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Conflito entre facção e PMs investigados amedronta Grande Pirambu
Reportagem Especial

Conflito entre facção e PMs investigados amedronta Grande Pirambu

Pelo menos, três homicídios já foram registrados no confronto entre os policiais e integrantes do Comando Vermelho. Entenda o contexto desta guerra

Conflito entre facção e PMs investigados amedronta Grande Pirambu

Pelo menos, três homicídios já foram registrados no confronto entre os policiais e integrantes do Comando Vermelho. Entenda o contexto desta guerra
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Quarta-feira, 31 de janeiro de 2024. O homem apontado como “02” da facção criminosa que age no bairro Pirambu é morto em intervenção policial no Rio de Janeiro (RJ). Em seguida, vieram três momentos.

O primeiro foi no dia seguinte à morte, 1º de fevereiro, quando faccionados ameaçaram comerciantes para que fechassem estabelecimentos, o que se estendeu para unidades de saúde e ensino. No dia 2 de fevereiro, foi “permitido” que o comércio abrisse as portas, mas festas e som alto estavam “proibidos”. No terceiro dia, um sábado, uma grande queima de fogos foi feita para homenagear Fábio de Almeida Maia, também conhecido como Biu ou Tartaruga.

Os atos criminosos, porém, não parariam por aí, assim como não atingiriam somente o Pirambu. Bairros vizinhos como Cristo Redentor, Carlito Pamplona, Álvaro Weyne e até mesmo Barra do Ceará passaram a registrar ações criminosas praticadas não somente pela facção Comando Vermelho (CV), mas também por uma suposta organização criminosa constituída por policiais militares, que antagoniza com a facção.

31/1/2024 – Um homem de uma facção criminosa que atua no Pirambu é morto em uma operação no Rio de Janeiro, desencadeando uma série de atos violentos no bairro e entorno(Foto: Ilustração Carlus Campos com intervenções de IA)
Foto: Ilustração Carlus Campos com intervenções de IA 31/1/2024 – Um homem de uma facção criminosa que atua no Pirambu é morto em uma operação no Rio de Janeiro, desencadeando uma série de atos violentos no bairro e entorno

Ao menos três homicídios foram relacionados a esse conflito. Em 12 de fevereiro, o soldado Bruno Lopes Marques foi assassinado enquanto estava de folga em um bar localizado na avenida Pasteur, no bairro Carlito Pamplona. Uma camisa feita em homenagem a Biu foi encontrada no local do crime, fazendo com que o crime fosse relacionado a uma suposta ordem do CV para que PMs moradores da região fossem executados.

A ligação entre a morte de Biu e a do soldado Marques ainda é investigada. Nos dias que se seguiram, dois suspeitos de integrar a facção foram presos temporariamente na investigação do assassinato do PM.

Conforme o Ministério Público Estadual (MPCE), o assassinato do soldado levou a uma reação por parte de outros PMs. No dia 15 de fevereiro, dois homens foram assassinados nos bairros Cristo Redentor e Carlito Pamplona: Arthur dos Santos Rodrigues e Márcio Wallace de Sousa Matos, respectivamente. Um outro homem ficou ferido.

Dois dias depois, porém, os policiais seriam as vítimas. Cinco deles foram baleados e a principal suspeita da investigação é de que, na busca extraoficial que os PM faziam por faccionados que os ameaçavam, os agentes de segurança foram surpreendidos e atingidos. Um sexto PM também foi baleado no mesmo dia no bairro Jardim Iracema, mas alegou ter sido vítima de um assalto.

1º/2 a 3/2/2024 – Faccionados ameaçaram comerciantes, proibiram festas e soltaram rojões para homenagear o morto em operação no Rio de Janeiro. Uma suposta organização criminosa constituída por PMs também teria patrocinado ações criminosas(Foto: Ilustração Carlus Campos com intervenções de IA)
Foto: Ilustração Carlus Campos com intervenções de IA 1º/2 a 3/2/2024 – Faccionados ameaçaram comerciantes, proibiram festas e soltaram rojões para homenagear o morto em operação no Rio de Janeiro. Uma suposta organização criminosa constituída por PMs também teria patrocinado ações criminosas

O POVO apurou com um ex-oficial de inteligência que uma investigação do MPCE sobre a suposta organização criminosa composta por PMs teria vazado. Documentos da apuração passaram a circular nas redes sociais e os endereços dos PMs investigados chegaram até faccionados. Isso teria feito com que os PMs investigados passassem a ser ameaçados.

