Maestro e professor, Potiguar Fernandes Fontenele, mais conhecido como Maestro Poty Fontenelle, nasceu no dia 18 de junho de 1961 em Viçosa do Ceará. Licenciado em Música, participou de corais, realizou apresentações em diversos países, conquistou prêmios e aos 62 anos afirma que não há mais nenhum sonho que almeja, mas lamenta o esvaziamento da música erudita.
Foi por volta dos 5 anos que sua relação com a música teve início. A família era proprietária do Hotel Viçosa, o único da cidade até então, e por lá se hospedaram alguns músicos, como Roberto Müller e Noca do Acordeon. O contato com a música desde cedo o fez constatar que possuía “facilidade de afinação”. “Não gosto muito da palavra dom. Eu tinha facilidade, cantava alguma besteirinha e eles [os músicos] me envolviam”, conta.
Aos 12 anos, começou a cantar em serenatas. “Em Viçosa, a gente fazia serenata mesmo. Nas férias, cantávamos nas casas onde as meninas de Fortaleza estavam”, relembra. Mas foi aos 15 anos, quando entrou na Escola Técnica Federal do Ceará (ETFCE), hoje chamada de Instituto Federal do Ceará (IFCE), que sua relação com a música ganhou um capítulo mais sólido.
“Quando eu entrei na Escola Técnica, tinha visto o coral sendo regido pelo Paulo Adelton Nascimento, a minha irmã já era aluna da escola e me levou. Quando vi aquilo, fiquei maravilhado mesmo. Eu fiquei apaixonado por aquele som. Tive uma preparação com serenatas em Viçosa do Ceará e aos 15 anos eu me vi músico mesmo na Escola Técnica", afirma.
Foi a partir daí que Poty seguiu uma longa carreira na música, que inclui regência, gravações, produções, composições, docência e mais. Em meio a tantos sonhos realizados, o maestro admite frustrações no caminho, principalmente no setor público. Apesar das desilusões, a trajetória do artista está marcada na história da música erudita cearense, mostrando resistência e luta pela pluralidade sonora. A seguir, confira a entrevista de Poty para O POVO.
O POVO - Antes de entrar para a Escola Técnica Federal do Ceará (ETFCE) passou pela sua cabeça viver de música?
Poty Fontenelle: Não, nunca. Nem imaginava. Na verdade, eu acho que eu queria ser engenheiro. Tanto é que eu fui fazer Estradas na Escola Técnica. Em Viçosa, eu brincava muito de fazer barragens com as enxurradas da água. Eu achava muito legal aquilo. Eu achava que provavelmente eu ia ser engenheiro. A música era quase inconsciente, era um hobbie.
OP - Na década de 1980, o senhor fez parte de uma turnê na Europa com o Grupo de Tradições Cearense. Isso influenciou a querer seguir carreira na música?
Poty - Para mim foi um divisor de tudo. Eu conheci o mundo profissional. Mesmo sendo uma atividade amadora, uma atividade de folclore no Brasil, raros seriam os grupos profissionais mesmo, normalmente alguém trabalha e faz parte de um grupo folclórico, e nós também fomos assim. Todos nós tínhamos nossas atividades, mas fomos participar. Foram três festivais organizados pelo Comitê Internacional de Organização de Festivais de Folclore e nós fomos para o Festival da Catalunha, o Festival de Conforama, na França, e o Festival de Friburgo, na Suíça. O quê que aconteceu: eu vi o que eu não vi aqui.
OP - O que o senhor viu?
Poty - Eu vi, por exemplo, sonorização, em 1982, já uma sonorização impressionante. Eu vi iluminação impressionante. Eu vi palcos impressionantes. Nós passamos 45 dias, eu voltei totalmente transformado. Primeiro, com a convicção de que eu queria ser músico. Eu tava fazendo Letras na Federal, quando voltei já foi abandonando para ir atrás de fazer música na Estadual. Foi um choque lá em casa, porque era uma família tradicional, não pensava em ter um filho músico. Mas mudou totalmente minha vida. Já em 82 eu vi um mundo muito mais profissional e aquilo me fascinou.
OP - Quais foram as primeiras áreas que o senhor teve contato na música quando decidiu seguir uma carreira profissional no segmento?
