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Colagem digital e tensão social na arte de Jansen
Reportagem Seriada

Colagem digital e tensão social na arte de Jansen

A partir de colagens digitais, designer Lucas Jansen expressa ideias e sentimentos que o movem enquanto artista. Obra do artista estampa a sobrecapa do O POVO deste sábado, 13, no projeto "Nosso Papel É Arte"
Episódio 14

Colagem digital e tensão social na arte de Jansen

A partir de colagens digitais, designer Lucas Jansen expressa ideias e sentimentos que o movem enquanto artista. Obra do artista estampa a sobrecapa do O POVO deste sábado, 13, no projeto "Nosso Papel É Arte"
Episódio 14
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O contraste entre o preto e branco das fotos que dão base às obras do designer Lucas Jansen com a explosão de cores ao redor delas é uma das características centrais da produção do cearense — marca estética, mas também simbólica, uma vez que representa, pela arte, sentimentos que povoam o artista. A partir de colagens digitais mescladas com ilustrações, Jansen cria amálgamas criativas e de expressão. 

Obra de Jansen em homenagem aos 75 anos do cantor Belchior (Foto: Jansen / divulgação)
Foto: Jansen / divulgação Obra de Jansen em homenagem aos 75 anos do cantor Belchior

Aos 31 anos, Jansen tem as colagens digitais como foco artístico — e "escape" — desde 2018. O contato com a técnica veio, inicialmente, do trabalho como designer editorial. O interesse por arte, no entanto, data da adolescência. O "clique" se deu, ele reconhece, aos 14 anos, quando descobriu a banda Nirvana a partir do disco "Nevermind". "Me lembro que ouvir aquele CD, por mais que eu não entendesse as coisas, virou uma espécie de chave na minha cabeça", rememora.

A segunda "virada de chave" ocorreu quando engrenou no design, atuando como estagiário no O POVO e, inclusive, desenhando centenas de capas do Vida&Arte. A descoberta da colagem digital veio em outra experiência profissional, numa revista, quando uma coluna precisava de uma solução visual e Jansen passou a produzir obras do tipo com constância. Após passagens por outras empresas, Jansen retornou ao O POVO no mês passado.

"Apesar de que eu sempre quis fazer algo, ser designer e trabalhar com design editorial acabou me mostrando o caminho de como buscar isso, além de experiências como ter trabalhado no Vida&Arte. Minha atuação teve total influência no meu caminho", reconhece. "Não vou dizer que se não tivesse trabalhado com design eu não encontraria alguma forma de me expressar. Talvez encontrasse, mas não sei se seria essa. Se estou onde estou como artista, foi por conta de trabalhar com design e design editorial", avança.

 

 

Mesmo influenciado pela atuação editorial, Jansen foi estabelecendo demarcações autorais ao longo da trajetória. Uma delas é o já citado contraste entre o preto e branco e as cores nas obras. "Sempre gostei do preto e branco, sempre me atraiu muito essa estética e uso também por isso, porque funciona. O efeito é poético, bonito, intrigante, traz um foco: o preto e branco no meio e a confusão de cores em volta", destaca.

 Obra 'Despertar', de Jansen(Foto: Jansen / divulgação)
Foto: Jansen / divulgação Obra 'Despertar', de Jansen

Entre as inspirações de Jansen, ele cita o nigeriano Temi Coker, o cubano Magdiel Lopez, a brasileira Natasha Lomonaco, o japonês Inio Asano e artistas de rua como Banksy, Os Gêmeos, Tito Ferreira, Thyagão, Zé Victor e Acidum. Apesar da importância das referências, produz, principalmente, a partir das próprias questões e sentimentos.

"O que me move nas minha produções é o que estou sentindo naquele momento. Sou uma pessoa bastante ansiosa e criar vem sendo uma grande válvula de escape, então temas que vem sempre nas minhas obras são ansiedade, depressão, esperança, raiva, dor, sonhos, busca, culpa, aceitação, perda…", elenca.

Tanto nas obras quanto no discurso, a frontalidade e honestidade são constantes. A obra que estampa a sobrecapa do O POVO de hoje, por exemplo, vem inspirada em uma canção da banda Twenty One Pilots, mas menos pela letra e mais pelo significado do grupo para o artista.

"Ela representa a confusão mental que passei nos últimos meses, onde eu queria 'me esconder' e fugir de situações que estava passando, e ao mesmo tempo não conseguia deixar de encará-las, mesmo sofrendo. É um autorretrato da minha raiva, da minha frustração, da minha tristeza", analisa.

Após centenas de designs editoriais publicados no O POVO, a publicação de uma obra autoral alegra e emociona o artista. "Como designer do O POVO, eu sempre tive um grande prazer em fazer uma capa. Me lembro até hoje da minha primeira, tenho ela guardadinha comigo até hoje. É muito importante ter esse espaço de reconhecimento ao estar me expressando em uma obra autoral. Minha obra me expressa muito", aponta.

 

 

O Edifício São Pedro tem protagonismo em uma das produções do designer Jansen(Foto: Jansen / divulgação)
Foto: Jansen / divulgação O Edifício São Pedro tem protagonismo em uma das produções do designer Jansen

Na mostra O nosso papel é arte, as páginas do jornal adquirem o valor de artefato. O leitor poderá apreciar as criações artísticas, além de colecioná-las. O assinante do O POVO+ ainda terá acesso a todas capas em alta qualidade, para poder baixar e deixar a criatividade fluir: quem sabe imprimir para virar pôster na parede? Ou então decorar a tela do celular?

Como funciona?

Quinzenalmente, esta matéria será atualizada com as capas dos artistas, a biografia deles e uma galeria com outras obras. 

Para baixar as capas, basta acessar o link bit.ly/NossoPapelÉArte. O link direciona para uma pasta na nuvem com os arquivos em alta qualidade - a pasta será atualizada quinzenalmente.

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