Por outro lado, também os supostos milicianos passaram a ameaçar os integrantes do CV do Grande Pirambu, afirmou a mesma fonte. O “01” da facção na região, identificado como Carlos Mateus da Silva Alencar, o Skidum ou Fiel, teria determinado que sua família se mudasse do Pirambu, a fim de evitar que eles sofressem alguma retaliação, contou o policial ouvido por O POVO.

O temor da fonte é que a guerra entre supostos milicianos e faccionados não termine, e mais mortes ocorram, mesmo após a prisão do soldado Igo Jefferson Silva de Sousa, apontado como integrante da suposta organização criminosa composta por PMs, ocorrida no dia 21 de fevereiro.

Igo, que já era investigado na operação Interitus, teve a prisão decretada pela Justiça, a pedido do MPCE, pela suspeita de que ele teve envolvimento nas mortes de Arthur e Márcio Wallace. 

"Ressalta o GAECO/MP que por tudo que foi relatado aqui, se faz necessária a prisão preventiva tanto para evitar um derramamento de sangue na região do Pirambu e adjacências, entre traficantes e o grupo dos policiais militares além de preservar a integridade física do próprio cabo Igo, já que se tem notícia de que o mesmo foi alvo de disparos de arma de fogo na madrugada do último sábado", consta na decisão da juíza Christianne Braga Magalhães Cabral.

12/2/2024 – Um soldado foi assassinado em um bar no Carlito Pamplona, enquanto estava de folga. Sua morte passou a ser investigada por suspeita de represália à morte do faccionado no Rio de Janeiro(Foto: Ilustração Carlus Campos com intervenções de IA)
Foto: Ilustração Carlus Campos com intervenções de IA 12/2/2024 – Um soldado foi assassinado em um bar no Carlito Pamplona, enquanto estava de folga. Sua morte passou a ser investigada por suspeita de represália à morte do faccionado no Rio de Janeiro

Em 2011, Igo Jefferson foi acusado, ao lado de um outro PM, de atirar duas vezes nas pernas de um adolescente que teria roubado um relógio de sua mãe no bairro Cristo Redentor. Na esfera administrativa, Igo Jefferson foi condenado a oito dias de prisão. O episódio prescreveu e, por isso, os militares não foram penalizados na esfera criminal.

Em 12 de fevereiro de 2020, durante a paralisação da PM, Igo Jefferson e outros policiais foram acusados de ter invadido uma residência no Icaraí, em Caucaia, e levado diversos objetos, incluindo três relógios de alto padrão.

Na ocasião, conforme a CGD, os militares afirmaram que "investigavam uma denúncia de que ali ocorreriam ilícitos” e intimidaram o caseiro do local dizendo que forjariam um flagrante contra ele, tendo ainda exigido que ele avisasse ao proprietário do imóvel.

No dia 29 de fevereiro, os PMs voltaram ao local, derrubaram o portão e subtraíram vários objetos de valor. Por esse caso, Igo Jefferson e os soldados Daniel Medeiros de Siqueira e Sidney do Nascimento Lopes foram afastados preventivamente por 120 dias. A apuração desse caso segue em andamento.

Após a prisão de Igo, no último dia 21, a defesa dele afirmou ao O POVO que as acusações são “baseadas em conjecturas” e “meras ilações”. O advogado Germano Palácio ainda ressaltou que Igo é responsável por diversas prisões na região e que sua prisão era desnecessária.

 

 

 “Tudo Quatro”: PMs são investigados por extorsões e homicídios

A suposta organização criminosa composta por policiais militares que agiria no Grande Pirambu é investigada desde, pelo menos, 2021, pelo Ministério Público Estadual (MPCE) e pela Coordenadoria de Inteligência (Coin) da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS). Em novembro de 2022, Gaeco e Coin cumpriram mandados de busca e apreensão contra seis policiais suspeitos de envolvimento no grupo e o material apreendido na ação ainda é objeto de análise.

Pichação "Tudo 4", suposta referência a uma organização criminosa composta por policiais militares investigada pela Coin e pelo MPCE(Foto: Reprodução/Google Maps)
Foto: Reprodução/Google Maps Pichação "Tudo 4", suposta referência a uma organização criminosa composta por policiais militares investigada pela Coin e pelo MPCE

Um dos investigados na chamada operação "Embrionária", entretanto, teve a prisão decretada por causa dos episódios recentes ocorridos no Grande Pirambu e na Grande Barra do Ceará. Em 17 de fevereiro, seis policiais militares foram baleados na Barra do Ceará e no Jardim Guanabara. Dois dias antes, dois homens foram mortos no Cristo Redentor e no Carlito Pamplona — crime cuja suspeita recai sobre PMs.

