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Luciana Servo: "Não é que essas mulheres não estejam setor público, elas são invisíveis"
Reportagem Seriada

Luciana Servo: "Não é que essas mulheres não estejam setor público, elas são invisíveis"

A economista classificou que, enquanto mulheres precisam furar um teto de vidro para chegarem em cargos de gestão, as mulheres negras possuem um teto de concreto para passar

Luciana Servo: "Não é que essas mulheres não estejam setor público, elas são invisíveis"

A economista classificou que, enquanto mulheres precisam furar um teto de vidro para chegarem em cargos de gestão, as mulheres negras possuem um teto de concreto para passar
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Anunciada em janeiro como presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), pela ministra do Planejamento e Orçamento (MPO), Simone Tebet, Luciana Servo se tornou a terceira mulher, sendo a primeira negra, à frente do instituto, que recém completou 59 anos.

Doutora em Economia pela Universidade Federal de Minas Gerais (Cedeplar/UFMG) e mestre, também em Economia, pela Universidade de São Paulo (FEA/USP), Luciana é servidora do Ipea desde 1998 e vinha trabalhando em projetos focados em economia da saúde.

Além disso, ela também é coautora de relatórios do Conselho de Monitoramento e Avaliação de Políticas Públicas (CMAP), de estudos sobre a demanda e a oferta de leitos hospitalares e equipamentos de ventilação assistida no contexto da pandemia de Covid-19. Focou ainda em trabalho sobre o gasto dos municípios em atenção primária à saúde no Brasil.

Luciana Servo passou boa parte de sua trajetória no Ipea trabalhando com economia da saúde(Foto: Helio Montferre/Ipea)
Foto: Helio Montferre/Ipea Luciana Servo passou boa parte de sua trajetória no Ipea trabalhando com economia da saúde

Mas à frente do Ipea e autodeclarada negra, seu desafio é deixar sua gestão com maior número de mulheres. Hoje, elas são mais de 50% da população, mas quando se olha para o setor público, o percentual de 43%.

A gestora sabe que à medida em que vai se galgando os postos, esse percentual "vai caindo abruptamente".

"Você tem que usar quase uma britadeira para sair do outro lado, subir e ascender. Então as mulheres negras são minoria na participação, ainda que sejam a maioria da população", diz, acrescentando que "não é que essas mulheres não estejam setor público, é que elas são invisíveis."

Com essa visão, que Luciana Servo concedeu entrevista ao O POVO abordando o cenário do instituto, os desafios de sua gestão e, principalmente, as barreiras que as pessoas negras enfrentam até chegarem a cargos de gestão. 


O POVO: No seio de sua família, sendo filha única mulher, o que aprendeu?

Luciana Servo: Eu nasci em Montes Claros, no norte de Minas, venho de uma família de quatro homens, então sou a única filha mulher, mas é uma família em que a mãe era muito presente profissionalmente, que já era raro. Hoje, ela tá com 76 anos, mas é uma profissional muito forte e que praticava dentro de casa, também, a igualdade de gênero.

Então os meus direitos e os dos meus irmãos eram iguais, o que também é muito raro no Norte de Minas, na sociedade brasileira, então, isso já define um pouco como é que eu vou fazer a minha trajetória profissional.

Ainda no segundo ciclo do meu Ensino Fundamental a gente se mudou para Belo Horizonte, aí eu concluí o Ensino Médio em Belo Horizonte e comecei a minha graduação. Eu fiz, na verdade, dois cursos de graduação: um de Economia e outro de Publicidade e Propaganda, e até o fim da graduação eu não sabia, ainda, se eu ia ser economista ou se eu ia ser publicitária.

O POVO: E o que a levou a escolher Economia então?

Luciana Servo: O que definiu minha trajetória mesmo foi o mestrado. Ainda que eu gostasse muito de Economia, tivesse feito a minha graduação em Economia, eu também gostava muito de Publicidade, só que a gente tem um exame de seleção nacional da Anpec (Associação Nacional dos Centros de Pós-Graduação em Economia) e eu resolvi fazer essa seleção.

