O Brasil teve a melhor participação em Olimpíadas no Rio de Janeiro-2016. Recorde de 19 medalhas, sendo sete de ouro, seis de prata e seis de bronze, deixou o Brasil em 13º no quadro geral, acima de países tradicionais como Espanha, Cuba e Canadá. Depois de um feito histórico, a expectativa do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) é de igualar a marca de cinco anos atrás. Internacionalmente, projeção feita pela Nielsen Company, coloca a delegação brasileira com 20 medalhas, na 14ª posição do ranking geral.
O jornalista Marcelo Romano avalia que as modalidades adicionadas ao programa dos Jogos Olímpicos, como surfe e skate, podem impulsionar o desempenho em Tóquio. Até pelo fato de a delegação ter dois favoritos para o pódio no surfe masculino: Ítalo Ferreira, atual campeão e líder do ranking, e Gabriel Medina, bicampeão mundial e atual vice-líder. No skate, o panorama também é positivo. No feminino, Pamela Rosa é líder, Leticia Bufoni, é quarta colocada, tal qual Pedro Barros, no masculino.
“No surfe, Gabriel Medina e Ítalo Ferreira são candidatos à medalha de ouro. O mesmo acontece no skate, tem provas que as atletas são muito parecidas, pode ganhar a Pamela Rosa ou Letícia Bufoni. Pelo que a gente acompanha no circuito mundial, é questão de um bom dia para ter chances. No boxe, tem a Bia Ferreira, que vem em fase espetacular, atual campeã mundial. Ela é bem favorita”, lista Marcelo Romano.
A boxeadora brasileira compete na categoria até 60 kg, do boxe feminino. Ela é considerada uma das atletas com maiores chances de terminar no lugar mais alto do pódio, fazendo o hino nacional tocar em terras nipônicas. Aos 28 anos, a baiana — criada em Juiz de Fora (MG) — levou o título no Mundial de Boxe de 2019, derrotando a chinesa Cong Wang na final por decisão unânime dos jurados.
Enquanto existe um claro favoritismo do Brasil em certas modalidades, outras causam incerteza sobre o desempenho que terão entre julho e agosto em terras japonesas. O jornalista Marcelo Laguna destaca que a preparação de vôlei de quadra e vôlei de praia, modalidades em que o Brasil levou ouro e prata em 2016, foram afetadas pela pandemia.
“A pandemia não mudou o cenário de modalidades como surfe e skate. Não dá para prever como o Brasil chega em vôlei de quadra e de praia, onde é tradicionalmente forte. São modalidades em que teve problemas de preparação, e outros países também tiveram. Foram problemas como organizar seus campeonatos e competir no exterior. Apesar de tudo isso, o COB até acha que, das poucas competições disputadas, o Brasil teve bom desempenho”, destaca Marcelo Laguna.
Os especialistas Marcelo Romano e Marcelo Laguna acreditam que o Brasil deve repetir as 19 medalhas conquistadas no Rio de Janeiro, mas a delegação brasileira pode não conseguir igualar a marca de sete ouros.
Isaquias Queiroz - canoagem velocidade masculina
O baiano de 27 anos é a maior esperança para subir ao pódio na canoagem velocidade. No Rio-2016, fez história ao se tornar o primeiro atleta brasileiro a ganhar três medalhas olímpicas em uma mesma edição dos Jogos Olímpicos. Ele conquistou duas pratas, na C1 1000m e C2 1000m (esta com Erlon Silva), e um bronze, na C1 200m. Após o feito histórico, o canoísta manteve a rotina de medalhas, sendo campeão mundial de 2019 na categoria C1 1000m.
Martine Grael / Kahena Kunze - vela feminina
As velejadoras de 30 anos fazem parte do seleto grupo da elite olímpica do Brasil. Competindo na classe 49er FX, a dupla ganhou a medalha de ouro na Rio-2016. Depois de quase cinco anos da maior conquista entre as parceiras, elas continuam na elite mundial da vela, tanto que ficaram com a prata no Mundial de Auckland (Austrália), em 2019. O bom desempenho em competições internacionais evidenciam a força de Martine e Kahena na luta pelo bicampeonato olímpico.
Beatriz Ferreira - boxe feminino (60kg)
A boxeadora faz sua estreia em Jogos Olímpicos sendo considerada a melhor da categoria até 60kg do mundo, de acordo com ranking Associação Internacional de Boxe Amador (Aiba), divulgado em julho do ano passado. Com 28 anos, a atleta ganhou o Campeonato Mundial de Boxe em 2019, derrotando a chinesa Cong Wang por decisão unânime na final. Além disso, também levou o ouro nos Jogos Pan-Americanos de Lima, também em 2019.
Henrique Avancini - ciclismo mountain bike
O experiente mountain biker vive a melhor fase de sua carreira, após ter vencido duas etapas da Copa do Mundo de ciclismo mountain bike no ano passado. Com 32 anos, fez história ao se tornar o primeiro brasileiro a liderar o ranking mundial da modalidade. Reconhecido como o melhor tupiniquim da modalidade, Avancini se colocou entre os melhores do mundo e terá condições de integrar o quadro de medalhistas do Brasil.
Pamela Rosa - skate street feminino
Com o skate estreando nos Jogos Olímpicos, Pamela Rosa está entre as favoritas ao primeiro título no skate street. A brasileira é a atual campeã mundial da categoria, após ter ganhado o troféu em 2019, além de ser a primeira colocada no ranking mundial. Com apenas 21 anos, a skatista chegará a Tóquio no auge da carreira e é cotada para ganhar o ouro na estreia da modalidade.
