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Casal viu em areninha oportunidade de negócio na Aerolândia
Reportagem Seriada

Casal viu em areninha oportunidade de negócio na Aerolândia

Valdenora Ramos, 55, e Josimar da Silva, 55, abriram um bar após movimento aumentar e segurança melhorar na Aerolândia após a instalação de uma areninha
Episódio 3

Casal viu em areninha oportunidade de negócio na Aerolândia

Valdenora Ramos, 55, e Josimar da Silva, 55, abriram um bar após movimento aumentar e segurança melhorar na Aerolândia após a instalação de uma areninha
Episódio 3
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A construção da areninha na Aerolândia virou oportunidade de negócio para um casal de moradores do bairro. As melhorias no espaço, que antes era uma ocupação, incluindo segurança e fluxo de movimentação, despertaram o interesse de empreender de Valdenora Ramos, 55, e Josimar da Silva, 55.

Juntos há 15 anos, os dois estavam desempregados e decidiram vender água, refrigerante e cerveja em frente à areninha da Aerolândia. O casal levava as bebidas em um isopor no porta malas do carro, um Fiat Idea de 2007. Com o fluxo intenso de pessoas no local, o negócio decolou.

"Fiquei em pânico. Gastei esperando abrir para ter um retorno, quando veio a notícia (lockdown). Tive muita ansiedade" Nena, proprietária do Arena Drinks

 

Animados, Valdenora, conhecida como Nena, e Josimar resolveram dar um passo a mais no comércio. Um ponto para aluguel estava disponível em frente à areninha. Após dois meses vendendo as bebidas no carro, eles alugaram o imóvel para abrir um bar, que se chamaria "Arena Drinks". O investimento foi de mais de 12 mil.

Quando o casal fechou o acordo de aluguel e preparou o bar, veio a frustração imposta pela pandemia da Covid-19. Em março de 2020, o governador Camilo Santana decretou o "lockdown" no Estado do Ceará como medida de segurança.

"Fiquei em pânico. Gastei esperando abrir para ter um retorno, quando veio a notícia (lockdown). Tive muita ansiedade. Ficava olhando quando o Camilo ia liberar, mas nunca chegava nos bares. Depois foi liberando gradualmente", lembra Nena.

A dupla passou por todo o processo de reabertura gradual e viu o movimento aumentar no "Arena Drinks". Além das bebidas, o cardápio do bar tem drinks e opções de petiscos.

De desempregados a empreendedores:  Valdenora Ramos, e Josimar da Silva aproveitaram oportunidades trazidas pela implantação da Areninha na Aerolândia(Foto: Thais Mesquita)
Foto: Thais Mesquita De desempregados a empreendedores: Valdenora Ramos, e Josimar da Silva aproveitaram oportunidades trazidas pela implantação da Areninha na Aerolândia

"Antes não dava para ter um bar aqui. Isso (areninha) foi um presente de Deus, que nós da comunidade recebemos. Melhorou muito o ambiente. Aqui em cima (do bar) é um estúdio de música. Muitas bandas famosas vinham aqui. O dono saiu daqui (antes da areninha) para o Passaré. Mas depois da areninha, ele trouxe o estúdio de volta. Está uma maravilha", afirma Josimar, que fez toda a decoração de artesanato do estabelecimento.

O fim de semana é agitado no local com música ao vivo. Quando tem campeonato, o fluxo cresce ainda mais. Aos domingos, o movimento do bar começa ainda pela manhã por causa do racha dos veteranos.

"Melhoram as vendas. Os campeonatos atraem mais pessoas, dá uma multidão", ressalta Nena. "Não é bom só para nós, mas para outras pessoas também que colocam barraquinhas, gente que está desempregada. Vendem cachorro quente, batata frita. Tudo isso veio para somar", completa Josimar.

 

 

Praça com areninha na Caucaia atrai empreendedores

Pizzaria, hamburgueria, açaí e box de crossfit são alguns dos empreendimentos no entorno da praça da Jurema, na Caucaia, onde está localizada uma das 277 areninhas do Estado. O fluxo intenso no local possibilitou a manutenção de negócios à comunidade.

