Desenhos, pinturas e textos. Autorretratos, corpos e autoficção. Por meio do cuidado e da sensibilidade da cearense Raisa Christina, esses suportes e essas abordagens se entrelaçam e compõem trabalhos artísticos. Natural de Quixadá, Raisa tem graduação e mestrado em Artes e, além de trabalhar com ilustrações, ministra oficinas de desenho, pintura, arte contemporânea e literatura em Fortaleza. É autora de “os lábios os braços os livros” (nadifúndio, 2019)” e de “mensagens enviadas enquanto você estava desconectado” (Substânsia, 2014).
Pintura acrílica sobre tela, “desenhos cegos”, que estampa a capa do O POVO, apresenta um rosto “desfigurado” devido ao escorrimento da tinta. A obra trabalha com a abordagem de como o retrato pode ser tratado às vezes, com um rosto que se “dilui” e se “deforma” em vez de ser identificado. Assim, para a autora, traz um pouco do desejo de discutir a ideia de identidade.
Imersa “desde sempre” no universo das artes, Raisa lembra dos seus primeiros passos como artista - ainda que tenha levado um tempo para se reconhecer dessa forma. Não só nos desenhos, aliás, sua produção se concentra: a escrita também é arte pulsante para a cearense. “Eu sempre desenhei, e aí, para mim, a escrita surgiu também como um desenho. Eu percebia as palavras e as letras como desenhos, figuras e formas. Foram coisas que aconteceram juntas, eu sempre dialoguei as duas linguagens, tanto que hoje a maior parte da minha obra acontece na literatura e nas artes visuais”, relata.
Para Raisa, a “figura humana” sempre foi objeto de seu interesse para desenvolvimento tanto em pinturas quanto em textos. Associada a ela, embarcam em suas linhas “memórias do corpo e memórias sensoriais”. Por meio das artes visuais, entendeu que o retrato, na arte contemporânea, pode ser atualizado e não ter mais “a função de representar fielmente as pessoas da forma que a gente vê”, como ocorre com a fotografia.
“Eu entendi que, para mim, desenhar pessoas tem muito mais a ver com a vontade de criar um espaço muito específico entre quem observa e quem é observado. Há uma ambiência e uma atmosfera, e entendi que era isso que eu gostava de investigar, perceber o que acontece nesse momento e que histórias surgem dali”, afirma a artista.
Dessa forma, é possível notar que o corpo está presente em seus trabalhos, trazendo também autorretratos da autora. Nas artes visuais, o retrato traz “a vontade de olhar para si e de se inventar”, acarretando, assim, ficcionalizações próprias - algo que também é tratado textualmente. “Essa autoficção, isso de falar de mim e do meu corpo, é evidente nas artes visuais, mas nos textos é uma maneira de eu falar um pouco comigo mesma. O corpo está presente porque muitas vezes eu vou partir de sensações físicas mesmo, de memórias”, comenta.
Na mostra O nosso papel é arte, as páginas do jornal adquirem o valor de artefato. O leitor poderá apreciar as criações artísticas, além de colecioná-las. O assinante do O POVO+ ainda terá acesso a todas capas em alta qualidade, para poder baixar e deixar a criatividade fluir: quem sabe imprimir para virar pôster na parede? Ou então decorar a tela do celular?
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