Os Jogos Olímpicos, no formato como conhecemos hoje, acontecem desde 1896, ano em que barão Pierre de Coubertin (1863–1937) organizou a primeira edição das Olimpíadas da era moderna em Atenas, na Grécia. No entanto, a origem do principal evento esportivo na atualidade vem do século VIII a.C., época em que as competições representavam um período de celebração da paz entre as cidades-Estados gregas, constantemente envolvidas em guerras e conflitos.
As Olimpíadas, na Antiguidade, tinham importância político-econômica e exaltavam o espírito de competição, como ocorre atualmente, mas diferem dos Jogos Olímpicos modernos pelo cunho religioso durante a realização dos eventos na Grécia. As competições eram celebradas no Templo de Zeus, em Olímpia, onde eram prestadas homenagens ao deus grego.
De acordo com Orlando Luiz de Araújo, professor do Núcleo de Cultura Clássica da Universidade Federal do Ceará (UFC), o período de trégua nos conflitos entre cidades-Estados gregas durante as realizações dos Jogos também tinha motivação religiosa.
“Essas tréguas eram sagradas. Portanto, durante as competições não podiam haver guerras. De certa forma, havia ali um pacto político, mas também religioso. Qualquer cidade que descumprisse esse pacto, poderia ser arruinada. E essa ruína, de acordo com a crença dos gregos antigos, viria através de uma punição divina.”
Ruínas do Templo de Zeus, em Olímpia, sede dos Jogos Olímpicos da Antiguidade
Apesar de não haver consenso sobre o ano de início das Olimpíadas, os registros mais antigos indicam que começaram em 776 a.C. e eram realizadas a cada quatro anos, assim como ocorre na atualidade. As celebrações duravam apenas cinco dias e contavam com diversas competições atléticas.
O primeiro dia era reservado para a abertura das festividades, com competições musicais e o juramento de juízes e atletas, em ritual semelhante ao que ocorre atualmente.
No dia seguinte ocorriam as competições equestres, com corridas de carros puxados por cavalos, com variações nos terrenos e quantidade de animais utilizados em cada categoria. Além disso, havia uma modalidade que visava testar a capacidade do cavaleiro, com características semelhantes ao hipismo como conhecemos hoje.
O terceiro e quarto dias eram dedicados às competições disputadas no estádio e contavam com várias modalidades esportivas. A mais antiga delas era a corrida, com disputas de curta e longa distâncias, que podiam chegar até 4.000 metros.
As provas de lutas também já eram praticadas. Havia uma espécie de luta livre, onde todo tipo de golpes eram permitidos e só terminava quando um dos competidores admitia a derrota. No pugilato, os lutadores utilizavam golpes com os punhos, sendo uma categoria de luta muito semelhante ao boxe praticado na atualidade. O pancrácio era uma forma primitiva de arte marcial, que combinava características da luta livre e do pugilato. Era o MMA da Grécia pan-helênica.
A corrida e a luta também faziam parte do pentatlo, que contava, ainda, com salto em distância, lançamento de disco e lançamento de dardo. Atualmente, apenas a corrida está presente entre as modalidades disputadas no pentatlo moderno, que ainda conta com hipismo, esgrima, natação e tiro esportivo.
"Essas tréguas eram sagradas. Portanto, durante as competições não podiam haver guerras. De certa forma, havia ali um pacto político, mas também religioso"
O último dia era destinado para as premiações. Diferentemente do que ocorre nos Jogos modernos, apenas os vencedores eram premiados, o que fortalece a ideia de competição entre os atletas. Os prêmios eram meramente simbólicos, resumindo-se a uma coroa de folhas de oliveira. No entanto, os vencedores desfrutavam de grande prestígio entre a população e recebiam diversas homenagens.
Não há registros de recordes ou marcas obtidas pelos atletas durante os Jogos na Antiguidade. De acordo com Araújo, para os gregos antigos, “o importante era saber quais eram os vitoriosos de cada ano. Não havia, até então, comparações entre vencedores em Olimpíadas diferentes. Todos eram merecedores de grande reconhecimento por parte da população”, comenta.
Cerca de 40 mil pessoas iam ao santuário de Olímpia para assistir às competições. Apenas homens livres e de origem grega podiam participar das disputas, sendo vedada, portanto, a participação de mulheres, escravos e estrangeiros. Apesar da proibição, existem registros de mulheres entre os vencedores. Isso era possível porque as premiações das provas de corridas de cavalos eram dadas aos proprietários dos animais e não aos cavaleiros.
Foram realizadas, pelo menos, 293 edições dos Jogos na Antiguidade. As competições entraram em declínio com o conflito cultural provocado após a região da Grécia Antiga ser dominada pelo Império Romano. As Olimpíadas foram abolidas em 393 d.C. pelo imperador romano Teodósio I, que extinguiu todas as festividades e cultos pagãos após se converter ao Cristianismo.
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As corridas eram divididas em, pelo menos, quatro modalidades:
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Os lutadores precisavam atuar com as mãos abertas e tinham como objetivo derrubar o oponente. Era permitido acertar os olhos do adversário e o duelo só terminava com a desistência de um dos lutadores. Deu origem à atual "luta greco-romana".
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Os lutadores protegiam as mãos com faixas de pele de boi e utilizavam golpes com os punhos, sendo uma categoria de luta muito semelhante ao boxe. Os combates sofreram modificações no decorrer do tempo e há registros de que pedaços de metal eram colocados no lugar das tiras de couro com o objetivo de tornar os golpes mais violentos.
Dois lutadores de pancrácio. Réplica do museu Staatliche Antikensammlungen (Coleções Estatais de Antiguidades), em Munique, Alemanha, de escultura em mármore romana, que por sua vez é baseada em um modelo grego do século III a.C.. A cópia é de aproximadamente 1900.
Era uma forma de arte marcial primitiva. O combate, entre dois lutadores, mesclava características do pugilato (boxe) e luta livre. Era o tipo de luta mais violento, comparado ao que atualmente conhecemos como MMA, mas com menos regras, tal qual a origem do UFC.
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É uma das categorias mais antigas. Nas competições, o peso do disco variava conforme a categoria, cujos critérios de classificação eram a força e o peso dos atletas. Os discos eram feitos de pedra ou metal e pesavam cerca de cinco quilos.
Lançamento de dardo
A colombiana Flor Ruiz durante a competição de lançamento do dardo, durante os Jogos Olímpicos de Londres-2012
Bastante utilizados em caças e conflitos, os dardos mediam 1,70m e tinham uma correia de couro fixada em seus eixos. Esse cordão era encaixado no dedo dos competidores e funcionava como um propulsor para que se alcançasse maiores distâncias durante os arremessos.
Salto em distância
Maurren Maggi ganhou o ouro olímpico pro Brasil em Pequim-2008, no salto em distância. Na foto, a ex-atleta em no Pan-americano de Guadalajara-2011
Os saltos eram ritmados e acompanhados por instrumentos musicais. Além disso, os competidores precisavam saltar segurando halteres, peças de ferro ou de chumbo, cujo peso variava de 1 a 5 quilos.
A versão antiga juntava modalidades do atletismo (corrida, salto em distância, lançamento de disco ou de dardo) com a luta. O pentatlo moderno só manteve a corrida, contando ainda com esgrima, natação, hipismo e tiro ao alvo
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