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Ceará em imagens na travessia do século XIX para o século XX
Reportagem Especial

Ceará em imagens na travessia do século XIX para o século XX

Na data em que se comemora o Dia do Ceará, marco da emancipação do Estado, O POVO mostra fotos históricas que narram as principais mudanças nas paisagens do Estado entre as últimas décadas do século XIX e as primeiras décadas do século XX

Ceará em imagens na travessia do século XIX para o século XX

Na data em que se comemora o Dia do Ceará, marco da emancipação do Estado, O POVO mostra fotos históricas que narram as principais mudanças nas paisagens do Estado entre as últimas décadas do século XIX e as primeiras décadas do século XX
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Um século é tempo bastante para a paisagem se transformar a ponto de ficar irreconhecível. OP+ buscou registros fotográficos históricos, que mostram imagens do Ceará desde as últimas décadas do século XIX até o início do século XX, chegando até a década de 1930. Registros do fim da província e do surgimento do Estado. Um Ceará que não existe mais.

As imagens são parte do projeto Brasiliana Fotográfica, realizado pela Fundação Biblioteca Nacional em parceria com o Instituto Moreira Salles. Entre as fotos, registros feitos pela Escola de Aviação Militar, parte do acervo do Museu Aeroespacial. Imagens aéreas que revelam a Fortaleza da década de 1930. Panoramas de uma cidade sem verticalização e quase irreconhecível, salvo por marcos como o Colégio Militar, o 23º Batalhão de Caçadores e a Praça do Ferreira.

É exibida uma cidade ainda engatinhando na urbanização, com cobertura vegetal hoje a fazer falta, os primeiros automóveis e as antigas construções. O acervo revela aspectos das antigas vilas que viraram distritos e hoje estão entre os bairros mais importantes da Capital: Messejana e Parangaba.

São mostradas também paisagens e caminhos da atual Região Metropolitana, com cenas de Maranguape, Eusébio, o antigo Soure, atual Caucaia. E também de "Maracanahú", ainda longe de se tornar o atual município.

Vê-se um estado que era ainda muito rural, com caminhos de terra e construções rudimentares. São vistos Quixadá, Guaramiranga, Aurora e outros.

Em 17 de janeiro comemora-se o Dia do Ceará, alusão a quando a então província se emancipou, em 1799. O POVO registra a data com essa seleção de imagens que contam histórias.

 

 

Fortaleza vista do céu ...

 Imagens da Escola de Aviação Militar, do acervo do Museu Aeroespacial, foram feitas entre 1934 e 1937 e mostram aspectos diversos da Fortaleza de então. A imagem mais familiar é a Praça do Ferreira, em uma de suas várias configurações. Pela natureza da instituição responsável, havia particular interesse pelas estruturas militares, o que oferece interessantes panoramas do Colégio Militar de Fortaleza — e, por consequência, do início da região da Aldeota.

 

 

... Fortaleza vista da terra

 

Fortaleza de outra perspectiva, não mais do alto. Aspectos curiosos do começo do século XX. Obras públicas, caso de um bueiro na rua São José. Seria no riacho Pajeú, à margem do qual nasceu Fortaleza? Há também aspectos do início dos transportes motorizados, com um carro sobre ponte na Jacarecanga. E detalhes do cotidiano registrados na Escola de Aprendizes Marinheiros, com exercícios físicos e uso de bonde e automóvel.

 


Antiga vila de Messejana

Foi em 31 de outubro de 1921 que a vila de Messejana, antigo aldeamento indígena, foi anexada a Fortaleza. Em 1933, virou distrito da Capital. As imagens registram a famosa lagoa e também antigos caminhos de terra, com algumas edificações. Distante da agitação de um dos bairros mais populosos da Capital no século XXI.

 

 

Parangaba, ou Porangaba, ou Arronches

A Parangaba, creditada nas imagens como Porangaba, e que também já foi chamada Arronches, tem história com semelhanças com a de Messejana. Também foi aldeia indígena e vila portuguesa antes da anexação e transformação em distrito, até atual bairro da Capital. Nas fotos, automóvel percorre caminhos de terra, e paisagens rurais e arborizadas.