Poty - Folclore e coral. Folclore nem tanto assim. Meu primeiro trabalho profissional foi tocando zabumba no show do Celinho Barros, chamado pelo Tarcísio José de Lima. O Tarcísio me chamou porque eu já tocava zabumba no Grupo de Tradições Cearense. O Celinho Barros, que é um cantor e compositor cearense que mora em Paris, tava vindo fazer um show aqui no Ceará. Mas assim, sempre foi coral.
Primeiro, nós temos um problema conceitual no Brasil: todo mundo acha que pra cantar em coral tem que ter grande voz. É o contrário: quem tem grande voz não quer cantar em coral, quer ser solista.
OP - Entre tantas possibilidades dentro da música, o que motivou o senhor a escolher o coral?
Poty - A sonoridade. É muito mágico. Eu digo pra todo mundo, mas digo assim de absoluto coração. Primeiro, nós temos um problema conceitual no Brasil: todo mundo acha que pra cantar em coral tem que ter grande voz. É o contrário: quem tem grande voz não quer cantar em coral, quer ser solista. Então o coral é um ajuntamento de pessoas que vai desenvolvendo a sua musicalidade. O coral tem que chegar no ouvido das pessoas como um som único. Então, quem é muito bom não pode ser muito bom e quem é muito ruim tem que ser ajudado para não ser tão ruim e nessa ajuda mútua fica todo mundo muito bom e o coral é um grande equilíbrio de vozes. Isso me fascina. Às vezes, a gente abre a boca para ferir as pessoas, para agredir, e só em juntar um bocado de pessoas para cantar, a gente já causa uma emoção. Isso é interessantíssimo: a propriedade de a custo zero fazer as pessoas felizes. Eu acho isso magnífico.
OP - O senhor fundou a Federação Cearense de Corais e foi o primeiro presidente da organização. Como surgiu o grupo?
Poty - A Federação Cearense de Corais era vinculada à Confederação Brasileira de Coros. Na época o Cláudio Correia, da TV Ceará, era uma pessoa muito ativa, ele fazia um encontro de corais lá e eu tava envolvido nacionalmente com a Confederação Brasileira. E a gente criou a Federação. O Cláudio inclusive parece que foi o segundo presidente. Ele me apoiou muito pra fundação da Federação. Ela hoje está desativada porque a Confederação Brasileira de Coros foi desativada. Agora parece que é Associação Brasileira de Regentes de Corais (Abrac).
OP - Qual a importância que a Federação Cearense de Corais teve no movimento coralista de Fortaleza?
Poty - Ela foi muito importante porque a gente conseguiu trazer muitos cursos pra cá. A gente abriu um corredor cultural de coral, onde, por exemplo, nós do Nordeste estávamos muito mais juntos. E tinha também o trabalho da professora Izaíra Silvino, nos anos 1980, ela revolucionou muito com o coral da UFC. Então isso tudo colocou Fortaleza como um centro interessante, um local de passagens de corais. Uma das alegrias do coral é fazer turnê e Fortaleza era sempre perguntada se não poderia receber esses corais. Então, a federação naquele momento foi muito boa.
O final dos anos 1980 e os anos 1990 foram muito profícuos. Tínhamos coral em todo canto, toda empresa tinha coral. Mas foi esvaziando. Foi esvaziando pela violência, pela necessidade de sobrevivência e é natural que sempre uma empresa, um dos primeiros cortes que ela faz são nas ações humanitárias ou nas ações sociais.
OP - Os anos 1980 foram o melhor período dos corais na Capital?
Poty - O final dos anos 1980 e os anos 1990 foram muito profícuos. Tínhamos coral em todo canto, toda empresa tinha coral. Mas foi esvaziando. Foi esvaziando pela violência, pela necessidade de sobrevivência e é natural que sempre uma empresa, um dos primeiros cortes que ela faz são nas ações humanitárias ou nas ações sociais. O coral é um elemento aglutinador social muito grande tanto no âmbito de trabalho, no âmbito profissional, como no âmbito mesmo social, de convivência.
OP - O senhor mencionou a Izaíra Silvino, que morreu em 2021, e foi uma das figuras importantes do movimento coralista em Fortaleza. Qual foi a marca que ela deixou na música cearense?
