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Renata Silveira, a primeira narradora de futebol da Globo
Reportagem Seriada

Renata Silveira, a primeira narradora de futebol da Globo

Carioca de 32 anos se consolidou como uma das primeiras vozes femininas da televisão aberta brasileira em trajetória iniciada na Copa de 2014 e consolidada na Copa de 2018
Episódio 59

Renata Silveira, a primeira narradora de futebol da Globo

Carioca de 32 anos se consolidou como uma das primeiras vozes femininas da televisão aberta brasileira em trajetória iniciada na Copa de 2014 e consolidada na Copa de 2018
Episódio 59
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Futebol é paixão e assim como em outros setores da vida, não escolhemos quem vamos amar, mas somos escolhidos. No caso do esporte, muitos elementos nos auxiliam na criação desse sentimento: uma festa da torcida no estádio, um gol improvável que leva o time a não ser rebaixado ou a ser campeão. Um dos elementos que também nos envolve e faz o coração bater mais forte dentro desse universo é a narração. É o que personifica o que é sentido quando um jogador estufa a rede do time adversário e fica na memória daqueles que acompanham o esporte bretão por meio de televisões ou rádios.

Por muito tempo, essa memória construída tinha como protagonista somente vozes masculinas, mas esse cenário mudou em 1997 e se transformou em 2018, com a ascensão de mulheres no mercado esportivo. Uma delas, que apareceu para dar voz aos gols brasileiros, foi Renata Silveira. Nascida no Rio de Janeiro, começou a carreira de maneira despretensiosa em 2014, em um concurso na Rádio Globo para a Copa do Mundo daquele ano, e hoje é uma das principais vozes da Rede Globo de Televisão.

Ao O POVO, ela contou como a infância disputando intercolegiais foi decisiva na sua escolha por trabalhar com esportes e quais os seus próximos sonhos após ter narrado diversos e diferentes campeonatos de 2018 para cá.

 

 

O POVO - Como foi a infância da Renata? Você teve contato com esportes desde cedo? Como o futebol começou a fazer parte da sua vida?

Renata Silveira - Desde pequena, sempre gostei muito de atividades físicas. Desde os três anos de idade minha mãe me colocou na dança junto com a minha irmã e começamos a fazer aula de balé. Sempre fui uma criança muito ativa, gostava de brincar, fui da geração que ainda brincava na rua. No caso do futebol, meu pai sempre levava eu e minha irmã aos estádios desde muito pequena. O futebol foi inserido na minha vida desde muito cedo. Eu gostava sempre de ir aos estádios. Se eu não estava no estádio, eu estava em casa acompanhando os jogos pela televisão. Também estudei em escolas que sempre valorizavam a questão da educação física e não só como matéria, mas as atividades extracurriculares, competições, então a gente tava sempre inserida nisso de participar de competições. Educação física era minha matéria favorita na escola e, além do futebol, eu gostava de praticar diversos esportes. Tanto que ingressei na faculdade de Educação Física, pois é uma paixão desde criança.

OP - Você acredita que foi toda a vivência com o esporte que te fez escolher pela Educação Física? E quando você entrou na faculdade, quais eram suas pretensões?

Renata - É sempre um momento difícil escolher o que a gente vai ser a vida inteira. Naquele momento de optar pela educação física, eu não tinha certeza alguma, queria fazer diversas coisas e a cada mês a minha cabeça pensava de uma forma diferente. Foi na hora de fazer a inscrição para as faculdades que eu prestei vestibular que eu decidi pela Educação Física. Acredito que toda essa experiência que eu tive com a dança e com os esportes durante os anos fez com que eu tenha escolhido pela Educação Física e durante a faculdade eu fui me encontrando. Tive matérias que não tinha na escola e fui conhecendo mais o curso, fui me apaixonando, me decepcionando e eu comecei a ir pelo caminho da área científica, participava dos grupos dos laboratórios da faculdade, caminhando mais para esse lado e quase ingressei nessa área de fazer mestrado e doutorado, mas desisti no meio do caminho, percebi que não era para mim, embora gostasse bastante. Acho que minha questão foi mais prática. Em relação à faculdade foi mais ou menos isso.

