O progresso sempre guiou a trajetória de Luiz Otávio Anacleto Leandro, desde os primeiros dias de vida aos passos na carreira profissional. Natural da pequena cidade de Carmo, no interior do Rio de Janeiro, o jogador foi criado em bairro de nome inspirador, que o moldou e motivou a aspirações maiores.
Primogênito entre três irmãos, Luiz Otávio cultivou de berço a paixão pelo futebol e se juntava aos primos e amigos da região para praticar o esporte quase todos os dias. O sonho de ser profissional nunca se apagou, mas era o talento do irmão Paulo Otávio que se destacava, o que guiou o futuro zagueiro rumo aos estudos — fez curso técnico em Petróleo e Gás. Um trágico acidente, porém, interrompeu a carreira de Paulo de forma precoce e o sonho de viver de jogar bola reacendeu como possibilidade de melhorar a condição financeira da família.
A carreira começou por equipes modestas, inclusive do futebol cearense, com progresso gradual. Após três temporadas de destaque no Sampaio Corrêa-MA, o zagueiro foi contratado pelo Ceará em 2017 e atingiu o ápice da carreira. Com mais de 200 jogos disputados e três títulos conquistados — dois Estaduais e uma Copa do Nordeste —, o camisa 13 diz não se considerar ídolo, mas reconhece o Alvinegro como divisor de águas e abre o coração: "Aprendi a amar o Ceará".
O POVO - Como era a sua vida antes do futebol? O que você lembra da infância lá no Rio de Janeiro, qual era a sua realidade?
Luiz Otávio - Morava com meus pais. Meu pai trabalhava fora, na cidade de Carmo, interior do Rio de Janeiro, uma cidade bem pequena, hoje deve ter em torno de 18 mil habitantes, então, naquela época, com certeza tinha menos. Eu tenho um irmão, chamado Paulo Otávio, que é o filho do meio, e tenho uma irmã mais nova, que se chama Letícia. E eu morava com dois primos meus também, o Jefferson e o Gleison, e a minha falecida avó. A gente morava em uma casa pequena, no bairro Progresso. Uma casa bem humilde, onde vivi toda a minha infância, mas tinha bastante espaço, a gente desfrutou bastante ali dos momentos, em família. A gente sempre brincava entre irmãos.
Há pouco tempo, um amigo até postou no Facebook um vídeo do campo onde a gente jogava bola, as famosas peladas, e ele até usou uma expressão... Eu tinha um apelido, eles me chamavam de "Foca" na infância. Aí, ele postou: "O campo de onde saiu o Foca, jogador do Ceará", e deu para relembrar um pouquinho daquilo. Nós íamos para a escola e, depois que voltava, almoçava, descansava um pouquinho e (a gente) já se preparava para jogar futebol. Minha mãe trabalhava na Paróquia Nossa Senhora do Carmo, meu pai trabalhava fora e, na maioria do tempo, a gente ficava com a nossa avó.
Eu tive uma infância difícil, mas, graças a Deus, minha mãe e meu pai sempre buscaram não deixar faltar nada. Lógico que eu não tinha as coisas que eu queria ter, mas tive uma infância feliz. Hoje, comparando a infância que eu tive e a infância do meu filho, João Pedro, de 10 anos, ele pode desfrutar de coisas que eu não pude. Hoje, se ele quer um carrinho de controle remoto, graças a Deus e ao meu trabalho, eu tenho condição de dar. Antigamente não, a gente tinha que fazer os nossos próprios brinquedos. Essa é uma infância que não volta mais, as brincadeiras de antigamente. Hoje é uma geração mais tecnológica, por causa do desenvolvimento humano, tudo que a gente tem visto. Não vou falar que é uma infância mais fácil, mas é outra era.
O POVO - Quais foram as dificuldades que você enfrentou para começar a carreira no futebol?
Luiz Otávio - Eu catava materiais recicláveis para completar (a renda familiar)... Nos tempos vagos, eu e meus irmãos... Tinha uma cooperativa perto de onde a gente morava, tinha um morro muito grande para descer e, consequentemente, para subir também. Mas era pra tentar ganhar alguma coisa, vender para comprar um pão, um biscoito, alguma coisa do tipo. Isso foi um pouquinho da minha infância, o que me fez, a cada dia, querer vencer mais também. Quando você tem um objetivo muito forte, um porquê... Na verdade, eu queria dar uma condição melhor para o meu pai e para minha mãe, porque eu vi o sacrifício que eles faziam. Não vou entrar em muitos detalhes da minha infância toda e tudo que eu passei de dificuldade, assim como outras pessoas têm dificuldades também, iguais, piores e menores do que a minha. Todo mundo tem seu desafio na vida. E a minha trajetória no futebol foi a mesma coisa.
