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Napoleão, Tia Simôa e outros dragões do mar
Reportagem Seriada

Napoleão, Tia Simôa e outros dragões do mar

Episódio 2

Napoleão, Tia Simôa e outros dragões do mar

Episódio 2
Tipo Crônica Por

A Greve dos Jangadeiros no Ceará, há 140 anos, mudou o rumo da escravização e do tráfico de seres humanos negros para o Brasil. Em janeiro de 1881, nos dias 27, 29 e 30, um grupo de bravos do mar trancou o Porto de Fortaleza e, dali em diante, decretou que não haveria mais transporte nem comercialização de escravizados arrancados da África

Na praia, o negro liberto José Luís Napoleão e Tia Simôa, sua companheira e esposa, lideraram os jangadeiros naquela que seria a ação mais ousada contra o sistema escravocrata implantado pela coroa portuguesa. 

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O protagonismo de José Napoleão, de Tia Simôa e de outros jangadeiros anônimos, por causa dos silêncios e apagamentos da história, não se fixou na construção da memória até aqui. O mais escrito como herói foi Francisco José do Nascimento, o Dragão do Mar ou Chico da Matilde. 

A seguir, em uma crônica da rima quebrada, quase nos passos do cordel, parte dessa narrativa que ainda tem muito para ser revelada pela historiografia da abolição da escravidão no Ceará e no Brasil

 

 

Rabiscos na areia

Carlus Campos, artista plástico, ilustrador do O POVO(Foto: Ethi Arcanjo/O POVO 14/6/2013)
Foto: Ethi Arcanjo/O POVO 14/6/2013 Carlus Campos, artista plástico, ilustrador do O POVO

A narrativa sobre a “Greve dos Jangadeiros”, ocorrida em janeiro de 1881, também é contada pelo traço do artista visual Carlus Campos. Como não há imagens históricas e retratos sobre os personagens José Luiz Napoleão e Tia Simôa, Carlus se vale de inspirações que compõem a cena da revolta que marcou o fim do transporte de escravizados no Porto de Fortaleza. Os corpos negros, o sol, o mar e a jangada como se fossem rabiscos na areia da praia e com a economia de cores.

 



Fonte

Livro Abolição no Ceará (4ª edição/Maracanaú/1988), do historiador Raimundo Girão (1900-1988)

Dissertação de mestrado Esboço de uma biografia de musealização - o caso da jangada libertadora (2018/UFC), do museólogo Saulo Moreno Rocha, educador do Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará (Mauc)

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