Acho interessante citar que, às vezes, quem faz Educação Física não tem muito o apoio dos pais, pois às vezes falam que é um curso que você não vai ganhar muito dinheiro ou que você vai ter que trabalhar muito para receber bem, mas acho que, pelos meus pais não terem feito faculdade, eles sempre me apoiaram. Queriam que eu fizesse uma faculdade que fosse federal e eu passei pra Federal do Rio de Janeiro e isso para eles foi suficiente, independente da área que eu estivesse cursando. Eles queriam que eu fosse feliz e que eu tivesse fazendo o que eu gostasse. Por ter trabalhado desde nova, eu já tinha essa responsabilidade, essa disciplina. Eu até falo que aproveitei pouco certa parte da faculdade, pois as pessoas saiam para as festas depois das aulas e eu ia trabalhar. Já trabalhava bastante quando entrei na faculdade.

Renata Silveira iniciou trajetória na narração em 2014, quando venceu um concurso da rádio Globo para dar voz a um jogo da Copa do Mundo. (Foto: Pedro Paulo Figueiredo/Rádio Globo)
Foto: Pedro Paulo Figueiredo/Rádio Globo Renata Silveira iniciou trajetória na narração em 2014, quando venceu um concurso da rádio Globo para dar voz a um jogo da Copa do Mundo.

OP - Durante todo esse trajeto, quando foi que o jornalismo esportivo e a narração entraram no seu caminho?

Renata - Quando terminei a faculdade, pensei: agora eu tenho que fazer outra coisa, pois hoje em dia só a faculdade não é o suficiente. Como trabalho com dança desde os 15 anos, desde muito nova, não enxergava isso como profissão ou que poderia me dar dinheiro lá na frente. Eu poderia ter escolhido a faculdade de dança, mas pensei: ah, eu danço desde pequena e vou fazer faculdade de dança? E pensei em encontrar uma área que eu quero atuar porque eu não queria dar aula para sempre, já dava aula desde os meus 16 anos. Eu sempre gostei muito de assistir televisão e futebol, mas nunca pensei em narração. Eu imaginava ser apresentadora, repórter, mas narradora nunca. Procurando cursos, eu achei uma pós-graduação em jornalismo esportivo e fiquei interessada na descrição do curso, tipos de aulas e professores. Me inscrevi nessa pós e, quando estava terminando, a rádio Globo lançou o concurso Garota da Voz para encontrar narradoras. Na época, eu estava procurando estágio na área e eu não encontrava, pois os estágios eram para quem estava cursando a faculdade de jornalismo e eu tinha dificuldade em encontrar oportunidade na área. Quando eu vi esse concurso da rádio Globo, o que mais me chamou a atenção não foi a questão de ser uma narradora, mas sim a questão de ser na rádio Globo, conseguir uma oportunidade na empresa. Se não desse certo como narradora, quem sabe em outro setor. E eu pensei: quer saber? Parece ser legal. Vou me inscrever e vai dar certo? E deu super certo.

 

" Ali foi minha primeira experiência, venci aquele concurso, narrei Costa Rica e Uruguai, que foi a premiação. Logo depois narrei um outro jogo, México e Croácia, pois o narrador passou mal e me chamaram para substituí-lo." Renata, ao falar sobre as primeiras experiências com narração de futebol

 

OP - Como foram seus primeiros momentos no concurso e com a narração em si?

Renata - Eu me inscrevi, tinha que mandar a gravação de algum gol da seleção brasileira e eu mandei da final contra a Alemanha em 2002, gol do Ronaldo. Eu lembro que eu gravava e apagava, pensava que estava muito ruim, não era daquele jeito que eu deveria fazer. Lembro que 'aos 45 minutos do segundo tempo' eu encerrei e mandei o que eu tinha. Passou uma semana, eles entraram em contato comigo dizendo que eu tinha sido uma das aprovadas. Foi muito legal, uma experiência mega nova. Tanto eu quanto as outras meninas selecionadas, nós nunca tínhamos passado por isso de narrar jogos. Algumas até trabalhavam em rádio, mas não narrando. Ali foi minha primeira experiência, venci aquele concurso, narrei Costa Rica e Uruguai, que foi a premiação. Logo depois narrei um outro jogo, México e Croácia, pois o narrador passou mal e me chamaram para substituí-lo. Foi uma grande experiência, mas dali eu não fui contratada, não teve uma consequência. Foi uma coisa pontual que não desencadeou em nada, mas eu gostei e comecei a estudar, pois tinha aprendido muito, mas queria aprimorar aquilo tudo. Fui fazer curso em escola de rádio, conciliando com a pós-graduação e assim começou tudo.