Tive a oportunidade, quando meu irmão sofreu o acidente, de ir para o Angra dos Reis, um clube da Segunda Divisão do Campeonato Carioca. Lá, eu me lembro muito bem, quando cheguei e fui dormir do lado do banheiro, porque não tinha quarto para ficar. E fiquei bastante tempo dormindo do lado do banheiro, até que outras pessoas foram sendo mandadas embora, e eu consegui ir para um colchão do lado das camas, em um dos quartos (risos). Aquilo eu só via como motivação para realizar meus sonhos.
Depois tive a oportunidade de ir ao Botafogo, Fluminense, fiz "peneiras", não deu certo. Fui reprovado no Fluminense, como fui reprovado no Botafogo e também desisti, quis sair, por causa da saudade dos pais. Foi dar certo mesmo no Angra, onde eu passei as dificuldade, mas perseverei bastante. Aí fui para o Madureira, tive a experiência de ir para fora do país, no Nacional da Ilha da Madeira, em Portugal, que é até o clube onde o Cristiano Ronaldo foi formado.
O POVO - O que te levou a largar a faculdade para tentar a carreira como jogador?
Luiz Otávio - O meu irmão é dois anos mais novo do que eu. Ele era muito bom jogador também, tanto que, antes dele sofrer o acidente, tinha acabado de ser aprovado em um período de testes no Vasco. Quando ele sofreu o acidente, estava de folga. Foi no fim de semana para casa e sofreu o acidente. Então, foi basicamente por isso que eu tranquei a faculdade. Eu comecei a fazer porque pensei: "Ah, meu irmão vai ser o cara da família, ele que vai ganhar dinheiro, poder realizar o sonho da minha mãe de casa própria, do meu pai. Vou estudar e, qualquer coisa, ajudo a administrar a carreira dele". Mas aí aconteceu (o acidente).
Eu comecei a faculdade em Friburgo, na Estácio, era para ser tecnólogo em Petróleo e Gás, porque eu morava perto de Macaé, uma região muito propícia para isso, e eu vi uma oportunidade. Eu não lembro quanto minha mãe e meu pai pagavam, mas eu fiz para ganhar inicialmente R$ 3 mil, depois que me formasse. Se eu fizesse mais um ano de engenharia em petróleo, aí teria um salário melhor, em torno de R$ 10 mil a R$ 15 mil, mais ou menos. Mais aí ia ter que estudar muito. Tive que trancar por conta disso, meu irmão sofreu o acidente. Já tinha feito um ano e meio, eram três anos, então estava na metade, e comecei a jogar futebol. Voltei a jogar futebol, na verdade, correr a atrás do meu sonho. Tranquei a faculdade para iniciar uma necessidade de ajudar a família, porque ele tinha acabado de sofrer o acidente.
O POVO - Bem antes de defender o Ceará, você passou pelo futebol cearense para jogar no Icasa. Como foi aquele período?
Luiz Otávio - (risos) Na verdade, naquela época, quando você está no início e tem um objetivo bem claro na vida, como eu tinha, de ajudar minha família... E nessa altura do campeonato também, eu já tinha um filho, meu filho tinha acabado de nascer e completar 1 ano. Passei por muitas dificuldades quando fui para lá, mas o Arthur Boim, que era o patrocinador e administrava o time, nunca deixou (faltar) questão de salário. Mas a questão da estrutura interna muitas vezes era um pouco precária, mas eu nem ligava para isso. No estádio, cada um recebia sua cesta, e a gente trocava de roupa no próprio gramado mesmo. Na hora de tomar banho, era um cano do lado de fora. Mas sempre ia feliz, não reclamava. Hoje eu tenho muito mais do que tinha na época e, muitas vezes, me pego reclamando de coisas que a gente não tem, em vez de ser grato por aquilo que a gente já tem. Por isso sempre é bom estar olhando um pouquinho para trás, tudo que você passou, para valorizar mais o que tem vivido.
