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Conheça a história de 42 chacinas que chocaram o Ceará
Reportagem Seriada

Conheça a história de 42 chacinas que chocaram o Ceará

Casos registrados por O POVO começam nos anos 1950, com menção a um crime ainda no século XIX, mas só se intensificam a partir de 2015. Acompanhe o mais completo levantamento já feito até agora das chacinas no Estado
Episódio 3

Conheça a história de 42 chacinas que chocaram o Ceará

Casos registrados por O POVO começam nos anos 1950, com menção a um crime ainda no século XIX, mas só se intensificam a partir de 2015. Acompanhe o mais completo levantamento já feito até agora das chacinas no Estado
Episódio 3
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O levantamento do Data.Doc O POVO, baseado no acervo do jornal, iniciado em 1928, tem o seu primeiro registro de chacina em 1958, um crime de latrocínio que deixou seis vítimas em Quixadá. Além disso, faz menção a um episódio de briga entre famílias em Viçosa que deixou 19 mortos em 1878. De lá para cá, 248 pessoas foram mortas em 42 chacinas.

O sociólogo César Barreira — coordenador do Laboratório de Estudos da Violência (LEV), da Universidade Federal do Ceará (UFC) —, observa que, até a metade do século passado, a maior parte dos conflitos violentos estava ligada a questões agrárias. Outro espaço de conflito, lembra o pesquisador, eram as disputas políticas.

Na virada do século, entram em cena as gangues e, depois, as facções, trazendo consigo a guerra por territórios no contexto da disputa pelo monopólio do tráfico de drogas e de armas. “Aí entram situações em que os jovens começam a participar dessas disputas. Eles passam a ter acesso a essas armas de fogo, como se fossem pistoleiros, que eram os braços armados dos grandes proprietários de terra e dos políticos. Eles passam a ser os braços armados dos grandes traficantes”, diz o pesquisador. O professor ainda destaca a participação de agentes de segurança nas chacinas, como na Chacina da Grande Messejana e na Tragédia de Milagres.

 

"Nós tínhamos até, mais ou menos, a década de 1980, homicídios provocados por arma branca em sua maioria e, depois, passam a ser cometidos com armas de fogo, que são mais letais" Cesar Barreira, sociólogo

 

Barreira ainda cita o papel do aumento na circulação de armas de fogo para incremento da violência.“Nós tínhamos até, mais ou menos, a década de 1980, homicídios provocados por arma branca em sua maioria e, depois, passam a ser cometidos com armas de fogo, que são mais letais”, destaca. Isso permitiu um aumento no número geral de homicídios, sobretudo, a partir dos anos 2010 e, dentro desses números, há o aumento no número de chacinas.

Sociólogo César Barreira(Foto: DORA MOREIRA)
Foto: DORA MOREIRA Sociólogo César Barreira

Apesar da brutalidade de muitos crimes, as chacinas eram episódios relativamente raros no Estado até 2015. Até então, constavam 14 episódios, até que se inicia a "Era das Chacinas", que acompanha a "Era das Facções". Somente entre 2015 e 2021, são 28 chacinas no Estado. Apenas em 2017 e 2018, os dois anos com o maior número de assassinatos já registrados no Estado, foram 13 chacinas.

Coordenado pelo pesquisador Miguel Pontes, o levantamento do Data.Doc O POVO é o mais completo feito até agora e inclui apenas ocorrências com quatro ou mais mortos e não leva em conta mortes por intervenção policial, consideradas sem ilicitude pelo Código Penal; conflitos que deixam mortes em ambas as partes e ações de Estado, como o Massacre do Caldeirão.

Para acessar as informações sobre as chacinas, divididas por décadas, basta clicar no ano da linha do tempo abaixo.

 

 

  • Concepção Érico Firmo
  • Textos Lucas Barbosa
  • Recurso Digital Wanderson Trindade
  • Pesquisa histórica Miguel Pontes (Data.Doc O POVO)
  • Edição Érico Firmo e Regina Ribeiro
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