OP - Nessa primeira experiência, em 2014, você sentiu falta de ter alguma referência feminina ou de ver mais mulheres narrando, já que até então o Brasil só tinha tido duas narradoras de futebol (Zuleide Ranieri e Luciana Mariano) e elas não eram tão conhecidas?

Renata - Durante o processo, eu não pensei tanto nisso, mas em relação a referência, eu imagino que nunca tenha enxergado essa possibilidade de um dia ser narradora porque eu nunca tinha visto. Nunca tinha ouvido e visto uma mulher narrando futebol. Quando não se tem referência ou exemplo, é difícil imaginar. Hoje em dia, as pessoas perguntam sobre inspiração, eu gosto de futebol por causa do meu pai, que sempre me levava aos estádios e ele sempre foi de ficar com radinho de pilha no ouvido acompanhando e eu ouvia com ele as transmissões, os bordões e aquilo pra mim sempre foi a referência. Quando eu comecei a narrar, eu remetia a isso. Sempre ouvi, desde pequena, grandes nomes, e é um grande desafio ter uma narração com personalidade própria, com características próprias e até atuais. Tudo vai se renovando, evoluindo e mudando. Para a gente não ficar repetindo o que a gente ouvia antigamente e, claro, cada um criar sua própria personalidade em relação à referência.

OP - Você ganhou uma oportunidade de narradora em 2014 e citou que isso aflorou em você um novo olhar para o jornalismo esportivo de que mulheres poderiam narrar, mas uma nova oportunidade só apareceu para você e para outras narradoras em 2018, quando houve os realities Narradoras Lays, do Esporte Interativo, e o Narra quem Sabe, da Fox Sports. Logo que você soube dessas novas chances, imediatamente você se inscreveu ou teve alguma hesitação pelo tempo que estava sem narrar?

Renata - Eu fechei as portas nesse meio tempo, pois abri minha academia de dança em 2015, no subúrbio do Rio de Janeiro. Como até então não tinha aparecido nenhuma oportunidade concreta, quis focar em uma só coisa para dar certo e por isso tive esse intervalo. Em 2018, quando vi, decidi que era a hora e a oportunidade certa. Me inscrevi nos dois, mas só pude participar de um, pois eles aconteciam na mesma época. Tive que escolher.

Antes de ser contratada pela Globo, Renata Silveira trabalhou como narradora na Fox Sports por quase dois anos. (Foto: Divulgação/Fox Sports)
Foto: Divulgação/Fox Sports Antes de ser contratada pela Globo, Renata Silveira trabalhou como narradora na Fox Sports por quase dois anos.

OP - Você foi escolhida para ser uma das narradoras da Fox Sports e, ao final da Copa de 2018, foi contratada em definitivo pela emissora. Lá você deu voz a vários torneios nacionais como Copa do Nordeste, e internacionais, como Campeonato Espanhol, até novembro de 2020, quando você foi anunciada na Globo. Desde que você começou a narrar até o momento, já parou para avaliar toda essa caminhada?

Renata - Eu penso nessa caminhada o tempo inteiro e tenho muito orgulho de onde eu cheguei, de não ter desistido principalmente. Acho que esse é o grande desafio: não desistir, persistir, por mais que seja muito difícil, que tenhamos poucas oportunidades, e a repercussão é muito negativa em relação ao público e a aceitação. Isso tem evoluído bastante, mas ainda acontece demais, todos os dias praticamente.

OP - Em todo esse tempo, o que acha que mais te motivou e quais foram as maiores dificuldades?

Renata - Eu acho que a maior dificuldade é você entender todo o processo, saber que toda essa repercussão negativa também acontece além da positiva, é claro, faz parte de tudo isso. A gente tá quebrando barreiras, entrando em uma mata fechada, e não devemos desistir. Temos que nos manter firmes e fortes com relação a tudo isso e é um grande desafio. Etapas que fui trilhando, construindo e hoje eu sou referência na narração, é uma trajetória que eu me orgulho muito.