O POVO - Depois do Icasa, você foi para o Sampaio Corrêa e conseguiu chamar a atenção do Ceará. Serviu como uma vitrine?
Luiz Otávio - Com certeza. O meu foco era fazer uma grande Série B para realizar um sonho não só meu, mas do meu pai, em jogar em um clube de Série A, de maior expressão. Como minha família toda é flamenguista, meu pai sempre teve o desejo de eu jogar no Flamengo. E o Sampaio foi o clube onde eu fiz mais de 100 jogos, tive momentos felizes, mas momentos tristes também. É um clube pelo qual eu tenho carinho e foi uma vitrine para eu conseguir chegar ao Ceará. É um clube que faz parte da minha trajetória, onde eu aprendi muito, não só com os jogadores, mas com as outras pessoas que estavam lá também.
O POVO - De que forma você recebeu a proposta do Ceará? Imaginava que iria conseguir escrever essa história?
Luiz Otávio - Antes de chegar ao Ceará, em 2017, eu já tinha sido procurado em outras oportunidades também, até pelo campeonato que eu fiz no próprio Icasa, em 2013. Abriram-se muitas portas para mim, mas acabei não fechando por conta de alguns detalhes burocráticos. Eu nunca troquei o propósito de Deus pelas propostas que eu tive. Fiquei feliz quando recebi a do Ceará, dessa vez não tive como recusar. Aceitei com muito carinho, muito orgulho, e sabia que estava vindo para um grande desafio, mas também colocava no meu coração que tinha que vir fazer história. Lógico que eu não esperava viver... Não vou dizer tão rápido, porque eu cheguei e a gente já subiu, teve o acesso, tive algumas premiações individuais também.
O POVO - De 2017 para cá, quais mudanças mais evidentes você apontaria no Ceará?
Luiz Otávio - A primeira coisa que mudou muito foi a estrutura. Hoje, o Ceará dispõe de uma estrutura de um cube de ponta. Lógico que tem muitas coisas para evoluir e vai evoluindo de acordo com o que vai mudando a mentalidade. Hoje, o Ceará tem uma mentalidade diferente, tem adquirido jogadores e também feito vendas, e isso tem gerado receita para o clube, até a própria base, que o clube tem feito vendas pontuais para gerar receita. O Ceará hoje é um clube formador, que realmente entrou no cenário brasileiro para ficar como uma grande força do Nordeste. Mudou muito. Mas, primeiro, o Ceará foi muito inteligente em se estruturar para fazer isso, porque sem estrutura não se mantém uma casa. O Ceará conseguiu fazer isso, montar uma estrutura, formar uma base para ter sucesso e hoje tem colhido os frutos. E creio que vai continuar crescendo ainda mais.
O POVO - Qual foi o momento mais marcante em todo esse período no Ceará?
Luiz Otávio - A conquista da Copa do Nordeste, até pelo momento que a gente enfrentava, de pandemia, um momento muito caótico no mundo. E a gente teve que ficar longe da família, pagar um preço alto, então me marcou bastante, até pela forma que o grupo se comportou, a forma que a gente viveu tudo intensamente, todos juntos. Foi um grande momento. Agora, individual, com certeza foi o jogo contra o Bahia, a nossa última vitória em 2019. Marcar dois gols, da forma que foi... Aquilo ali não vai sair da minha memória nunca, nem que depois aconteça algo parecido ou maior do que isso. É o primeiro, né? É a mesma coisa de que você toma o primeiro arranhão e fica aquela cicatriz, que serve para, quando olhar para ela, lembrar de tudo que aconteceu e tudo que viveu. Esses momentos são eternizados no coração dessa forma também.
O POVO - E qual foi o momento mais difícil?
