A partir desta quinta-feira, 4, equipamentos culturais de Fortaleza são “inundados” por rodadas de negócios, formação, mentorias, palestras, showcases, feira e apresentações artísticas. Chega à capital cearense a nova edição do Mercado das Indústrias Criativas do Brasil (MICBR), evento destinado a valorizar os potenciais da economia criativa.
Gratuita, a programação é aberta ao público. O MICBR é realizado nos principais equipamentos culturais de Fortaleza, abrangendo Teatro São José, Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (CDMAC), Hub Porto Dragão, Escola Porto Iracema das Artes, Biblioteca Pública Estadual do Ceará (Bece) e Centro Cultural Belchior (CCBEL).
Nomes como Maria Marighella, Talles Azigon, Bráulio Bessa, Halder Gomes, Russo Passapusso e Rita Von Hunty integram a extensa programação. Há, por exemplo, painéis sobre temas como o "videogame como exportador da cultura brasileira", "economia criativa afro", "hip-hop como negócio cultural" e "direitos autorais na era digital".
Ao todo, 15 setores da economia criativa participam do MICBR: Áreas Técnicas, Artes Visuais, Artesanato, Audiovisual e Animação, Circo, Dança, Design, Editorial, Gastronomia, Hip-Hop, Jogos Eletrônicos, Moda, Museus e Patrimônio, Música e Teatro. Foram selecionados 350 empreendedores representando todos os estados brasileiros e o Distrito Federal.
O MICBR foi criado para fortalecer a economia criativa brasileira como política de Estado. A ideia, como destaca ao Vida&Arte a ministra da Cultura, Margareth Menezes, é “promover a internacionalização da produção cultural do Brasil, ampliar oportunidades de negócios para empreendedores e empreendedoras criativas e consolidar o País como referência global no setor”.
A edição deste ano do MICBR é posta como “a maior” desde que foi criado o evento. Margareth Menezes indica três razões para esse título: primeiro, pela integração inédita com a Ibero-América, trazendo ao Brasil profissionais e mercados de diversos países; segundo, pela ampliação dos segmentos participantes, com 15 setores criativos.
Por último, pela “robustez da programação”: são centenas de rodadas de negócios, showcases, painéis, formações, mentorias e atividades abertas ao público. O MICBR em Fortaleza também é destaque pela união com o Festival Elos (leia mais na página 3), que começa nesta quinta-feira, 4, e segue até domingo, 7.
Segundo a ministra da Cultura, a escolha de Fortaleza como sede do MICBR ocorreu devido à sua infraestrutura qualificada, à mobilização local e ao seu “ecossistema cultural vibrante”. Foi, pois, uma “decisão estratégica” do Ministério da Cultura e do governo Lula selecionar a capital cearense como casa para o evento.
“A região é um polo criativo continental, com uma força cultural imensa e constante inovação. Ao realizar o Mercado em Fortaleza, buscamos levar oportunidades, fortalecer territórios criativos e impulsionar empreendedores e empreendedoras que muitas vezes ficam à margem dos grandes centros”, explica Margareth Menezes.
O evento ganha ainda mais importância ao se perceber como a economia criativa é hoje um dos “pilares do desenvolvimento econômico e social do Brasil”, conforme a ministra da Cultura. Ela aponta que o setor movimenta erca de R$ 230 bilhões por ano, gera 7,8 milhões de empregos e envolve mais de 130 mil empresas formais.
Margareth Menezes ressalta também outro aspecto: “A importância da economia criativa vai além dos números. Ela valoriza identidades, fortalece territórios, promove diversidade e amplia a participação social. É um campo que cria caminhos de inclusão produtiva para mulheres, jovens, periféricos, povos indígenas e comunidades tradicionais”.
Secretária da Cultura de Fortaleza, Helena Barbosa afirma que o MICBR representa uma oportunidade estratégica para impulsionar talentos e empreendimentos criativos da capital cearense. Como afirma, a realização do evento é resultado de diálogo integrado entre a Secretaria da Cultura de Fortaleza (Secultfor), o Instituto Cultural Iracema, o MinC e a Secretaria da Cultura do Ceará (Secult-CE).
“A programação foi construída de forma colaborativa, considerando as características, vocações e capacidades operacionais de cada equipamento envolvido. O trabalho conjunto entre as equipes permitiu distribuir atividades de mercado, formações, shows e exposições em espaços que potencializam o alcance do evento e asseguram sua diversidade”, enfatiza.
De acordo com a titular da pasta, Fortaleza vive momento de “fortalecimento da economia criativa” e, ao longo do ano, a realização de feiras e ateliês em eventos descentralizados, como no Festival Bora e nos 100 anos da Praia de Iracema, foi uma das alternativas para ampliar parcerias e intercâmbios.
Um dos artistas participantes desta edição do MICBR é o produtor cultural, arte-educador, ator e palhaço Neto Holanda. Ele foi selecionado a partir do seu projeto Academia do Riso, iniciativa de formação e capacitação em arte circense, focada na arte do palhaço. Neto observa no evento a possibilidade de conseguir parcerias para o desenvolvimento do projeto.
Em 2026, o curso do artista completa 9 anos e conta com parceria institucional do Theatro José de Alencar (TJA). No MICBR, Neto participará de oficinas, palestras, rodadas de negócios e mentorias. “Estou ansioso pelas rodadas de negócios e as mentorias para ter orientação e fortalecimento das estratégias de desenvolvimento do projeto”, declara.
A partir do MICBR, vê a possibilidade de ampliar redes de contato e de fazer parcerias para participar de festivais dentro e fora do Brasil. Assim, o MICBR tem importância relevante: “A meu ver, o futuro das artes no Ceará, especialmente em Fortaleza, que é onde eu também atuo, é na produção cultural e no investimento e na qualificação da produção cultural. Quando temos um evento como o MICBR, focamos em como promover o trabalho artístico já existente”.
Ele acrescenta: “É uma oportunidade não só para os selecionados se promoverem, mas para capacitar os artistas locais a melhorarem seus trabalhos e a se qualificarem como produtores culturais para que seus trabalhos possam ser competitivos. É a chance de entrar no mercado e disputar de igual para igual não só no Ceará, mas fora dele também”.
MICBR
Quando: quinta-feira, 4,
a domingo, 7
Programação completa,
com horários e locais:
gov.br/micbr