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Quem são elas no Nobel?
Reportagem Seriada

Quem são elas no Nobel?

Mulheres representam apenas 3,6% de todos os cientistas já premiados pelo Nobel em 120 anos de existência. O que as impede de serem reconhecidas? E quem são as cientistas que conseguiram receber a maior honraria de Física, Química ou Medicina?
Episódio 3

Quem são elas no Nobel?

Mulheres representam apenas 3,6% de todos os cientistas já premiados pelo Nobel em 120 anos de existência. O que as impede de serem reconhecidas? E quem são as cientistas que conseguiram receber a maior honraria de Física, Química ou Medicina?
Episódio 3
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Pode-se dizer que o Nobel é uma das premiações científicas mais aguardadas do ano, ao menos para as áreas de Física, Química, Fisiologia e Medicina. Desde 1901, o Nobel já laureou 975 pessoas cujas atividades revolucionaram o mundo científico, econômica e humanitariamente.

Considerando apenas as três categorias mencionadas, foram 631 pesquisadores homenageados. Mas sabe quantos deles são mulheres? Vinte e três. Elas representam apenas 3,6% de todos os cientistas homenageados em mais de um século de premiação. Na verdade, o correto é dizer 22 mulheres: Marie Curie é a única mulher (e pessoa) a receber dois prêmios Nobéis em áreas distintas, um em Física, outro em Química.

Se a realidade brasileira serve de comparação, é difícil conceber uma representatividade tão baixa em mulheres laureadas. Como indicam os dados do Brasil: Mestres e Doutores 2019, citados no primeiro episódio desta série de reportagens, elas são maioria de mestres e doutoras no País. É claro que isso não reflete, necessariamente, no mundo inteiro e em todos períodos históricos; mas é fato que mulheres sempre se interessaram por Ciência, apesar do status quo.

 

Mulheres laureadas com o Nobel de Física

Entre 119 edições do prêmio Nobel de Física, 219 pessoas foram laureadas. Delas, apenas quatro (1,8%) foram mulheres. Conheça-as:


Aspectos como a recusa de mulheres em universidades, o desmerecimento dos trabalhos delas e, às vezes, até o boicote proposital ― de homens que sempre ocuparam os cargos hierárquicos mais altos ― são alguns dos fatores que, se não as afastaram da pesquisa, as impediram de receber o devido reconhecimento.

Além disso, as crenças machistas e os estereótipos de gênero também foram e são empecilhos para elas levarem adiante pesquisas de campo.

 

Três mulheres, três contextos machistas

Conheça as histórias de três cientistas que viram suas pesquisas e suas contribuições quase invisibilizadas por causa do status quo. Clique as imagens para acessar o conteúdo:

 

 

As áreas de Física e Química são as que menos premiaram mulheres. No Brasil, as áreas de Ciências Exatas e da Terra e de Engenharia são, igualmente, as com menor parcela feminina; além de serem nelas em que a diferença salarial por gênero é maior. Abordamos esses dados no primeiro episódio do Mulheres na Ciência.

 

Mulheres laureadas com o Nobel de Química

Entre 113 edições do prêmio Nobel de Química, 188 pessoas foram laureadas. Delas, apenas sete (3,7%) foram mulheres. Conheça-as:

  

 

Já a Fisiologia e Medicina, que encaixam-se na área de Saúde, têm a maior porcentagem de mulheres premiadas. Igualmente, esse é um dos campos de conhecimento em que elas estão em peso. Parte do motivo está na determinação social de que o sexo feminino está apto para o cuidado. Mesmo assim, 5,3% ainda é uma parcela de reconhecimento ínfima.

Também é importante destacar o aspecto de raça e país de origem. Nenhuma das pesquisadoras laureadas é negra. A maioria é europeia ou norte-americana, algumas poucas são da Ásia (mas nenhuma da Ásia Meridional, por exemplo).

 

Mulheres laureadas com o Nobel de Medicina

Entre 112 edições do prêmio Nobel de Medicina, 224 pessoas foram laureadas. Delas, apenas 12 (5,3%) foram mulheres. Conheça-as:

 

 

Mulheres, especialmente não-brancas e de países do sul global, ainda lutam para receberem as devidas condecorações pelas inovações científicas que promovem. Algumas iniciativas já trabalham para promover a equidade de gênero na Ciência e estimular a premiação de mulheres e meninas.

Um exemplo é o da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), responsável pelo lançamento do portal Ciência & Mulher, “voltado para as conquistas e descobertas de mulheres das diversas áreas da ciência”. A SBPC também criou, em 2019, o Prêmio Carolina Bori Ciência & Mulher. O objetivo é homenagear “cientistas brasileiras destacadas” e “futuras cientistas brasileiras de notório talento” — a última categoria refere-se a alunas do ensino médio ou de iniciação científica.

Aliás, o nome do prêmio faz referência à primeira presidente mulher da SBPC, Carolina Martuscelli Bori, psicóloga brasileira e pesquisadora na área de psicologia experimental.

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Esta série de reportagem é vencedora do 5ª do Prêmio Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) de Jornalismo

Créditos

  • Edição Fátima Sudário
  • Texto e recursos digitais Catalina Leite
  • Identidade visual Isac Bernardo
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