Antes das intervenções na praça, a falta de segurança e a baixa movimentação na região dificultavam a abertura de empreendimentos. Moradora do bairro há 37 anos, dona Val, 61, viu de perto a mudança. Hoje, ela tem uma loja de artigos infantis e possui pontos comerciais alugados ao redor do local.

"Isso aqui era totalmente desabitado. Depois que fizeram a praça e a areninha, melhorou muito, tem mais movimento, tem coisa para a criança fazer", conta Val.

Entorno da praça da Jurema, na Caucaia, atrai empreendedores e negócios(Foto: Aurelio Alves)
Foto: Aurelio Alves Entorno da praça da Jurema, na Caucaia, atrai empreendedores e negócios

Ela explica que o sábado e o domingo são os dias de maior movimentação nos negócios da região. Os estabelecimentos no entorno ficam lotados.

"Foi bom para as pessoas. Têm os ambulantes, gente que vive disso. Tenho pontos alugados aqui. Tem pizzaria, hamburgueria, açaí. Muito comércio. O que mais atrai mais as pessoas à noite é comida", afirma.

"Melhorou 100% aqui. A população vem brincar, tem lazer. Melhorou muito a minha venda" Edmar Ramos, vendedor ambulante na praça da Jurema

 

Edmar Ramos, 53, leva o seu carrinho de comida para a praça até nos feriados. Com opções de sucos, sanduíches e tapioca, o vendedor ambulante viu na região uma forma de encarar as dificuldades financeiras provocadas pela pandemia da Covid-19.

"Melhorou 100% aqui. A população vem brincar, tem lazer. Melhorou muito a minha venda. Chego 16 horas e ficou até 22 horas. O melhor dia é sábado. É lotado", diz ele.

Lucas Rocha (primeiro em pé da esquerda para direita) é proprietário de um box na Caucaia, próximo de uma areninha
Lucas Rocha (primeiro em pé da esquerda para direita) é proprietário de um box na Caucaia, próximo de uma areninha (Foto: ARQUIVO PESSOAL)

O fluxo da praça e da areninha chamou a atenção de Lucas Rocha, 27. Esse foi um dos motivos que levou o rapaz a investir em um box de crossfit na região.

"São atrativos para o meu negócio. Meu estabelecimento está aberto quando a praça está bem cheia de crianças e adultos. Há outras atrações na praça, como dança, capoeira, futsal, basquete. Houve um impacto sim", diz Lucas, proprietário do Sertão Cross, que fica aberto durante os três turnos do dia.

"Acredito que acaba sendo um grande corredor de pessoas que vê a movimentação no box. O pessoal observa (o box), tira foto, pega o contato, pede informações" Lucas Rocha, dono de um box de crossfit

O empreendimento, localizado em uma das laterais da praça, acaba despertando também o interesse de quem passa, conta Lucas. "Houve grande melhoria (para a comunidade) com a implementação da pracinha. E acaba impactando positivamente para gente e para outros empreendedores da localidade. Acredito que acaba sendo um grande corredor de pessoas que vê a movimentação no box. O pessoal observa (o box), tira foto, pega o contato, pede informações."

 

 

Professor muda rotina na Jurema com aulas de dança gratuitas

A estrutura da praça da Jurema, na Caucaia, que inclui a areninha, quadra poliesportiva, academia ao ar livre e brinquedos para crianças, permitiu uma nova rotina de saúde na região. Uma das opções para quem busca sair do sedentarismo é a dança gratuita no espaço.

No final de tarde, a praça começa a ganhar frequentadoras com vestimentas leves. Pequenas rodas de conversas animadas entre amigas são formadas. O papo só para quando o carismático professor de dança José Ribamar Martins, 57, mais conhecido como Maninho, chega carregando sua caixa de som.

Há nove anos, Maninho tem um projeto que leva aulas de danças gratuitas para moradores da Jurema. Antes mesmo da estrutura atual da praça, o professor já trazia o gingado para o local, mas com menor adesão em meio à insegurança da época.