Poty - A primeira revolução que ela fez, que foi uma revolução silenciosa, ela conseguiu trazer cantores pra cantar no coral. E não que ela trouxe, as pessoas foram atrás dela. Os grandes cantores da cidade, Amaro Pena, Alcio, Eugênio Leandro, Aparecida Silvino, Gigi de Castro e muitos outros, Marcos Café, um bocado de cantores resolveu cantar no coral. Por quê? Porque a proposta da Izaíra era uma proposta muito atual. Ela tinha um repertório brasileiro, ela tinha uma postura corporal também, proposta ao coral, e tudo isso criou um novo de fazer coral aqui no Ceará. E na época teve até umas brigas, de corais tradicionais com ela, um coral mais contemporâneo, mais cênico. Mas ela foi muito importante pra isso e principalmente por ela associar muito o canto coral ao canto popular. Era um coral de grande representatividade popular. Eu diria que ela inicia a popularização mesmo de coral no meio acadêmico, no meio intelectual, no meio artístico e não aquele meio artístico careta. Não. O meio artístico mais pop mesmo. O coral da UFC fez essa revolução através dela.
OP - Além da Izaíra, quais outros nomes do Estado foram importantes para o movimento coralista?
Poty - São muitos nomes, então eu serei injusto, mas eu vou dizer nomes que eu tenho, até por estilos, né? A professora Angélica Ellery, pela pela regência em si, pelo repertório que trabalhava, dando uma opção de um novo repertório. A professora D'Alva Stella, que já faleceu. A professora Repegá Fermanian. Eu posso estar esquecendo mais gente, mas esses quatro nomes pra mim foram referências, cada qual com com seus estilos, os rigores milimétricos da professora Repegá, a leveza da regência da Angélica e do repertório um pouco mais erudito, mas com interpretação que me agradava muito. A professora D'Alva Stella com a historicidade toda do trabalho dela, com a resistência, o coral de câmara durou, não sei se ele ainda existe efetivamente, mas era ou é o coral mais antigo do Ceará. Tenho vários outros nomes: Gilberto Oliveira, Miriam Carlos, tem muitos nomes, mas assim, esses quatro nomes, pra mim são referências. Eu retiro um pouco de cada um pra ser eu.
OP - Quais são as orquestras e corais que o senhor rege atualmente?
Poty - Eu acho que eu sou a pessoa que talvez regeu mais corais aqui no Ceará. Por uma questão de mercado, não passou mais a valer a pena reger e nem aceitar algumas propostas e também por uma questão de esvaziamento. Eu particularmente deixei de trabalhar com Coral Empresa no ano passado. A pandemia abalou muito a estrutura do coral. Questões financeiras também da empresa. E eu só estou agora com os corais meus, no campo acadêmico ou profissional.
OP - Quais são esses corais?
Poty - Eu estou criando o coral do Centro de Educação da Uece, eu estou tentando manter o coral do Centro de Humanidades da Uece e como esses dois corais ainda estão buscando consolidar-se, eu estou fazendo um trabalho com os meus alunos de canto coral 1, 2 e 3 e 4 da Uece como canto. Então ao invés da gente ficar só na atividade da sala de aula, a gente tem levado essa atividade pra fazer apresentações fora da universidade. E na UFC eu tenho a disciplina de coro cênico e voz e canto. A de couro cênico é interessante, dá pra fazer alguma montagem semestral. O problema é que ao final do semestre todos se vão. Então eu não tenho um grupo que se mantém, eu tenho um grupo que só tem quatro meses de existência. Em alguns semestres, pelo efetivo vocal que eu tenho, eu consigo montar alguma coisa. Mas é muito difícil, porque isso depende do efetivo que eu tenho. Eu posso ter uma turma que tem só vozes agudas. Eu não posso escolher as vozes que eu vou ter.
OP - O senhor é formado em licenciatura em música pela Universidade Estadual do Ceará. Qual avaliação o senhor faz do ensino de música no Ceará?
Poty - Todos os dois cursos e o que tem no IFCE, que eu acho que é técnico, eles têm o melhor efetivo da cidade, garanto. É só a abordagem de cada um, mas todos os três cursos tem muitos bons professores, muitos doutores. Eu só tenho um lamento que assim, “eu penso logo, desisto” e eu realmente estou desistindo, que eu tento há mais de quinze anos que os três cursos, como são de instituições de ensino superior, duas federais e uma estadual, eu sempre pensei em tentar disponibilizar as disciplinas de um curso para o outro.
OP - Como isso funcionaria?
