Logo O POVO+
Ecoinovação é o elo entre a indústria e o novo consumidor
Reportagem Seriada

Ecoinovação é o elo entre a indústria e o novo consumidor

O primeiro episódio do especial O Futuro da Indústria Sustentável traz dados e informações de como a ecoinovação tem sido trabalhada na indústria brasileira e cearense.
Episódio 1

Ecoinovação é o elo entre a indústria e o novo consumidor

O primeiro episódio do especial O Futuro da Indústria Sustentável traz dados e informações de como a ecoinovação tem sido trabalhada na indústria brasileira e cearense.
Episódio 1
Tipo Notícia Por

 

O futuro chegou antes do esperado. Com os altos índices de elevação climática no mundo, a escassez de ativos naturais, a devastação do meio ambiente e a necessidade de repensar velhos modelos de produção industrial, a tecnologia e a sustentabilidade são as diretrizes para uma indústria mais limpa e responsável.

Pesquisa inédita realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI)revelada no 10º Congresso Internacional de Inovação da Indústria mostra que 85% das indústrias brasileiras, somando pequeno, médio e grande porte, têm projetos ou plano de ação formal em ecoinovação.

Já quando o tema é Transformação Digital, 67% das empresas, na soma dos três portes de empresas, têm trabalhos em execução e outras 18% estão com projetos aprovados para serem iniciados. Os dados revelam também que 55% das empresas estão realizando estudos iniciais.

Robson Braga de Andrade é o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI)(Foto: Sara De Santis/Divulgação CNI)
Foto: Sara De Santis/Divulgação CNI Robson Braga de Andrade é o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI)

Na análise de Robson Braga de Andrade, presidente da CNI, apesar do quadro positivo, a velocidade de adoção da ecoinovação poderia ser maior no Brasil.

“Há sinais de que o processo está se ampliando. O desafio agora é apoiar pequenas empresas a embarcar nessa jornada, uma tendência que inevitavelmente deverá fazer parte dos planos estratégicos da indústria brasileira”, destaca.

Já as grandes indústrias, especialmente um subgrupo engajado nas atividades da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), grupo coordenado pela CNI formado por mais de 500 empresas, têm liderado os investimentos e resultados em ecoinovação.

Empresas de médio porte também têm se destacado, começando a investir em inovação verde, destaca Andrade.

A pesquisa aponta ainda que para as indústrias que integram a MEI a ecoinovação já é uma realidade, pois de acordo com os dados, 78% das empresas têm planos de ação ou projetos de ecoinovação em andamento; outras 7% têm projetos aprovados, mas não iniciados; 9% estão em fase de estudos; e 5% não realizam nenhuma ação nesta área.

Inteligência artificial e realidade aumentada são usadas pelas indústrias que trabalham com inovação(Foto: Gabriel Pinheiro / Divulgação CNI)
Foto: Gabriel Pinheiro / Divulgação CNI Inteligência artificial e realidade aumentada são usadas pelas indústrias que trabalham com inovação

O presidente do Sebrae, Décio Lima, é enfático sobre a necessidade de mais movimentação em prol do meio ambiente, e deixa claro que a inovação vem para, cada vez mais, aumentar de forma impulsiva a criatividade humana a fim de construirmos um mundo melhor para todos.

“Não podemos continuar agredindo o planeta, nem podemos imaginar um mundo onde mais de 750 milhões de pessoas acordaram de manhã, sem saber se terão um prato de comida”, refletiu Décio que destaca o papel da entidade para capacitação empreendedores e contribuir com o surgimento de empresas de base inovadora e sustentável.

A pesquisa da CNI revela ainda que, para 66% dos entrevistados, falta conhecimento aos trabalhadores em técnicas sustentáveis e, para 45%, falta conhecimento de legislação ambiental.

Já 38% consideram que falta ao profissional competência para gerir e desenvolver projetos de ecoinovação.