Professor de dança, Maninho dá aulas em quadra dentro da praça da Jurema, na Caucaia(Foto: Aurelio Alves)
Foto: Aurelio Alves Professor de dança, Maninho dá aulas em quadra dentro da praça da Jurema, na Caucaia

"Aumentou muito a procura. Por causa da escuridão, não tinha muita gente. Agora você vê parquinho para crianças, tem futsal e basquete na quadra, forró após a ginástica. Tudo de graça para a comunidade", conta Maninho, que tem o apoio de um empresário da região.

As aulas acontecem em três dias da semana - segunda, quarta e sexta - nos turnos da manhã e tarde. O palco da dança é a quadra poliesportiva do espaço. Quando Maninho dá o play nas músicas já selecionadas na sua caixa de som é hora de balançar o corpo de acordo com os movimentos comandados pelo professor. As canções ecoam na praça e atraem olhares de quem passa.

"Tenho testemunho de pessoa que saiu da depressão por causa da dança, tenho aluna de 80 anos fazendo atividade física. Eu sou muito motivador", afirma.

Antes da construção da praça e da areninha, o professor praticava atividade física ao redor do antigo campo que havia no local. Foi quando ele teve a ideia de iniciar com as aulas para a comunidade.

"Mudou bastante a minha rotina. Hoje, sou mais alegre, ativa. A depressão foi embora"

"Comecei a chamar as pessoas e deu certo. Não tinha nem essa praça. Quando construíram a praça acabaram com o campo de futebol, veio a areninha também. Melhorou muito com as mudanças. Muitas pessoas tinham medo", conta.

O simpático professor ressalta os benefícios da dança. "Tira do sedentarismo, melhora o ânimo e condicionamento físico. As pessoas ficam mais saudáveis. Cuide da saúde hoje para não cuidar da doença amanhã."

 

 

Da depressão ao bem-estar: alunas narram melhorias com dança na praça da Jurema

A dança teve um impacto direto na vida da dona de casa Joana d'Arc Alves, que superou uma depressão após iniciar a atividade física na praça da Jurema. Os movimentos coreografados por Maninho coloriram a rotina da aluna, que passou por momentos difíceis em meio à morte do marido.

Antes da construção da praça, ela não costumava frequentar o local por medo. A falta de iluminação e a insegurança afastavam a dona de casa do espaço. "Aqui era muito destruído, perigoso. Uma vez, quando vim, teve um tiroteio. Agora melhorou bastante depois que foram construídas a areninha e a pracinha", explica.

"Mudou bastante a minha rotina. Hoje, sou mais alegre, ativa. A depressão foi embora" Joana d´Arc Alves, aluna do professor Maninho

 

As amigas, que já frequentavam as aulas de dança no local, convidaram Joana. "Eu conheci depois de uma depressão que comecei a ter. Comecei a vir para as aulas do professor Maninho e já faz cinco anos que participo", diz a dona de casa.

"Mudou bastante a minha rotina. Hoje, sou mais alegre, ativa. A depressão foi embora", completa Joana.

A costureira Inês da Silva, 50, reforça as melhorias para a rotina alinhada à atividade física. "É muito gratificante. As meninas começaram a participar mais por conta da segurança. Dá mais vontade de vir. Quando você vem, não quer mais deixar de vir. Mudou muita coisa. Antes eu tinha dor na perna, no joelho, já amanhecia toda dolorida. Diminuí o peso, estou mais saudável. Fiz uns exames, deu tudo certo. Devo isso a dança."

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Para a autônoma Mariely Duarte, 41, o acesso gratuito às atividades físicas na praça permitiu que mais moradores mudassem a rotina. Hoje, ela conta sorridente sobre os benefícios trazidos pela dança.

"É uma questão de saúde, de você poder respirar melhor, perder peso. Muito mais importante do que a estética é a saúde. É uma atividade muito prazerosa. O projeto da dança tem uma grande importância para a gente."

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