Mais do que trazer respostas: apresentar perguntas. Por meio de suas possibilidades e ramificações artísticas, Cadeh Juaçaba ressalta em sua trajetória a vontade de questionar e provocar reflexões em assuntos que ou o interessam por sentidos positivos ou por negativos. “Eu não fujo muito de polêmica, não”, aponta.
Natural de Fortaleza e também formado em Publicidade e Propaganda, Cadeh é artista “desde que se entende por gente” e avalia que sempre recebeu estímulos de sua família para seguir nessa trajetória. O ambiente em que cresceu, aliás, foi bem favorável para essa situação, pois nasceu de famílias diretamente ligadas à arte.
A sua trajetória também é marcada pela realização de exposições, entre elas a mostra internacional “Eles não sabem as armas que têm”, feita em Lisboa em 2019. Ele passou a explorar símbolos nacionais com o objetivo de debater sobre as relações de identificação e pertencimento, suprimindo evidências gráficas de brasões e bandeiras para estimular a abstração do público. Uma prévia, assim, de sua nova exposição.
Os “sintomas da polarização” são vistos na ilha de “Panóplia #1”, que estampa a capa do O POVO e que se constitui em um “recorte” de um cenário recorrente nos dias atuais no Brasil. As bandeiras feitas de latão e que aparentam ser de pano flamulam para lados opostos; assim, a escultura carrega - “e explica” - os “sentimentos de polaridade” e de “ideias opostas”.
"A bandeira é muito próxima da paixão do brasileiro."
As ramificações dos trabalhos desenvolvidos por Cadeh Juaçaba atingem atualmente também uma pesquisa sobre memória e identidade a partir de diferentes linguagens, como escultura, fotografia e pintura. O interesse pelo tema da memória remete novamente à influência de sua família, mas agora com seu pai: o artista comenta que seu progenitor tem “uma atração por um passado que nem viveu”, colecionando objetos antigos e imergindo no sentimento da nostalgia.
Esses gostos por memórias de tempos não vividos acabaram sendo compartilhados com Cadeh, que passou a abordar principalmente a “construção imagética”. Como referências, ele lembra do aspecto religioso e de seu interesse por “imagens sacras”, mesmo que isso não apareça de forma tão clara em seus trabalhos.
“A bandeira é muito próxima da paixão do brasileiro. Ela está em times de futebol, em escolas de samba… A bandeira faz parte desse gesto veemente e apaixonado do brasileiro, mas eu acho que temos que colocar nossas paixões pessoais de lado e, em um processo de autocrítica, observar o que queremos para o nosso país”, avalia o artista visual.
Na mostra O nosso papel é arte, as páginas do jornal adquirem o valor de artefato. O leitor poderá apreciar as criações artísticas, além de colecioná-las. O assinante do O POVO+ ainda terá acesso a todas capas em alta qualidade, para poder baixar e deixar a criatividade fluir: quem sabe imprimir para virar pôster na parede? Ou então decorar a tela do celular?
Para baixar as capas, basta acessar o link bit.ly/NossoPapelÉArte. O link direciona para uma pasta na nuvem com os arquivos em alta qualidade - a pasta será atualizada quinzenalmente.
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