Poty - Por exemplo, ter uma ênfase de cordas na UFC que não tem na Uece. Então os alunos poderiam ter esse acesso. Eu acho isso um desperdício doloroso. Eu já falei com reitores anteriores, com os atuais eu não falei. Eu já falei com vários diretores de centros dessas duas universidades, principalmente Uece e UFC e eu não consigo. E era só boa vontade. Tem os problemas burocráticos, a Uece, por exemplo, o crédito são 17 horas e a UFC são 16, mas tem algumas normativas que facilitam. O que eu acho um absurdo é você ser aluno da Uece com vontade de ter algum contato com cordas e você não poder fazer isso em outra universidade também pública, inclusive valendo créditos pra sua formação. Sabe, acho assim, que tão dormindo, mas dormindo demais. Isso me incomoda profundamente, mas eu desisto, eles ganharam.
OP - Em 2019/2020 o senhor foi secretário de Cultura, Turismo e Empreendedorismo de Guaramiranga. Como foi a experiência de trabalhar no setor público?
Poty - Eu só fiquei um ano e pouco. Até pra não ter problemas burocráticos, eu me exonerei. Mas nunca mais eu quero trabalhar com viés político. Inclusive, eu desisti de candidatos, eu desisti de tudo. Eu não critico mais ninguém. Mas eu posso lhe dizer que não foi boa a experiência. Não foi uma boa experiência porque é muito difícil você impor a boa vontade sobre os interesses políticos, sabe? Não só Guaramiranga, eu já dei assessoria pra outros municípios. É muito difícil.
OP - Que ações o senhor realizou enquanto esteve no cargo?
Poty - Eu tive liberdade de trabalhar em Guaramiranga, mas eu não levei a música erudita. Eu quis de propósito, frustrar algum crítico. Tipo assim: “Ah, o maestro vai encher Guaramiranga de coral e de orquestra”. Não. Eu levei, por exemplo, cover do Queen, o Killer Queen. Eu levei só covers. Eu levei o Nando Reis e de graça. Eu consegui que o “Férias no Ceará” fosse em Guaramiranga, o que nem podia dentro da lógica de investimentos. Então eu fiz tudo muito popular.
OP - E qual foi a parte ruim?
Poty - O munícipe, ele espera que o poder faça algumas coisas e que o poder às vezes se desinteressa em fazer. Sem contar que a gente fica muito vulnerável. Em Guaramiranga, eu perdi um pouco o glamour de ser maestro. Eu virei um ente político e o ente político, ele perde um pouco aquela, não é a majestade, mas é assim “ah não, ele é maestro, ele é puro”. Eu sinto então como se eu tivesse perdido minha pureza no conceito das pessoas.
OP - Apesar de ter “desistido” da política, quais melhorias o senhor acredita que a gestão pública trouxe para a música, principalmente no campo erudito?
Poty - Houve uma grande melhora. Por exemplo, nós temos hoje um curso superior de música no Cariri, um curso superior de música em Sobral e se você for analisar, nós só tínhamos curso de música da Uece. Então, você tem o UFC, IFCE, Uece e você tem a Universidade Federal do Cariri e a UFC Sobral. Então são cinco cursos de música. Então nós já multiplicamos muito a possibilidade de atendimento pra uma área alvo de preconceito.
OP - E quais são as falhas governamentais no campo da música erudita?
Poty - Nós estamos vivendo um momento muito difícil, mas eu não vou entrar no mérito aqui de discutir a qualidade do que se está tocando. O que está tocando hoje é muito útil ao corpo, é muito útil a libido, é muito útil as intenções segundas, terceiras e quartas. O funk, essa batida, ela mexe muito mais do que ouvir uma música mais suave, uma música mais intelectualizada. Mas parece que o Estado pensa que como está todo mundo feliz dançando Wesley Safadão e dançando Anitta, ele não precisa recuperá-lo ou ter uma ação, como o Fundo Estadual da Cultura, de ver o que está também ficando esvaziado. E a parte erudita está muito esvaziada. As próprias ações governamentais hoje estão voltadas, sim, ok, entendo, pra juventude. Mas eu não estou preocupado se a juventude quer A ou quer B. Eu acho que a juventude poderia ter A e B. Mas está tudo convergindo para essa nova linguagem musical.
OP - Qual impacto a falta de ações públicas de incentivo à música erudita pode trazer?