 

"A narração não tem que ser protagonista de uma transmissão, ela é só um a mais. Só que quando é uma mulher narrando, as pessoas param de falar do jogo para falar do trabalho da narradora." Renata,ao abordar o papel da narração durante o jogo

 

OP - Em 2014, quando você teve sua primeira experiência, e em 2018, quando retomou o caminho da narração esportiva, a recepção do público para mulheres no Jornalismo Esportivo em geral era bastante negativa. De lá para cá, como você analisa que isso mudou?

Renata - Ainda há muito a evoluir. A evolução que vamos conquistando vem sendo a passos de formiga, lenta, mas de 2014 pra cá já vejo bastante diferença. Em 2014, lembro que era muita novidade, então as pessoas falavam muito da minha narração e não do jogo. Eu sempre cito como uma virada de página um jogo do Real Madrid que eu narrei, onde a audiência é bem maior, e quando fui ver nas redes sociais as pessoas estavam falando do jogo e não da narração. Isso foi bem legal, pois é isso que acontece quando um narrador está transmitindo um jogo, as pessoas falam do jogo. A narração não tem que ser protagonista de uma transmissão, ela é só um a mais. Só que quando é uma mulher narrando, as pessoas param de falar do jogo para falar do trabalho da narradora. Quando fiz esse jogo do Real Madrid, as pessoas estavam falando do jogo, não da minha transmissão, e eu achei muito legal, pois é um jogo que muita gente acompanha e as pessoas não estão falando de mim. A partir dali eu fui acompanhando mais, pois é algo diferente e as pessoas não estão acostumadas. Você ouviu a vida toda um homem narrar e, do nada, uma mulher começa a narrar, você estranha porque não está acostumado com aquilo. Essa estranheza, essa questão do não ser comum, a gente entende, faz parte de qualquer processo de mudança, mas a gente sabe que não é só isso. Tem coisas que a gente está acostumada a ouvir como "vai lavar uma louça, mulher não combina com futebol" e coisas que infelizmente até hoje a gente é obrigada a ouvir. Agora em 2020, 2022, ainda tem muito. Campeonato Brasileiro tá aí, narro jogos na Globo, na TV aberta a audiência é maior, então sei que serei forte para aguentar tudo que vem pela frente, mas muito feliz pela oportunidade. Mas é isso, eu já entendi que faz parte do processo. Nossa geração ainda será alvo de ódio para que outras não sofram com isso lá na frente.

OP - Sua primeira narração na TV aberta ocorreu numa semifinal da Supercopa Feminina, em um jogo entre Flamengo e Grêmio. Como o futebol feminino é uma das bandeiras que você defende, como foi dar voz a uma modalidade como essa, que está em crescimento, em uma emissora tão grande?

Renata - O momento que a gente está vivendo é muito especial, não só da narração feminina, como também do futebol. O futebol feminino está com mais transmissões, as torcidas estão indo aos estádios, e é um momento muito especial desde a Copa de 2019. Fiquei muito feliz, foi muito legal quando eu soube que ia ser Flamengo e Grêmio, dois gigantes do futebol brasileiro. Foi um jogo muito importante. Eu sabia que um dia isso fosse acontecer, mas não esperava que fosse tão cedo fazer um jogo assim e foi um presente muito especial. Transmito o futebol feminino já faz um tempo, bato na tecla que precisa de mais investimento, de transmissão, pois sem competição e sem visibilidade não há evolução. Temos muito potencial para evoluir, pode ser um bom produto para as marcas e as meninas têm histórias lindas de superação, da aceitação da sociedade de que menina pode jogar futebol e eu luto muito para que um dia isso seja uma questão normal, que se normalize o futebol feminino. Ter a minha estreia narrando futebol feminino foi um casamento especial.

OP - De 2014 até agora, você narrou na rádio, na TV fechada e agora está na lista de seletos narradores da Globo. Já deu voz aos jogos da Copa do Nordeste, Brasileirão e até Copa do Mundo. Foram muitos sonhos realizados. Com todo esse caminho já trilhado, qual é o próximo sonho seu a ser realizado?