Luiz Otávio - O momento mais difícil acho que foi também em 2019, quando eu tive uma lesão muito grande na (parte) anterior da coxa. Primeiro, eu tive a entorse no tornozelo, contra o São Paulo, e logo depois, quando eu iria voltar, tive uma lesão muito grande na anterior da coxa. Aí, eu fiquei dez rodadas fora, e a gente não conseguia vencer. A gente saiu de um bom lugar para começar a sofrer do jeito que a gente sofreu. Depois, a gente conseguiu voltar, mas com muito custo e aí eu tive a fascite plantar também, que foi uma das piores lesões que eu tive na minha carreira. Foi muito difícil, eu sentia muita dor. Teve momentos que eu falei que não dava mais, que ia ser difícil, que eu não aguentava. Joguei vários jogos assim, no sacrifício, mas Deus sempre me sustentou e deu força. Foi um momento que eu superei, que eu guardo no meu coração. É uma das cicatrizes que eu falo, que me levam a nunca desistir de nada. Foi um dos grandes momentos que eu passei de dificuldade.
O POVO - Na final do Campeonato Cearense, você acabou se lesionando e ficou fora por um período maior. Foi difícil ser desfalque em um momento decisivo para o clube?
Luiz Otávio - Foi. Quando iniciou essa temporada, a expectativa era muito grande e foi só aumentando à medida que a gente foi chegando nas competições que almejava. Houve uma frustração muito grande, um baque muito grande por a gente não ter conseguido os nossos objetivos do início do ano. Foram as duas únicas lesões, em 2019 e essa desse ano, que me tiraram por mais tempo de jogos, porque, normalmente, eu dificilmente fico fora de jogo. Foi um momento difícil, mas a gente conseguiu superar, com a força do grupo. Meus companheiros me mandaram mensagem quando eu sofri a lesão, no outro dia, perguntando como eu estava. Eu tomei um susto, para falar a verdade, porque eu poderia não só ter torcido o joelho e o tornozelo juntamente, mas acabei tendo algo leve, não tão grave. Mas poderia ter encerrado a minha carreira ali. Mas Deus me guardou, também, muito pela prevenção de lesão que o clube faz, fortalecimento muscular, com toda a equipe da fisiologia, fisioterapia, todo o departamento médico e até de nutrição também. Então todas as partes do clube tiveram participação para não ter tido problemas maiores em relação a essa lesão. Graças a Deus hoje estou bem, conseguindo jogar bem.
O POVO - O desempenho de destaque no Ceará acabou atraindo o interesse de outros grandes clubes. Por que você escolheu permanecer?
Luiz Otávio - O Robinson (de Castro, presidente do Ceará) mesmo já falou, a mídia também falou, eu tive algumas propostas: Flamengo, Grêmio, Inter, Atlético-MG, o próprio Vasco também. É o desejo de todo jogador e era um desejo do meu pai também, mas, assim como aconteceu quando eu estava no Sampaio, tive várias propostas tentadoras, mas nunca larguei um projeto no meio. Eu tenho um carinho muito grande pelo Ceará, uma gratidão muito grande pelo clube. Eu tenho um estilo de vida em que me pauto pelo que a Bíblia diz que é certo. Eu sou cristão e não posso trocar um propósito por uma proposta. Foi por conta disso que eu acabei não aceitando o convite de alguns clubes. Conversei com o presidente também e achei que não era o momento, acabei ficando no Ceará. Para sair daqui, tinha que ser algo muito bom não só para o clube, mas para mim também. A gente vivia um momento difícil, o presidente conversou comigo, e eu senti que era um jogador importante para o clube. Decidi que não era o momento de ir. Caso acontecesse alguma coisa para frente, tivesse já uma posição e uma situação mais estável, aí poderia ser conversado de outra forma. Mas eu deixo muito para o meu empresário, Roberto Gilvaz, para resolver essa questão, e eu me concentro só em jogar futebol mesmo.
O POVO - O seu atual contrato se encerra no final deste ano. Você pretende renovar?
Luiz Otávio - Essa questão de contrato eu deixo muito com o meu empresário. Nunca escondi o meu desejo, tanto o Robinson quanto o clube sabem. A torcida tem um carinho, e isso me motiva muito, minha família gosta daqui, minha esposa e meu filho estão superadaptados. Mas, no futebol, uma hora você está perto, outra hora está longe. Mas o meu desejo, com certeza, é permanecer. Vamos focar nessa reta final agora. O que tiver que ser feito, de acordo com a vontade de Deus, vai ser e eu vou seguir.
O POVO - Com as conquistas, identificação com o clube e carinho da torcida, você se considera ídolo do Ceará?
