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Abstenção cresce, mas não o suficiente para influenciar resultado
Reportagem Seriada

Abstenção cresce, mas não o suficiente para influenciar resultado

Quase três milhões de pessoas a mais se abstiveram das eleições presidenciais de 2022, em comparação a 2018
Episódio 18

Abstenção cresce, mas não o suficiente para influenciar resultado

Quase três milhões de pessoas a mais se abstiveram das eleições presidenciais de 2022, em comparação a 2018
Episódio 18
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Desde a criação da urna eletrônica, as eleições de 2022 registram a segunda maior abstenção da história dos pleitos presidenciais no Brasil. Enquanto no último pleito 29.941.171 brasileiros não votaram, em 2022 foram 32.766.498 de abstenções, correspondendo a 20,95% do eleitorado. A diferença de um ano para outro é de 2.825.327 eleitores a menos.

A porcentagem mais alta de abstenção foi em 1998, nas primeiras eleições presidenciais após a instituição do voto eletrônico no Brasil (em 1996).

 

Histórico de abstenções, brancos e nulos pós-criação da urna eletrônica (1998-2022)


Estadualmente, Rondônia foi a que mais se absteve de votar, com 24,65%; enquanto isso, Roraima foi mais às urnas (abstenção de 16,70%). O Ceará teve 17,45% abstenções, além de 1,28% votos brancos e 2,26% nulos. 

Por outro lado, quem foi votar realmente escolheu algum candidato. A porcentagem de votos brancos e nulos em 2022 é a menor na série histórica. Em 2018, os votos nulos foram 6,14%, mas caíram para 2,82% neste pleito. Já os brancos vinham caindo desde 2014, registrando 1,59% neste domingo. 

 

Abstenção e votos brancos e nulos por estado (1º turno - 2022)

 

A pesquisadora Paula Vieira, do Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia (Lepem/UFC) e professora da Unichristus, destaca que o porcentual é significativo por representar um grupo de eleitores que optaram ou não puderam votar. No entanto, o dado por si só é insuficiente para apontar alguma influência no resultado do primeiro turno. "Isso impactaria mais na diferença de percentuais entre Bolsonaro e Lula se a gente soubesse para onde iriam esses votos", explica. 

Ainda assim, é importante mapear as abstenções para compreender o perfil do eleitor ausente. "Há uma tendência de que seja a população mais pobre. Por dificuldade de acesso à seção, por ter outros tipos de demandas no dia... Realmente que estão em uma condição vulnerável tão forte que não conseguem ter como uma demanda imediata a votação", comenta.

Na análise de Paula, o aumento da pobreza no País e o "fervor pela antipolítica" - de não querer se envolver - podem ser alguns dos fatores que impulsionaram o aumento das abstenções.

(Colaborou Thiago Minhoca com a coleta e análise de dados fornecidos pelo TSE)

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