O soldado Igo Jefferson Silva de Sousa, um dos PMs baleados na Barra do Ceará, é suspeito de envolvimento nos assassinatos do dia 15 de fevereiro, o que fez com o MPCE pedisse a prisão dele nos autos da operação "Interitus", deflagrada em novembro passado contra nove PMs.

15/2/2024 - Dois homens foram assassinados e um ficou ferido nos bairros Cristo Redentor e Carlito Pamplona, no que teria sido uma reação de PMs à morte do soldado(Foto: Ilustração Carlus Campos com intervenções de IA)
Foto: Ilustração Carlus Campos com intervenções de IA 15/2/2024 - Dois homens foram assassinados e um ficou ferido nos bairros Cristo Redentor e Carlito Pamplona, no que teria sido uma reação de PMs à morte do soldado

A operação encontrou um elo entre Igo e o soldado Bruno Lopes Marques, morto no Carlito Pamplona. Em conversas no WhatsApp, conforme o MPCE, os dois conversavam sobre traficantes da região do Pirambu “e o meio usado para facilitar a localização desses infratores e, consequentemente, a realização da abordagem ilegal” (extorsão).

“Além desses diálogos, no dia 08/03/2023 foi identificado um sobre a execução de um indivíduo conhecido como ‘Chico’. Portanto, ficou evidente a parceria entre os dois policiais militares aqui citados para a prática de crimes”, afirmou o MPCE.

Na "Embrionária", O POVO apurou que mais de 20 policiais — em sua maioria, militares, mas também há policiais civis e penais — foram citados durante a investigação. Alguns deles, inclusive, já haviam sido presos em flagrante por outros casos de extorsão.

17/2/2024 -  5 policiais foram baleados. A principal suspeita é que os PMs faziam uma busca extraoficial e foram surpreendidos. Um sexto PM também foi baleado no mesmo dia no bairro Jardim Iracema, mas alegou ter sido vítima de um assalto(Foto: Ilustração Carlus Campos com intervenções de IA)
Foto: Ilustração Carlus Campos com intervenções de IA 17/2/2024 - 5 policiais foram baleados. A principal suspeita é que os PMs faziam uma busca extraoficial e foram surpreendidos. Um sexto PM também foi baleado no mesmo dia no bairro Jardim Iracema, mas alegou ter sido vítima de um assalto

Um Relatório de Inteligência (Relint) da Coin datado de 2021 apontava que os policiais eram suspeitos de integrar “organização criminosa voltada à prática de graves crimes eminentemente execuções e extorsões a comerciantes e traficantes locais, com o fito de tomar o controle do tráfico de drogas do Bairro Tabapuá, em Caucaia”.

Entretanto, houve crimes registrados em outras regiões. Exemplo disso foi um suposto furto qualificado contra um homem apontado como hacker, episódio ocorrido em um condomínio no bairro Mucuripe em 2021, de acordo com o relatório da Coin.

Câmeras de vigilância flagraram três homens, que disseram que estavam ali para cumprir um mandado de busca e apreensão, invadindo o apartamento do hacker. O hacker conseguiu fugir por uma janela, mas teve diversos bens levados pelo trio. A Coin conseguiu identificar dois dos homens como sendo um policial penal e o outro, militar.

O mesmo relatório ouviu um informante que relatou diversos casos de extorsão e apropriação de materiais ilícitos de traficantes. Foram colacionadas ainda mensagens extraídas de uma outra investigação policial, em que suspeitos de integrar a facção CV aparecem dizendo que um comparsa deles foi abordado por PMs e que, após “soltar um papel” — ou seja, pagar propina — ele foi solto.

21/2/2024 – Preso o soldado Igo Jefferson Silva de Sousa, apontado como integrante da suposta organização criminosa composta por PMs(Foto: Ilustração Carlus Campos com intervenções de IA)
Foto: Ilustração Carlus Campos com intervenções de IA 21/2/2024 – Preso o soldado Igo Jefferson Silva de Sousa, apontado como integrante da suposta organização criminosa composta por PMs

A Coin, ao analisar o sistema que acompanha as viaturas policiais por GPS, observou que uma viatura esteve no mesmo local descrito nas mensagens. Entre os três PMs da composição estava Igo, cujo nome chega a ser citado pelos faccionados.

