A intensa e acirrada corrida presidencial do Brasil em 2022 movimentou as mais diversas áreas da sociedade. Responsável por mexer com emoções de milhões, o esporte também ganhou voz no tema, em especial o futebol.
De craques do passado a jogadores em atividade, ídolos da modalidade esportiva mais popular do país se posicionaram antes do segundo turno, declarando e pedindo voto para Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Às vésperas da Copa do Mundo do Catar, futebol e política já eram temas em comum em razão de apoiadores do atual presidente da República utilizarem camisas da seleção brasileira e bandeiras do Brasil — artigos que antes eram, em geral, mais vistos e associados justamente na época do Mundial.
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) não expôs preferência quanto a candidatos, e o atual elenco do time nacional fizera um pacto para evitar o tema, mantendo o foco na busca pelo hexacampeonato.
O técnico Tite, inclusive, chegou a declarar que não visitará Bolsonaro em caso de conquista de título. Tradicionalmente, a seleção leva a taça de campeão mundial em encontro com o presidente no retorno ao Brasil após as Copas.
Camisa 10 e principal jogador brasileiro em atividade, Neymar assumiu voto em Jair Bolsonaro, participou de live com o candidato à reeleição e até prometeu comemorar o eventual primeiro gol no Catar fazendo o número de Bolsonaro com as mãos. O atacante do PSG disse que o atual presidente o "apoiou no pior momento" e que eles compartilham os mesmos valores.
O apoio a Bolsonaro, inclusive, é majoritário entre os atletas do futebol — ao menos aqueles que expõem publicamente -, seja por pautas morais, religiosas ou afinidades em outros temas.
O meia-atacante Lucas Moura, que disputou a Copa de 2014 e hoje defende o Tottenham, da Inglaterra, também se mostrou favorável à reeleição do presidente "para evitar o comunismo no Brasil".
Herói do tetra em 1994, Romário entrou no mundo político após pendurar as chuteiras e se tornou um apoiador do candidato do PL. Pentacampeão, o ex-atacante Rivaldo seguiu o mesmo caminho, a exemplo de Falcão, ídolo do futsal.
Robinho, que foi condenado a nove anos de prisão na Itália por estupro, postou foto nas redes sociais em que comemorava um gol fazendo gesto com o número de Bolsonaro.
O ex-goleiro Marcos, também pentacampeão; o técnico Renato Gaúcho, do Grêmio; o volante Felipe Melo, hoje no Fluminense; e o lateral-direito Daniel Alves, que pode disputar a Copa do Catar e hoje atua no futebol mexicano, também foram favoráveis ao nome.
A candidatura de Lula ganhou apoio entre ex-atletas que se costumam se manifestar em temas políticos e sociais. Figura ativa na Democracia Corinthiana, na década de 1980, Walter Casagrande já havia se manifestado em entrevista ao O POVO, criticando a atual gestão do Governo Federal.
Irmão de Sócrates, o ex-meia Raí, tetracampeão mundial, mostrou-se favorável ao candidato do PT e até aproveitou a cerimônia da Bola de Ouro para se posicionar. Na ocasião, o ídolo do São Paulo entregou o prêmio Sócrates (por ações de impacto social) ao senegalês Sadio Mané e, durante o discurso, fez gesto com a mão da letra inicial do nome do ex-presidente.
Atleta histórico do Vasco da Gama, Juninho Pernambucano também declarou voto em Lula, assim como o ex-atacante Reinaldo, ídolo do Atlético-MG. O ex-volante Elias, que atuou por Corinthians e Flamengo, e o ex-lateral Wladimir, que também participou da Democracia Corinthiana, estiveram presentes em evento de Lula com esportistas.
Dos jogadores em atividade, o meia Paulinho, revelado pelo Vasco e hoje no Bayer Leverkusen, da Alemanha, e o lateral-direito Igor Julião, cria do Fluminense e hoje no futebol português, são entusiastas da campanha do petista. O técnico Vanderlei Luxemburgo, que inclusive pretendia concorrer ao Senado por Tocantins, também declarou voto em Lula no segundo turno.
O atacante Richarlison, titular da seleção brasileira e companheiro de Lucas Moura no Tottenham, tem postura combativa contra discriminação (racismo e homofobia, por exemplo) e também pautas sociais do país, mas não não declarou apoio a qualquer candidato.