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A Olimpíada da pandemia: contagem regressiva para Tóquio-2020
Reportagem Seriada

A Olimpíada da pandemia: contagem regressiva para Tóquio-2020

JOGOS OLÍMPICOS 2020 | Adiados para este ano em razão da crise sanitária causada pela Covid-19, a Olimpíada promete ser atípica diante das restrições sanitárias, que afetaram preparação de atletas e restringem público no evento
Episódio 1

A Olimpíada da pandemia: contagem regressiva para Tóquio-2020

JOGOS OLÍMPICOS 2020 | Adiados para este ano em razão da crise sanitária causada pela Covid-19, a Olimpíada promete ser atípica diante das restrições sanitárias, que afetaram preparação de atletas e restringem público no evento
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O ano olímpico foi de 2020 para 2021. Tudo por causa da pandemia de Covid-19, que obrigou autoridades japonesas e o Comitê Olímpico Internacional (COI) a adiarem, pela primeira vez na história, os Jogos Olímpicos — houve, entretanto, três cancelamentos decorrentes das Guerras Mundiais (1916, 1940 e 1944). Faltam, agora, a contar desta quarta-feira, 14 de abril, 100 dias para o início da Olimpíada de Tóquio, marcada para entre 23 de julho e 8 de agosto. A edição do principal evento poliesportivo mundial promete expor ainda marcas da pandemia, que gera como consequência uma série de restrições inéditas em edições anteriores.

Ainda que realizada em 2021, a nomenclatura foi mantida. Esta Olimpíada será Tóquio-2020 — até para não prejudicar os acordos firmados com patrocinadores. Os Jogos realizados na “Terra do Sol Nascente” serão os primeiros após os do Rio de Janeiro-2016. A edição brasileira até hoje está viva nas memórias dos amantes esportivos, seja pelas competições acirradas, recordes olímpicos e despedidas de lendas como o nadador americano Michael Phelps, recordista em total de medalhas, e o velocista jamaicano Usain Bolt.

Sediar Olimpíada costuma ser fato comemorado pelo povo do país, tanto que, já em 2013, os japoneses festejaram a escolha de Tóquio, que superou a concorrência de Madri (Espanha) e Istambul (Turquia). Entretanto, a realidade mudou nos últimos oito anos, e o clima não é somente de festa. Fato é que atualmente a população japonesa olha com desconfiança para a realização dos Jogos Olímpicos, visto que existe um temor por causa da pandemia de Covid-19.

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O jornalista Rodrigo Borges avalia que é complicado projetar a receptividade do povo japonês quando a Olimpíada começar, mesmo com a postura pouco empolgada de parte da população. Uma das ações já informadas pelo COI, em razão da Covid-19, é que apenas o público que mora no Japão — com limitações — poderá acompanhar as modalidades nas arenas esportivas, vetando a presença de torcedores estrangeiros.

“Estando longe é impossível fazer essa previsão, porque daqui do Brasil não se tem a temperatura certa das coisas no Japão, de como está o dia a dia da população conforme se aproxima o evento. O que se sabe, por pesquisas já divulgadas, é que os japoneses são em sua maioria contra a realização do evento exatamente por causa da pandemia. Não creio, porém, em um grande impacto por causa disso", avalia Rodrigo Borges.

O primeiro-ministro japonês Yoshihide Suga, ao lado dos mascotes dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de Tóquio 2020(Foto: Eugene Hoshiko / POOL / AFP)
Foto: Eugene Hoshiko / POOL / AFP O primeiro-ministro japonês Yoshihide Suga, ao lado dos mascotes dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de Tóquio 2020

Os Jogos serão o terceiro disputados na Ásia, e o Tóquio sediará pela segunda vez — a primeira foi em 1964. Desta vez, o evento ocorre em um cenário diferenciado. Com isso, as perspectivas sobre o quadro de medalhas tendem a sofrer alterações. A preparação de inúmeros atletas foi afetada pelas medidas restritivas impostas pelos países para conter o avanço da Covid-19, o que certamente terá uma influência ao início das modalidades.

Além da preparação prejudicada pelo ano pandêmico, existe o risco de algum atleta de modalidade individual ou coletiva contrair o novo coronavírus imediatamente antes da abertura dos Jogos Olímpicos. O “fator Covid-19” pode deixar os prognósticos de medalhistas diferente do que era imaginado e “acontecer surpresas”, como destaca o jornalista Marcelo Romano.

“O fator Covid-19 vai bagunçar bastante os prognósticos. Pode acontecer de um atleta ter Covid um pouco antes dos Jogos ou até ser afastado durante (a competição). O Comitê Internacional e Comitê Local ainda não definiram se os atletas vão ficar em quarentena. Já surgiram comentários que os atletas podem ser vacinados, alguns comitês de países europeus já avisaram que vão imunizar a delegação. Vai ser uma Olimpíada da incógnita. Já temos os favoritos, mas pode acontecer surpresas”, afirma Marcelo Romano.

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Apesar de faltar pouco tempo para os Jogos, ainda existem vagas classificatórias indefinidas, tendo em vista que competições pré-olímpicas tiveram de ser adiadas em razão da pandemia. Dentro de um cronograma normal, os classificatórios acontecem com certa antecedência. O cenário de 2021 será diferente, com torneios terminando poucos dias antes da abertura olímpica. Caso emblemático é o Pré-Olímpico de basquete masculino, que termina dia 4 de julho — 19 dias antes da disputa em Tóquio.

Uma Olimpíada diferente para atletas, público e, também, a imprensa. Com as restrições em vigor, os profissionais terão que se adequar uma cobertura mais virtual e menos presencial, além da limitação credenciais. O jornalista Marcelo Laguna relata que será uma experiência diferente de todos os outros Jogos Olímpicos.

“A imprensa terá seu trabalho muito prejudicado. Haverá uma limitação da presença de jornalistas nas arenas olímpicas. Serão distribuídos alguns tíquetes, além da credencial. Também não terá condição de falar com o atleta pessoalmente, tudo virtualmente. Imagino que será uma Olimpíada muito visual, do ponto de vista de acompanhar. Para quem estiver pela televisão, não muda muito. Quem estiver no local, terá condições de ver o ineditismo muito de perto”, comenta Marcelo Laguna.

Apesar das adversidades, a Olimpíada de Tóquio será “especial”, afinal, desperta curiosidade de como as modalidades serão disputadas sob um rígido protocolo sanitário. O Japão sediará a edição mais atribulada da história, e daqui alguns anos tal fato será descrito por quem terá o privilégio de acompanhar, mesmo que do outro lado do mundo.

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