 

 

Uma aldeia chamada Caucaia 

Como Messejana e Parangada, Caucaia era uma aldeia indígena. Tinha administração dos jesuítas, e foi transformada em vila quando foram expulsos por ordem do Marquês de Pombal. Passou a se chamar Vila Nova Real de Soure. É este o nome, Soure, que aparece nos créditos. Nos registros do que hoje é o maior município cearense depois da Capital são vistas estradas que cruzam a paisagem rural e pontes que cruzam áreas de mangue. 


 

A pacata Maranguape

As imagens revelam uma pacata paisagem rural do município vizinho a Fortaleza. Antigas construções que acompanham os caminhos das estradas de terra. Hoje, a região entre Fortaleza, Maranguape e Maracanaú — emancipada de Maranguape em 1983 — está entre as mais adensadas do Estado, longe da placidez que as fotos mostram no começo do século XX.

 

 

Eusébio ainda uma área rural

Eusébio cresceu e atraiu indústrias e moradores de Fortaleza, com condomínios de luxo. Tem robusta oferta de serviços, com shoppings, bons restaurantes, escolas particulares de referência, desenvolve vida autônoma que não fica a dever à Capital. Há aproximadamente 100 anos, são vistas estradas de terra, de aspecto rural e distante da urbanização. Não diferente de muitas das imagens da época, sobretudo fora de Fortaleza. Também é visto o rio Coaçu — grafado na ocasião como Coassu. 


 

Paisagens de Maracanaú

É hoje polo industrial do Ceará e maior PIB depois da Capital. Com larga diferença para o terceiro lugar. Na época, era parque do município de Maranguape. A emancipação ocorreu em 1983. Daí a curiosidade da localidade então grafada como Maracanahú.

 

 

A freguesia do Quixadá

Interessante panorama da paisagem do Sertão Central, uma das mais peculiares do território cearense. Imagens mostram a localidade acanhada e também amplos espaços abertos do semiárido. A Freguesia de Quixadá foi criada por lei provincial em 5 de novembro de 1869. O município foi criado em 27 de outubro de 1870, desmembrado de Quixeramobim e elevado a vila. Em 17 de agosto de 1889, a vila virou cidade.

 

 

Guaramiranga antiga e bucólica

Um dos locais mais aprazíveis do Ceará, o que o torna destino de turismo dos que querem fugir do calor, era antigo território indígena. Depois, o plantio de café levou as fazendas e o início da urbanização. Ainda hoje é o menor município do Ceará em população, embora a especulação imobiliária cause problemas ambientais. Nas imagens de cunho turístico, a antiga e bucólica cidade e aspectos da natureza.

 

 

Seca: o Brasil descobre o Ceará

Provavelmente as primeiras imagens do Ceará a percorrer o Brasil e a ganhar fama foram os registros da seca de 1877 a 1879, chamada Seca dos Três Setes. Foi uma das mais terríveis da história do Nordeste e teve o Ceará como local que mais sofreu. O flagelo da falta de comida e água foi complementado por uma devastadora epidemia de varíola. As impressionantes imagens da miséria chocaram o império e até hoje compõem um imaginário sobre o sertão.

 

 

Trabalhadores e flagelados

Um dos reflexos da Seca dos Três Setes foi a tentativa de políticas públicas de resposta às estiagens. Um dos caminhos foi a aposta em obras estatais para empregar os retirantes. Uma tentativa de fornecer auxílio governamental, ao mesmo tempo em que se buscava evitar as revoltas populares e as migrações em larga escala. Nas imagens, do começo do século XX, são vistos trabalhadores, familiares e as acomodações que eles ocupavam pelos sertões.

 

 

Outras paisagens cearenses

Imagens de outras paisagens pelo Ceará expõem pessoas, lugares, obras, estradas, açudes e o avanço das estradas de ferro. Uma das imagens é da Colônia Agrícola Ophaneologica Christina, fundada em 1880 na atual Redenção. Era um abrigo para órfãos, mais uma das políticas sociais resultado da seca de 1877-1879.

 

 

Como nasceu o Dia do Ceará

Em 17 de janeiro de 1799, o Ceará ganhou a emancipação.

Para entender essa história:

 

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