Luiz Otávio - (risos) Ídolo é uma palavra muito forte, né? Eu não gosto de me autorrotular, eu deixo mais para o torcedor. Não só por aquilo que eu já fiz aqui, tem coisas que nós guardamos dentro de nós, por aquilo que eu já me doei pelo clube também, tudo que eu faço e quero conquistar aqui ainda. É muito difícil eu falar: "Eu me considero um ídolo do Ceará", mas eu me considero um cara que, com certeza, posso estar na história por questão de jogos, pelo tempo que eu fiquei no clube, pelo que tenho me dedicado. Agora, essa questão de ídolo eu deixo mais para o torcedor mesmo, dizer se eu sou ou não sou de fato, quais são os quesitos que eles classificam para colocar na galeria. Não vou esconder que muitas pessoas já falaram: "Você é ídolo". Já ouvi falar, veículos também já rotularam, fizeram comparações. Eu fico feliz para caramba pelo carinho e amor que o torcedor tem por mim, por me considerar assim. Mas para eu mesmo colocar acho uma palavra muito forte, porque o único ídolo que eu tenho é Jesus Cristo, então, é muito forte.
O POVO - Qual a importância do Ceará na vida do Luiz Otávio, em termos profissionais e pessoais?
Luiz Otávio - O Ceará foi um divisor de águas na minha vida pessoal e profissional, em termos de títulos, a visão como pessoa, social. Eu evoluí como pessoa aqui, como pai, como filho, como amigo, evoluí demais. Com certeza mudou também minha vida financeiramente, pude ajudar minha família, realizar sonhos que eu almejava lá atrás, de abençoar minha mãe e meu pai, dar uma condição melhor para eles também. E não só eles, mas outras pessoas. Na vida, eu aprendi que não se trata de quanto você tem, mas o que você faz com aquilo que você tem. Da mesma forma que eu enriqueci em todas as áreas da minha vida, em cultura, conhecimento... Agora, eu consigo adquirir alguns livros para ler e tenho enriquecido outras pessoas também. Quando eu vou ficando mais rico intelectualmente, eu vou expandindo essa inteligência para outras pessoas, compartilhando com outras pessoas. O Ceará é parte disso. Então, eu sou muito grato a Deus por ter me colocado aqui, por eu ter escolhido o Ceará. Eu já expressei, várias vezes, todo o meu carinho e afeto e já recebi.
O POVO - Indo para campo e bola, qual foi o melhor parceiro de zaga que você teve no Ceará e quem foi o atacante mais difícil de marcar?
Luiz Otávio - (risos) Aí você me pega, né (risos)? O mais importante é eu sempre estar em campo, independentemente de quem esteja do meu lado. Eu sempre me adaptei com todo mundo com quem eu joguei, dependendo do tempo de conversa, treinamento, trabalho. Gosto de todos eles, procurei me entrosar ao máximo para que pudesse dar o melhor para o Ceará nesse tempo todo. Tenho amizade com todos, carinho por todos e fico feliz por isso. Agora, o atacante mais difícil que eu marquei foi o meu irmão (risos). Era o mais chato. Sempre deu trabalho.
O POVO - Aos 33 anos, o fim da carreira está mais próximo do que o início. Por quanto tempo você ainda pretende jogar? O que pensa em fazer após se aposentar?
Luiz Otávio - Às vezes, o parar do jogador, aqui no Brasil, é meio precoce, porque tem jogadores aqui que não se cuidam igual se cuidam os jogadores na Europa. Normalmente, na Europa, 29, 30 anos é quando o jogador começa a viver o auge, experiente. A gente vê o caso do Zé Roberto e outros jogadores que voltam da Europa e conseguem ainda desempenhar um grande futebol no Brasil, aí você vê a grande diferença. Então, se eu me cuidar, eu vou jogar até quando Deus me permitir. Se eu continuar me cuidando, ainda jogo muitos anos. Eu tenho planos, não vou falar idade média, mas pode ser mais três, quatro anos ou até mais cinco anos (de carreira). Eu tenho vontade, sim, de empreender quando parar, tenho estudado para isso. Vou ver as áreas, me dedicar também a outras coisas. Vou poder passar mais tempo com a minha família, porque esse tempo de carreira... Não vou falar que desperdiça, mas você abre mão de estar com a sua família para desfrutar de outras coisas. Vou jogar até quando Deus me permitir, mas tomara que eu possa continuar dando o meu melhor sempre. É nisso que eu vou focar.
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