No Brasil, a Embraer está entre as empresas que apostam em inovação e mostraram as novidades no congresso da CNI(Foto: Gabriel Pinheiro / Divulgação CNI)
Foto: Gabriel Pinheiro / Divulgação CNI No Brasil, a Embraer está entre as empresas que apostam em inovação e mostraram as novidades no congresso da CNI

Os principais desafios enfrentados pelas empresas no recrutamento de profissionais para ecoinovação são encontrar profissionais experientes em sustentabilidade (36%) e profissionais atualizados em tecnologias ambientais (36%).

A diretora de Inovação da CNI, Gianna Sagazio, fala sobre como as indústrias têm investimento em formação e requalificação de funcionários em ecoinovação, difusão de conhecimentos sobre legislação ambiental, e implementado estratégias de inovação aberta.

“É fundamental que haja políticas públicas e iniciativas privadas que alinhem incentivos à meta de ecoinovar, com especial cuidado com as pequenas empresas. Isso não apenas contribuirá para a sustentabilidade ambiental, como também para o aumento da competitividade dos produtos e serviços brasileiros nos mercados globais”, diz Gianna.

Pesquisa da CNI aponta desafios enfrentados no recrutamento de profissionais para ecoinovação e tecnologias ambientais(Foto: Gabriel Pinheiro / Divulgação CNI)
Foto: Gabriel Pinheiro / Divulgação CNI Pesquisa da CNI aponta desafios enfrentados no recrutamento de profissionais para ecoinovação e tecnologias ambientais

Andrade avalia, ainda, que ecoinovação na indústria é o caminho para transformar o potencial brasileiro numa trajetória efetiva de crescimento econômico, favorecendo a competitividade.

Além de uma matriz energética mais limpa que a média mundial, o Brasil conta com diversos fatores que lhe conferem vantagens na corrida competitiva verde mundial.

Rafael Lucchesi, diretor de Educação e Tecnologia da CNI, entendeu que o mundo hoje precificou o custo do ônus ambiental de 200 anos de revolução industrial contínua e o impacto sobre a natureza.

E ao fazer isso tomou uma decisão de emissões zero, o que significa a mudança da matriz energética e a estrutura produtiva de maneira dramática.

"Até porque a situação climática é hoje uma situação de emergência climática. Temos que fazer algo e muito mais intenso do que nós fazemos hoje. É só o início desse processo. Nesse aspecto o Brasil emerge como um grande potência energética, porque o Brasil já tem uma matriz limpa e com enorme potencial para a produção de energia sustentável, energia de biomassa, energia em hidrogênio", prevê o diretor.

Ele defende a construção de uma agenda brasileira mobilizando todos os atores e a sociedade e vê o Ceará com um enorme potencial na área de bioeconomia, sobretudo da transição energética.

"O Ceará também o potencial eólico, seja onshore e offshore e na agenda de hidrogênio o Brasil certamente é o País mais competitivo, mas nós precisamos ter uma agenda ativa em torno disso. E uma politica industrial ativa.", defende Lucchesi.

Para o executivo, o Brasil não tem que se colocar apenas na ambição justa e e boa de ser um grande exportado de energia verde.

"Mas nós podemos usar todo esse potencial para isso impulsionar a reindustrialização brasileira, a neoindustrialização. Isso é uma enorme potencial para o desenvolvimento brasileiro e certamente o Nordeste, e particularmente o Ceará, vai ter um papel cada vez mais importante para o Brasil na próxima quadra histórica", finaliza.

 

 

Inovação e sustentabilidade pedem mão de obra especializada

 

Com as mudanças no mundo e o foco em inovação e sustentabilidade da indústria a mão de obra também sofre consequências e passa a demandar novos tipos de profissionais para exercer funções antigas ou mesmo novos postos de trabalho.

Segundo o Mapa do Trabalho 2022-2025, elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) até 2025, o Brasil precisará qualificar 9,6 milhões de pessoas em ocupações industriais, sendo 2 milhões em formação inicial para repor inativos e preencher novas vagas.