Letícia Bufoni - skate street feminino
Ainda que não seja considerada favorita ao ouro como a compatriota Pamela Rosa, a skatista de 27 anos possui uma das carreiras mais brilhantes do skate feminino. Competindo no street é forte candidata para subir ao pódio em Tóquio. Afinal, experiência é o que não falta. Atualmente em quarto lugar no ranking mundial, é recordista de medalhas em X Games, com 11, além de ter o de maior número de vitórias na Copa do Mundo de skate street.
Ítalo Ferreira - surfe masculino
O surfista potiguar é o atual campeão do Circuito Mundial de surfe, além de liderar a classificação da atual temporada. Aos 26 anos, o brasileiro conquistou seu único título mundial ao superar o compatriota Gabriel Medina. Isso aconteceu em 2019, quando a dupla brasileira disputou o título até a última etapa do circuito. Em ótimo momento na carreira, chega com respaldo para subir ao pódio na estreia da modalidade em Jogos Olímpicos.
Gabriel Medina - surfe masculino
O surfista é bicampeão do Circuito Mundial de surfe, levantando o troféu em 2014 e 2018. A primeira conquista teve requintes históricos, visto que se tornou o primeiro brasileiro a ser campeão mundial de surfe, quando tinha apenas 20 anos. Agora com 27, o paulista integra a elite do esporte, tanto que disputou o título nos últimos seis anos. A dobradinha experiência e currículo vitorioso colocam o atleta brasileiro entre os favoritos na Olimpíada.
Thiago Braz - salto com vara
O atleta chegou na final do salto com vara sem muito alarde, mas surpreendeu os adversários e conquistou o ouro no Rio-2016 — com recorde no evento: 6,03m. Thiago se tornou o primeiro campeão olímpico no atletismo masculino do Brasil desde Joaquim Cruz, em Los Angeles 1984. Com 27 anos, o brasileiro almeja subir novamente no pódio, ainda que em um contexto semelhante ao dos últimos Jogos Olímpicos — sem ser favorito. O jovem fenômeno sueco Mondo Duplantis, recordista mundial aos 21 anos, subiu o sarrafo da modalidade e promete brigar pelo ouro.
Arthur Nory - ginástica artística masculina
O ginasta tem a adaptabilidade como trunfo. O atleta foi campeão mundial na barra fixa em Stuttgart-2019. Já na Olimpíada do Rio de Janeiro-2016, a medalha de bronze veio no solo, enquanto nos Jogos Pan-americanos de Lima-2019, conquistou a prata no individual geral e na barra fixa, além do ouro por equipes. Aos 27, o ginasta vai buscar usar da sua capacidade para subir ao pódio e manter a rotina de ganhar medalhas em que se habituou na carreira.
Ana Marcela Cunha - maratona aquática
Aos 29 anos, a baiana disputa a terceira Olimpíada da carreira em Tóquio. A atleta da maratona aquática terminou na quinta colocação em Pequim-2008 — quando tinha 16 anos — e em décimo no Rio-2016. Para conquistar a primeira medalha em Jogos Olímpicos, a brasileira se inspira em momentos de glória da carreira. Afinal, são mais de dez medalhas em Campeonatos Mundiais, além do ouro nos Jogos Pan-Americanos de 2019.
Alison e Álvaro Filho - vôlei de praia masculino
A dupla do vôlei de praia masculino vive um momento de bons resultados em etapas no Circuito Brasileiro. Por isso, chega a Tóquio com condições de ganhar medalha para o Brasil. Alison já participou de dois Jogos Olímpicos e ganhou duas medalhas. Em Londres-2012, ao lado de Emanuel, foi derrotado na final, terminando com a prata. Já na Rio-2016, ao lado de Bruno Schmidt, conquistou o ouro. Com novo parceiro, Alison quer subir ao pódio pela terceira vez. Evandro e Bruno Schmidt são a outra dupla nacional, que promete lutar por medalha.
Ágatha e Duda - vôlei de praia feminino
A caminhada da dupla no Circuito Nacional é marcada por conquistas no Circuito Brasil de vôlei de praia, tanto é que estão na primeira colocação no ranking nacional feminino. Chegou a hora do sucesso deixar um pouco o litoral brasileiro e viajar para o outro lado do mundo, para ganhar uma medalha em Tóquio. Apostando na juventude de Duda, 22, e na experiência de Ágatha, 37, — prata na Rio-2016, ao lado de Bárbara — a dupla é forte candidata em manter a tradição brasileira na modalidade. A cearense Rebecca, ao lado de Ana Patrícia, também quer competir por medalha.
Seleção brasileira de vôlei masculino
A seleção brasileira de vôlei masculina disputa a Olimpíada de Tóquio em busca da sétima medalha no evento. O ouro veio em três oportunidades: Barcelona-1992, Atenas-2004 e Rio-2016. Já a prata foi conquistada em Los Angeles-1984, Pequim-2008 e Londres-2012. As últimas quatro medalhas foram sob o comando de Bernardinho, que deixou a seleção em 2017. Agora com o técnico Renan Dal Zotto — craque do time da primeira medalha, a prata de 1984 —, a expectativa é positiva, visto que teve bom desempenho em competições recentes.
Seleção brasileira de futebol masculino
Não existe competição em que a seleção masculina de futebol não entre como favorita. Atual campeão do futebol masculino, o Brasil conseguiu o ouro inédito na Rio-2016, liderado por Neymar e cia. Com seis medalhas conquistadas em Jogos Olímpicos, sendo três de prata e duas de bronze, os comandados de André Jardine são candidatos ao segundo ouro olímpico, muito por conta de uma geração com bons jovens jogadores. Como também é ano de Copa América, a tendência é que a equipe brasileira não convoque jogadores renomados acima da idade limite de 24 anos.
Como serão as disputas olímpicas, um torneio atípico por conta das restrições sanitárias, que afetaram preparação de atletas e restringem público no evento