuamos a pensar, seriamente.
Agora, não necessariamente em Jeri, porque eu diria que Jeri já está bastante lotado, mas há todo aquele litoral.
Lá temos Preá, temos (a Praia de) Barrinha, temos Aranaú, e nestas áreas nós continuamos procurando uma área para ter um projeto Vila Galé.
OP - E sobre as próximas ações do grupo no Cumbuco, como estão?
Jorge Rebelo - Com certeza, o Cumbuco vai dar um salto nos próximos anos, com condomínios, com esse hotel de luxo que estamos fazendo.
Vai ter uma oferta muito diversificada. Estamos trabalhando na nossa urbanização e queremos encaixar lá uma escola, que também é uma estrutura muito importante para aquela região, e temos previsto também um shopping com supermercado, porque será uma urbanização muito grande, já que estamos falando de uma área de quase 400 hectares.
OP - Qual o tamanho do investimento no Cumbuco?
Jorge Rebelo - O hotel que já temos é um investimento que atinge os R$ 250 milhões. O Condomínio VG Sun, que foi um investimento na ordem de R$ 120 milhões.
Agora, este condomínio que estamos falando está na ordem de cerca de R$ 25 milhões e vamos continuar a fazer mais coisas, porque, de fato, é um destino que vai ser a grande referência turística do Ceará, o Cumbuco. No Brasil é o maior investimento do grupo concentrado em uma localidade.
Do nosso hotel premium, já temos o projeto em fase de aprovação e no começo de janeiro, deve sair a licença ambiental para iniciarmos a obra que tem a inauguração prevista para outubro de 2024.
OP - Quais são os próximos projetos?
Jorge Rebelo - Temos quatro projetos de novos hotéis em Portugal: Vila Galé Collection Tomar (Tomar), Vila Galé Collection São Miguel (Ponta Delgada, Açores), Vila Galé Nep Kids (Beja) e Vila Galé Monte do Vilar (Beja).
No Brasil, agora, de imediato, vamos ter um projeto para o centro histórico de São Luís, no Maranhão. Vamos restaurar um edifício antigo, que é algo que eu, particularmente gosto muito. E, fomos finalmente cumprir uma promessa que tínhamos feito, de ir fazer uma visita a Minas Gerais.
Fomos conhecer o Instituto Inhotim e, depois, fomos a Ouro Preto, que para nós dá até vontade de chorar, porque é uma cidade portuguesa que está mantida, preservada.
Então, São Luís está certo, e esperamos assinar em janeiro o acordo com o governo do estado (do Maranhão). Já temos o projeto de restauro, está na fase burocrática, mas vai dar certo.
Em Minas está mais atrasado. Fomos muito bem recebidos, fizemos um grande evento de apresentação dos nossos hotéis do Brasil e de Portugal.
Apresentamos os nossos vinhos, nossos azeites, porque temos um desejo, aqui no Brasil, de ainda fazer uma experiência com vinho e pode ser em Minas, porque é uma área que pode ser que tenha condições para experimentar fazer lá uma vinha.
"Eu terminaria dizendo que é muito importante que o turismo e a cultura andem juntos. E o meio ambiente, o turismo precisa, desesperadamente, que haja preservação e sustentabilidade ambiental."
É urgente que tomemos medidas com relação ao meio ambiente, sob pena de não sobrevivermos. Tem gente que leva isso na brincadeira, mas não é, e nós temos que, de fato, melhorar a nossa qualidade de vida com respeito ao meio ambiente.
A história de Jorge Almeida com o Brasil começa muito antes do início dos anos 2000. No final da década de 80, ele veio de férias visitar o irmão, piloto aéreo, que morava em São Paulo. Depois disso, muitas foram as suas férias tiradas no Nordeste, até começar a empreender
Jorge Almeida mora em Portugal, mas é apaixonado pelo Brasil. Por conta disso, vem em média oito vezes por ano ao País. Toda a sua família reside na Europa e parte trabalha no grupo do Vila Galé. Tem cinco filhos e as duas mais novas são luso-brasileiras (nascidas em Portugal, de mãe baiana)
Além de sua paixão pelo trabalhar, Jorge de Almeida manifesta preocupação com o meio ambiente e com a estruturação do turismo no País, também com foco no restauro de locais históricos e valorização da cultura local, tendo foco em literatura, obras de arte e artesanato
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