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Rebecca Silva já projeta Paris-2024: "Esses três anos vão passar voando"
Reportagem Especial

Rebecca Silva já projeta Paris-2024: "Esses três anos vão passar voando"

Em entrevista exclusiva, a jogadora de vôlei de praia falou sobre as dificuldades em Tóquio, a importância da saúde mental e os planos para o futuro

Rebecca Silva já projeta Paris-2024: "Esses três anos vão passar voando"

Em entrevista exclusiva, a jogadora de vôlei de praia falou sobre as dificuldades em Tóquio, a importância da saúde mental e os planos para o futuro
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Rebecca Silva foi mais um capítulo da maior história do esporte olímpico do Estado, o vôlei de praia. Representando o Brasil em Tóquio-2020, a cearense, ao lado da mineira Ana Patricia, chegou às quartas de final do torneio, ficando perto de beliscar uma medalha. Antes da jovem jogadora, o Ceará conquistou três pratas (duas com Shelda e uma com Márcio Araújo) e um bronze (com a dupla Juliana e Larissa, radicada no Estado). 

Em Tóquio-2020, o Brasil ficou pela primeira vez na história sem medalhas no vôlei de praia, modalidade que estreou no programa olímpico em Atlanta-1996. Ana Patricia e Rebecca foram eliminadas em um jogo equilibradíssimo pelas suíças Anouk Vergé-Dépré e Joana Heidrich, que terminariam com o bronze.

Apesar da frustração, Rebecca viveu um momento especial ao estrear em Jogos Olímpicos aos 28 anos e promete foco para Paris-2024. Em entrevista ao O POVO, a cearense contou sobre o clima olímpico, a saúde mental dos atletas, a evolução do cenário mundial da modalidade e suas ambições para o futuro.

O POVO: Ivonete, sua mãe, pratica vôlei há mais de 30 anos. Você a considera como principal inspiração para se tornar a atleta que é hoje? Qual a importância da sua família na caminhada até Tóquio?

Rebecca Silva: Eu nasci numa quadra de vôlei. Meus pais jogaram, meu marido joga, minha vida é criada na beira da quadra, então a importância é total. Não sei o que seria da minha vida sem o vôlei. Meus pais sempre me apoiaram em tudo e nunca teria como agradecer.

O POVO: Você seguiu o legado de outros cearenses que disputaram as Olimpíadas pelo vôlei de praia, como Franco Neto, Márcio Araújo e Shelda Bedê. O que você sentiu quando chegou a Tóquio? 

Rebecca Silva: Realmente é uma coisa de outro mundo. A gente só se dá conta quando está lá vivendo isso. Mas o que eu mais senti mesmo foi calor. Ô lugar quente, viu? Brincadeira (risos)! A gente se sente muito especial por estar lá. Vem junto com uma responsabilidade gigante também. Foi uma experiência inesquecível, eu saí muito feliz de lá, de tudo que construí, acho que consegui entender muitas coisas por estar lá. E agora eu quero ir além. Quero buscar a classificação para Paris e quero ganhar uma medalha. Sei o quanto é difícil, sei que poucos conseguem, mas quero trabalhar muito para chegar ainda melhor.

Rebecca Silva durante sua participação nas Olimpíadas de Tóquio 2020(Foto: Reprodução/FIVB)
Foto: Reprodução/FIVB Rebecca Silva durante sua participação nas Olimpíadas de Tóquio 2020

O POVO: O que você sentiu ao representar o Brasil e o Ceará em uma Olimpíada?

Rebecca: Eu sempre levo meu Ceará comigo em todos os torneios. A gente já tem uma tradição grande no vôlei de praia, não só com esses que você citou, mas também com a Juliana e a Larissa, que também eram um pouco cearenses. É uma mistura de orgulho, alegria, pressão, vontade de vencer, tudo junto ao mesmo tempo. Foi massa demais. Espero que o meu povo tenha se sentido bem representado.

 

"O Brasil está sempre buscando um lugar entre os melhores, mas é notório como o resto do mundo evoluiu. Mas não é o fim do mundo. Vamos ter três anos agora para analisar onde podemos ser melhores para poder fazer diferente em Paris." Rebecca Silva, jogadora de vôlei

 

O POVO: Foi sua estreia em Jogos Olímpicos e, ao lado da Ana Patrícia, vocês chegaram até as quartas de final do torneio. Pela primeira vez o Brasil ficou sem medalhas no vôlei de praia desde que a modalidade foi incorporada ao programa olímpico, nos Jogos de Atlanta, em 1996. Você acredita que o esporte está mais equilibrado hoje do que em anos anteriores? Qual é a sua avaliação em relação ao cenário do vôlei de praia brasileiro?

Rebecca: Ficamos muito tristes por não ter tido nenhuma medalha para o vôlei de praia. Mas a nossa modalidade é isso, é equilibrada demais. São muitas duplas boas. No Circuito Mundial existe um equilíbrio gigantesco. São sempre seis ou oito duplas que podem vencer, fora que toda hora alguém surpreende. O Brasil está sempre buscando um lugar entre os melhores, mas é notório como o resto do mundo evoluiu. Mas não é o fim do mundo. Vamos ter três anos agora para analisar onde podemos ser melhores para poder fazer diferente em Paris.

 

"Acabamos optando por ficar um pouco longe das redes sociais a partir de um certo momento e foi fundamental para ficarmos concentradas na competição." Rebecca Silva, ao comentar sobre saúde mental

 

O POVO: Durante a Olimpíada, a atleta americana de ginástica, Simone Biles, abordou um tema importante: saúde mental dos atletas. Qual a sua opinião sobre este tema e como você lida com essa questão em relação ao desgaste psicológico provocado pela preparação pré-torneio e também pela pressão por resultados?

Rebecca: É uma pressão muito grande mesmo. Mas eu acho que consegui me preparar bem. Tivemos um trabalho consistente com a nossa psicóloga Maíra durante todo esse tempo. Claro que só quando a gente vive, que sabemos mesmo (o peso da competição). Mas foi bem importante. Além do nosso trabalho com a assessoria, que conseguiu fazer um filtro de tudo que chegava para nós. Acabamos optando por ficar um pouco longe das redes sociais a partir de um certo momento e foi fundamental para ficarmos concentradas na competição.

O POVO: Como foi a recepção ao retornar a Fortaleza?

Rebecca: Uma delícia. Aqui é a minha terra. Infelizmente ainda não podemos nos aglomerar, não podemos sentir mesmo o carinho das pessoas, mas as redes sociais estão sendo incríveis nesse sentido. Eu passo boa parte do tempo lendo as mensagens no meu Instagram e é massa demais. Fico muito feliz por terem gostado tanto do meu trabalho e prometo que vou trabalhar mais ainda pra trazer mais alegrias pra gente.

O POVO: Quais são suas ambições daqui para frente, visando os Jogos de Paris, em 2024?

Rebecca: Agora eu estou com uns dias de folga para recarregar as baterias. Mas quando voltarmos aos treinos vamos continuar disputando o Circuito Brasileiro, Mundial e a longo prazo buscar a classificação para Paris. Todo mundo tá dizendo que Paris é logo ali e é mesmo. Esses três anos vão passar voando.

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