Poty - Isso talvez desestimule jovens e adolescentes a irem ao estudo do violino, como há trinta anos. Nós temos hoje grandes músicos pelo mundo inteiro surgidos do Sesi. Mas por quê? Porque eles viam uma perspectiva. Hoje a perspectiva é você tentar ser cantor de forró, é você tentar ser MC, é você tentar ser do funk. O Estado poderia tentar suprir essa deficiência, assim como ele fornece sementes selecionadas para melhorar a produtividade do campo, ele deveria também oferecer sementes selecionadas: cursos voltados também a produtividade do que é um setor erudito que está totalmente abandonado. Mas também é outra coisa que eu desisto.
OP - Falando de música para além do campo profissional, o que o Maestro Poty gosta de ouvir no tempo livre? Quem são seus ídolos da música?
Poty - Eu ouço tudo. Mas eu gosto muito de música instrumental, apesar de eu ser de coral. Eu já não ouço tanto coral. Eu acho que é porque eu ouvi muito coral por obrigação do meu trabalho. Então agora eu dei pra mim um pouco de prazer também, um outro prazer. Então eu ouço muita música instrumental e músicas folclóricas do mundo. Eu gosto muito do forró tradicional. Eu gravei mais de 250 CDs com Mastruz com Leite, que ainda eram um forró elétrico, mas ainda com um cheiro de Luiz Gonzaga, de Dominguinhos e tudo, né? Já era criticado na época, mas não estava tão alterado. Hoje não, hoje é uma mistura: sertanejo, funk, forró, tem uma coisa toda misturada. Eu me permito ouvir tudo, mas eu prefiro música instrumental hoje. O texto me incomoda um pouco. Se é um texto de língua estrangeira, eu fico tentando entender, então eu tenho que desviar o meu cérebro pra ouvir a música e tentar entender o texto. Então eu prefiro não desviar o ato de ouvir música. Mas eu ouço tudo. Mesmo a pior música tem a melhor dentre as piores. Por exemplo, eu adoro “Bum Bum Tam Tam”. Não é porque tem a flautinha de Bach não, mas é uma composição deliciosa. Enfim, eu acho que até eu dançaria o funk.
OP - Depois de tantos anos de carreira, de ter sido regente de tantos corais, ter viajado para diversos países e conquistado vários prêmios, ainda há algum sonho que falta realizar?
Poty - Não. Eu queria só ver meus filhos, a minha filha mais nova definindo o que vai fazer da vida. Eu acho que eu só preciso de mais uns cinco anos só, dez anos, tá bom. Eu tô pensando em fazer um doutorado, porque eu quero fazer, eu quero pesquisar, ele já não será útil a nível financeiro dentro das universidades que eu estou, porque eu me aposento em pouco tempo. Eu não farei o tempo que é necessário pra incorporar o salário, mas eu me interessei em fazer o doutorado, só preciso de quatro, cinco anos. Com toda sinceridade, eu queria muito ser útil. Outro dia eu estava meio pirado. Eu disse: “meu Deus, a gente estuda, faz mestrado, vai fazer um doutorado e morre”. A gente faz tudo isso e não pode utilizar isso para melhoria da humanidade, para a melhoria da minha comunidade, para a melhoria da minha cidade. E eu estou muito convicto disso. Eu fico com pena. Eu tenho pena de não poder ser mais útil. Eu queria só ver os meus filhos garantidos. Eles estando bem, está tudo bem. Não tem muita expectativa, não. Eu estou feliz. Já fiz uma vida muito boa.
Licenciado em Música pela Universidade Estadual do Ceará e especialista em Gerontologia Social pela Universidade Estadual do Ceará. Antes de seguir carreira na música, cursou Estradas na ETFCe, hoje IFCE
Fundou e regeu os Corais do Centro Educacional Júlia Jorge, da Caixa Econômica Federal (CEF), Vozes de Outono e Grupo Vocal Porta-Voz. Regeu os Corais da Teleceará, Cia Docas do Ceará, Petrobrás-Asfor, BR Distribuidora, Banco do Nordeste do Brasil (BNB Club), Creche Vila, CEMEC, Banco do Estado do Ceará (BEC), Universidade Sem Fronteiras (UNISF), Fábrica Fortaleza e Canto Encontro.
É professor do Curso de Música da Uece e do Curso de Arte Dramática da UFC. É membro da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia; regente dos Corais Porta Voz e Vozes de Outono; diretor musical e maestro dos grupos: Orquestra Villa Lobos, New Orleans Jazz Band, Ensemble Santa Cecília e Maestro Poty Big Band Show; e é coordenador musical do Natal de Luz (CDL) de Fortaleza.
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