E, ainda, mais 7,6 milhões em formação continuada, para trabalhadores que precisam se atualizar. Isso significa que 79% da necessidade de formação nos próximos quatro anos será em aperfeiçoamento.

As áreas com maior demanda por formação são as Transversais, que permitem ao profissional atuar em diferentes áreas, como técnico em Segurança do Trabalho, técnico de Apoio em Pesquisa e Desenvolvimento e profissionais da Metrologia; Metalmecânica, Construção; Logística e Transporte; e alimentos e bebidas.

E destaque também para áreas de Tecnologia da Inovação e Energias Renováveis, esta última com foco principal no atendimento as expectativas e potencial em relação ao Hidrogênio Verde, no Brasil e no Ceará, diz o diretor Regional do Senai Ceará e Superintendente do Sesi Ceará, Paulo André Holanda.

“O Senai é referência no quesito educação profissional e está sempre se atualizando com as rápidas mudanças do cenário mundial. Hoje o mercado está bastante exigente e não tolera mais desperdício e requer uma preocupação ambiental ativa de todas as empresas de qualquer segmento”, analisa o executivo.


O Senai-CE tem preparado diversos cursos de qualificação, aperfeiçoamento e técnico para preparar os novos profissionais da indústria.

Segundo Holanda, eles serão os responsáveis por solucionar novas problemáticas desse novo cenário mundial como energia fotovoltaica, energia eólica, sistema hidrogênio verde, indústria 4.0, IOT (Internet das coisas), Mobilidade elétrica.

E cita, por exemplo, que a entidade conta com várias empresas parceiras para o desenvolvimento e estruturação de novos cursos aplicado às Energias Renováveis. Entre elas a GIZ, Enel, Aeris, Siemens, Maersk Training, MIT e Fraunhofer Institute.

 

Conheça cursos de energias renováveis do Senai-CE

 

Essência ambiental da Natura é reconhecida pelo consumidor

 

O consumidor mudou e a indústria percebeu. E, atualmente, na hora de comprar um produto a forma que determinado item foi produzido e o impacto dele no meio ambiente são levados em consideração.

A pesquisa Retratos da Sociedade: hábitos sustentáveis e consumo consciente, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), aponta que 74% dos ouvidos adotam hábitos sustentáveis, sendo que 30% dizem que sempre adotam esse hábito.

E que metade da população, 50%, verifica se o produto foi feita de forma sustentável. Isso fica ainda mais claro quando se analisa pesquisas de recall da marca.

Há 40 anos a Natura adotou a utilização de refis e com a ação evitou a geração de 6,1 mil toneladas de emissões de gases de efeito estufa (Foto: DANIELA LUQUINI/ Divulgação CNI)
Foto: DANIELA LUQUINI/ Divulgação CNI Há 40 anos a Natura adotou a utilização de refis e com a ação evitou a geração de 6,1 mil toneladas de emissões de gases de efeito estufa

Tanto em ambiente nacional, na Folha Top of Mind, como localmente, na pesquisa Anuário Datafolha Top of Mind publicada no Anuário do Ceará 2023-2024, a Natura foi a campeã em categorias relacionadas as questões ambientais.

Angela Pinhati, diretora de Sustentabilidade da Natura & Co América Latina, informa que a empresa realiza o desenvolvimento de produtos a partir da prospecção de ingredientes da biodiversidade, do acesso ao conhecimento tradicional das comunidades e ciência avançada para criar fórmulas naturais com tecnologia e ativos potentes para os cuidados de beleza.

Com 73% de mulheres no time de cientistas, o que corresponde a 260 mulheres, a estratégia de inovação da Natura, está na Amazônia.

“Já desenvolvemos 42 bioingredientes e, junto com as comunidades da nossa cadeia, contribuímos para conservar mais de 2 milhões de hectares de Floresta Amazônica”, conta Angela.

E as práticas de ESG da companhia, segundo a executiva, englobam, tecnologia, empoderamento das consultoras da Natura, circularidade e soluções regenerativas, e neutralidade de emissões de carbono rumo a um cenário de emissões líquidas zero.