Renata - Sempre temos que ter sonhos. É o que nos motiva, saber onde queremos chegar, independente da profissão. Um dos meus maiores sonhos, pequenos na frente da carreira de tantos narradores, era narrar em um estádio, e eu realizei esse na final da Supercopa. Foi um jogo especial, emocionante, gol no finalzinho e agora meu próximo sonho da lista é cobrir um grande evento. Uma Copa ou uma Olimpíada. Eu já narrei final de Copa do Mundo até pela Fox em 2018, mas do estúdio da Barra da Tijuca. Meu grande sonho é estar em um grande evento, sentir como é uma Copa do Mundo ou uma Olimpíada.

Renata Silveira foi anunciada como narradora da Globo em 2020. (Foto: João Cotta/Globo)
Foto: João Cotta/Globo Renata Silveira foi anunciada como narradora da Globo em 2020.

OP - O futebol feminino está em crescimento no Brasil e, como já citado, há mais jogos acontecendo, mais transmissões e visibilidade. Como você enxerga tudo que tem acontecido na modalidade nos últimos anos no país e o que você acha que ainda pode melhorar para a modalidade crescer?

Renata - A gente gravou um programa que está no Globoplay sobre a evolução do futebol feminino. É um baú do esporte que fala sobre a evolução, traçando o caminho da época da proibição, desde 1940, até a regulamentação, onde foi liberado o futebol feminino. Ficou muito legal e eu fiquei muito honrada de apresentar esse programa, foi muito especial. E não há como falar do futebol feminino e não falar da história de diversas jogadoras como Marta, Formiga, e das competições, o Brasil nas Olimpíadas, nas Copas do Mundo, até os dias de hoje, tendo o Brasil com uma técnica estrangeira, o trabalho dela, uma nova galera e tudo que está acontecendo. Está bem especial. A gente fala sobre o futebol não ser permitido, as meninas não podiam jogar na escola e aprender nada. Você poderia até ser presa se quisesse jogar e a gente pensa: o futebol masculino sempre foi comum, eles sempre puderam jogar, e nós, mulheres, não. Parece surreal contar essa história, que um dia o futebol foi proibido para as mulheres. Isso retardou todo um processo. Se hoje a gente tem essa defasagem, um futebol que ainda não é incrível tecnicamente, sem patrocinadores, é muito por toda a história que o futebol feminino passou.

Eu acho que o ponto de virada de página, embora eu não acredite que tenha sido a melhor forma de se resolver, foi a obrigatoriedade da Fifa com a Conmebol em 2016, mas ali os clubes entenderam que teriam que ter um time feminino. Os clubes começaram a se mexer. Tem muitos times que tem mais pela obrigatoriedade, mas a partir do momento que há uma grande hegemonia do Corinthians no cenário, e no Estado de São Paulo, as outras instituições começaram a se mexer com relação a isso e a perceber que teriam que se mexer com relação a isso, senão iam ficar para trás. Hoje temos um Campeonato Brasileiro completando dez anos, onde a gente criou um mercado onde muitos clubes fizeram grandes contratações e tem tudo para ser e já está sendo um Brasileirão de maior investimento e nível competitivo. O Corinthians é o favorito, mas será um campeonato bem diferente do que vimos nos outros anos.

 

"Antes era impossível pensar em uma mesa redonda falando sobre futebol e hoje temos diversas, super qualificadas, e agora são narradoras. É uma linha do tempo muito legal que estamos traçando." Renata, sobre a presença das mulheres entre comentaristas e narradores de futebol profissional

 

OP - Falamos em evolução no futebol feminino, mas puxando para a mulher dentro do esporte, também tivemos avanços no mercado do Jornalismo Esportivo, com uma maior presença feminina como comentaristas, produtoras, apresentadoras e narradoras. Você acredita que, dentro desse campo, o cenário também é de ascensão para nós, mulheres?

Renata - Sim, com certeza. A partir do momento que você tem exemplos, espelhos, as próximas gerações buscam isso. O papel da mulher no esporte, antigamente eram poucas mulheres repórteres, e isso mudou. Também eram poucas as comentaristas, ainda são, mas elas estão aí. Antes era impossível pensar em uma mesa redonda falando sobre futebol e hoje temos diversas, super qualificadas, e agora são narradoras. É uma linha do tempo muito legal que estamos traçando. São coisas que a sociedade vai normalizando. Já é normal mulher apresentando, reportando, apresentando, e estamos nesse processo com as narradoras. Também vemos mais mulheres nas redações, em todos os setores do Jornalismo Esportivo.

 

 

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