Conforme o relatório, a organização criminosa teria até mesmo um nome: Tudo Quatro. O nome viria da sigla PMCE, da mesma maneira que o Comando Vermelho (CV) se denomina “Tudo Dois” e a Guardiões do Estado (GDE), “Tudo Três”.

Fotos em redes sociais, compiladas pela Coin, mostram alguns dos investigados posando com quatro dedos erguidos, no que seria uma menção a “Tudo Quatro”. Até mesmo pichações em muros de Fortaleza foram encontradas com a inscrição, colacionou a inteligência da SSPDS. 

Alguns dos alvos da "Embrionária" também foram alvos de uma outra operação contra uma organização criminosa que seria composta por PMs.

"Ei, macho, eu queria só, que tivesse só mais três caras de coragem que eu ia lá era de Polícia Civil, metia o pezão na porta e arrastava, pegava as armas, pegava tudo, ainda detonava um ou outro que tivesse lá dentro"

 

Na operação "Interitus", deflagrada em novembro passado, mandados de busca e apreensão foram cumpridos contra os soldados Igo Jefferson e Marcus Vinicius Linhares Mesquita.

Conforme o MPCE, os dois integravam a organização criminosa comandada pelo cabo José Otaviano Silva Xavier. Os áudios obtidos pelo MPCE indicavam, porém, que tanto Igo, quanto Mesquita haviam se distanciado dessa organização.

“Ei, macho, eu queria só, que tivesse só mais três caras de coragem que eu ia lá era de Polícia Civil, metia o pezão na porta e arrastava, pegava as armas, pegava tudo, ainda detonava um ou outro que tivesse lá dentro”, afirmou Xavier em uma das gravações obtidas pela Interitus.

“É porque, macho, a Polícia se acabou, tanto os de folga não tem mais, que quando era no tempo dos meninos... ah, se o MESQUITA e o IGOR tivesse aqui na área... que era só falar. Não tem mais não, macho, acabou”.

 

 

PMs teriam praticado, ao menos, nove homicídios em cinco anos, aponta Coin

Em 2021, a Coordenadoria de Inteligência (Coin), da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS), produziu um Relatório de Inteligência (Relint) afirmando haver indícios de envolvimento de um grupo de policiais militares em nove assassinatos ocorridos entre 2014 e 2019. Entre os homicídios listados no Relint nº 060/2021/Cecint/Coin/SSPDS está um triplo homicídio ocorrido em janeiro de 2019 no bairro Jacarecanga, em que pai, mãe e filho foram assassinados.

Testemunha ouvida no caso atribui os assassinatos a dois PMs investigados na operação "Embrionária" — como eles ainda não foram acusados formalmente, O POVO opta por não divulgar os nomes deles. O inquérito que investiga o caso segue em andamento e está em segredo de Justiça.

A suposta organização criminosa composta por PMs com características de milícia, que age no Grande Pirambu  é investigada desde, pelo menos, 2021, pelo Ministério Público Estadual e Coordenadoria de Inteligência (Coin) da (SSPDS)(Foto: Ilustração Carlus Campos com intervenções de IA)
Foto: Ilustração Carlus Campos com intervenções de IA A suposta organização criminosa composta por PMs com características de milícia, que age no Grande Pirambu é investigada desde, pelo menos, 2021, pelo Ministério Público Estadual e Coordenadoria de Inteligência (Coin) da (SSPDS)

Outro PM investigado na Embrionária é citado no Relint nº 060/2021/Cecint/Coin/SSPDS como suspeito de participação em um duplo homicídio registrado em 25 de agosto de 2018 no bairro Quintino Cunha.

Conforme a Coin, o carro utilizado no crime pertenceria a um PM, que o emprestou a um outro PM “a fim de que o ‘grupo de extermínio’ executasse ‘bandidos’ como represália ao triplo homicídio de policiais ocorridos em 23 de agosto de 2018, em um bar na Vila Manoel Sátiro”. Também esse duplo homicídio no Quintino Cunha segue sendo investigado sem nenhum indiciado até o momento.

Dos nove homicídios colacionados no Relint apenas um resultou em denúncia: o assassinato de Adenilton Gadelha dos Santos, de 22 anos, na Barra do Ceará, em 31 de janeiro de 2019. O soldado Luis Mardônio Moraes da Silva foi pronunciado pelo crime e recorre da decisão em instâncias superiores para não ir a Júri Popular.