Em relação a circularidade, 81% de todo o material de embalagens da Natura já é reutilizável, reciclável e compostável, mas a meta é chegar a 100% até 2030(Foto: Gabriel Pinheiro / Divulgação CNI)
Foto: Gabriel Pinheiro / Divulgação CNI Em relação a circularidade, 81% de todo o material de embalagens da Natura já é reutilizável, reciclável e compostável, mas a meta é chegar a 100% até 2030

Há 40 anos a empresa adotou a utilização de refis. No último ano, essa ação evitou a geração de 6,1 mil toneladas de emissões de gases de efeito estufa e de 2,3 mil toneladas de resíduos no último ano.

De olho no novo perfil do consumidor atento ao impacto das suas escolhas, a empresa que foca em beleza e bem-estar tem 95% do portfólio vegano e índice de naturalidade das fórmulas com 94%.

“Nossos cosméticos são desenvolvidos sem a utilização de testes em animais e buscamos materiais renováveis para as embalagens, como o plástico verde”, explica. A Natura atualizou o programa Compromisso com a Vida 2030 com metas focadas na América Latina.

Entre as metas no cenário de ESG estão contribuir com a conservação e regeneração de 3 milhões de hectares de floresta amazônica, chegar a 55 bioingredientes da sociobiodiversidade amazônica e aumentar em quatro vezes as compras de insumos da sociobioeconomia amazônica, na comparação com 2020.

Em relação a circularidade, 81% de todo o material de embalagens já é reutilizável, reciclável e compostável, mas a meta é chegar a 100% até 2030. Sobre inclusão e diversidade, a meta é ter 25% de pessoas negras em posições gerenciais até 2025 e 30% até 2030.

 

 

Transição energética e eletromobilidade 

 

O setor automobilístico é outra indústria que sempre focou em inovação e anualmente apresenta novos modelos de veículos para o consumidor. Há alguns anos, tem demostrado também uma preocupação com o meio ambiente e os efeitos que os automóveis causam na natureza.

Daniel Justo, presidente da Ford América do Sul, afirma que a inovação é essencial para este momento de revolução tecnológica acelerada do setor.

É que é por meio dela que virá a superação dos desafios da transição energética global, com foco na eletrificação, na conectividade e no desenvolvimento de software.

“A Ford está se transformando nessa direção e temos uma nova linha de veículos eletrificados, desenvolvidos para atender as necessidades e desejos dos consumidores em diferentes segmentos do mercado”, disse, se referindo as novas versões do Mustang Mach-E, da E-Transit e da Maverick Hybrid.

O executivo destaca, ainda, as ações de ESG que a empresa tem em relação ao futuro, ao investir em tecnologia.

Como exemplo cita o Centro de Desenvolvimento e Tecnologia da Ford Brasil, na Bahia, com mais de 1.500 profissionais voltados ao futuro da mobilidade, como veículos elétricos e conectados.

Daniel Justo é presidente da Ford América do Sul(Foto: Mario Miranda/Divulgação Ford)
Foto: Mario Miranda/Divulgação Ford Daniel Justo é presidente da Ford América do Sul

E o programa Ford voltado para que pessoas de baixa renda se capacitem para ter acesso a empregos de qualidade na área de tecnologia.

E lembra que a empresa foi uma das primeiras do setor a aderir ao Acordo de Paris sobre as questões climáticas e definir regras científicas e específicas de transição.

“Que é buscar o carbono neutro em 2050 e 100% de energias livres de carbono neutro em 2035. A magia para que isso aconteça é você ter uma governança de objetivos anuais bem definidos. Desde 2017, ano base, a Ford reduziu em 40% a emissão e todas as suas operações e hoje, 85% do veículo é reciclável após sua vida útil”, exemplifica Justo.

Vai trocar de carro ou comprar o seu primeiro? Saiba como se planejar para essa compra

Mais notícias de Economia

O que você achou desse conteúdo?