Investigações apontam ligações entre os policiais  Igo Jefferson Silva de Sousa, um dos PMs baleados na Barra do Ceará, suspeito de  de envolvimento nos assassinatos do dia 15/2/2024, e Bruno Lopes Marques, morto no Carlito Pamplona em 12/2/2024(Foto: Ilustração Carlus Campos com intervenções de IA)
Foto: Ilustração Carlus Campos com intervenções de IA Investigações apontam ligações entre os policiais Igo Jefferson Silva de Sousa, um dos PMs baleados na Barra do Ceará, suspeito de de envolvimento nos assassinatos do dia 15/2/2024, e Bruno Lopes Marques, morto no Carlito Pamplona em 12/2/2024

Luis Mardônio foi condenado em primeira instância a 46 anos de prisão por um outro assassinato ocorrido no bairro Planalto Ayrton Senna, quatro dias após a morte de Adenilton — este crime, por sua vez, ocorreu minutos após o triplo homicídio na Jacarecanga, levando os investigadores a acreditarem que as cinco mortes estão relacionados.

É citado ainda pela Coin o caso de um duplo homicídio registrado em 8 de janeiro de 2019, no Pirambu, que o Relint apontou a suspeita de participação de PMs. O inquérito da Polícia Civil, porém, foi arquivado por falta de provas.

 

Confira abaixo todos os homicídios relacionados a PMs pelo Relint nº 060/2021/Cecint/Coin/SSPDS

 

 

Facção no Pirambu recebe ordens do Rio de Janeiro

Mesmo refugiado no Rio de Janeiro, Carlos Mateus da Silva Alencar, o Skidum ou Fiel, o principal chefe do Comando Vermelho (CV) no Pirambu, é apontado como o mandante de alguns dos crimes de maior repercussão dos últimos anos em Fortaleza.

É o caso, por exemplo, do crime que vitimou o comunicador Givanildo Oliveira, conhecido como Gigi, idealizador do portal Pirambu News, em 7 de fevereiro de 2022. E também do assassinato da menina Thauany de Assis Paiva, de 5 anos, morta em 6 de maio de 2023 na Barra do Ceará.

Investigações também apontam que o Comando Vermelho no Pirambu recebe ordem de chefe que que vive no Rio de Janeiro(Foto: CARLUS CAMPOS)
Foto: CARLUS CAMPOS Investigações também apontam que o Comando Vermelho no Pirambu recebe ordem de chefe que que vive no Rio de Janeiro

Como O POVO mostrou em maio de 2023, Skidum e Fábio de Almeida Maia, o Biu, à época, eram réus por, pelo menos, 10 homicídios, mas suas fichas policiais apontam que eles são indiciados ou, ao menos, investigados por cerca de 50 homicídios nas regiões dos bairros Pirambu, Farias Brito e, até mesmo, Messejana.

No dia 20 de fevereiro de 2024, nove integrantes do CV do Pirambu foram presos pela Delegacia de Combate às Ações Criminosas Organizadas (Draco), incluindo um homem apontado como o principal “elo” entre Skidum e o bando.

Todos eles integravam um grupo no aplicativo WhatsApp denominado como “Pirambu Vermelhão”. São eles: Davi Reinaldo Rodrigues Castro, Ericson Alves Nunes, Francisco Denilson da Frota, Bruno Oliveira Ferreira, Marcel Guilherme da Silva Dantas de Oliveira, Francisco Crislano de Oliveira Araújo, Jorge Luis Alves de Freitas Filho, Dione do Carmo de Araújo e João Batista Valentim do Nascimento.

Além do conflito com a suposta organização criminosa composta por PMs, o CV do Pirambu esteve envolvido com dois outros conflitos. Na disputa com a facção criminosa Guardiões do Estado (GDE), que age na comunidade da Colônia, na Barra do Ceará, oito pessoas foram baleadas entre 30 de abril de 2023 e 6 de maio de 2023. Entre as vítimas estava a menina Thauany.

O CV naquela região também passou a registrar um conflito interno, já que alguns de seus integrantes deixaram a organização e passaram a se considerar “Massa” ou “Neutros”. Nesse conflito, entre 5 e 9 de agosto de 2023, três pessoas foram mortas no bairro Carlito Pamplona.

Em 10 de agosto, três carros foram incendiados no Grande Pirambu, no que seria uma forma de acionar a Polícia para essa ocorrência e desguarnecer o condomínio Dom Helder Câmara, alvo do CV. Ambas as rivalidades persistem até os dias atuais.

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