Posse de Luciana Servo no Ipea, ao lado das ministras Esther Dweck e Simone Tebet(Foto: Helio Montferre/Ipea)
Foto: Helio Montferre/Ipea Posse de Luciana Servo no Ipea, ao lado das ministras Esther Dweck e Simone Tebet

E aí eu acabei mudando para São Paulo para fazer um mestrado na USP (Universidade de São Paulo), e aí sim, eu decidi que a Economia era a área que eu ia atuar, basicamente na área de Economia Social. Eu trabalhei em São Paulo um tempo, ainda não tinha terminado o meu mestrado, e já fazia trabalho de consultoria e outros trabalhos na área.

O POVO: Já almejava o Ipea?

Luciana Servo: Eu já conhecia o Ipea, porque eu tinha feito graduação na UnB (Universidade de Brasília) e o Ipea já era um órgão muito forte na área de Economia, e em determinado momento eu falei: 'eu não quero mais ficar em São Paulo, não quero mais trabalhar em São Paulo', e aí resolvi fazer o concurso do Ipea.

Fiz concurso em 1998, e a partir daí comecei uma nova trajetória profissional dentro da administração pública, ainda trabalhando com política regional urbana e política social.

Até que em 2002, um dos coordenadores da área de saúde da diretoria de estudos e políticas sociais me convidou para debater um trabalho na área de macroeconomia da saúde, e aí ele me propôs fazer um curso na área de economia da saúde, e esse curso de fato mudou a minha trajetória também e eu fui para área de economia da saúde.

E hoje eu brinco que ela tem muito de Economia, Sociologia, Ciência Política e Administração Pública, sem dúvida. Ela mescla dessas formações ainda que a minha formação de base seja de economista.

O POVO: O papel do Ipea voltado ao planejamento de políticas públicas mudou ao longo dos anos?

Luciana Servo: O Ipea é criado há 59 anos atrás, para, de fato, ser inteligência do Governo Federal para a formulação de políticas públicas, monitoramento e avaliação. Naquela época, o nome do instituto ainda reflete isso, era basicamente uma inteligência na área de Economia, na elaboração de grandes planos econômicos.

Ao longo do tempo a função de planejamento foi ganhando espaço dentro do Ipea, ainda que, desde o começo, quando você fala em políticas públicas, e isso é importante frisar, dificilmente você faz políticas públicas com um único saber, um único campo do conhecimento.

Apesar de estar dentro do governo, a gente fala que é um olhar crítico do governo sobre as políticas públicas.

São pessoas que trabalham muito tempo com políticas públicas que pesquisam e tem uma formação de base muito forte para pesquisa que fazem essa avaliação com muita qualidade e dialoga no processo de assessoria com diversos atores do Governo Federal e também com os governos estaduais.

Luciana Servo em reunião internacional de especialistas para a medição da cooperação Sul-Sul(Foto: Helio Montferre/Ipea)
Foto: Helio Montferre/Ipea Luciana Servo em reunião internacional de especialistas para a medição da cooperação Sul-Sul

Então essa relação ela é mais próxima ou mais distante a depender de como o governo valoriza essa questão do planejamento, da avaliação e do monitoramento. Mas nossa função é possibilitar, através dessas avaliações, melhores formulações e uma maior efetividade das políticas públicas.

O POVO: Quando aconteceu a migração da sua atuação para projetos voltados para área da saúde?

Luciana Servo: Eu trabalhava, até entrar na área de saúde, com mercado de trabalho. Minha interação mais forte aqui era com a coordenação de trabalho e com Ministério do Trabalho e Emprego. Em 2000, o Brasil teve que trazer uma resposta internacional, um relatório mundial que discutia como é o sistema de saúde dos países, e como é que esse sistemas contribuíram para economia.

Na coordenação de saúde à época, aqui em Brasília, não tinham economistas, eram mais médicos e pessoas de outras formações. E aí me pediram para fazer um parecer desse relatório. E aí a partir desse parecer, o diretor adjunto, na época, falou: 'olha, eu acho que a gente tá precisando de apoio nessa área aqui em Brasília', e propôs que eu fizesse uma formação.

Foi muito interessante, porque é uma formação bem diferenciada da formação que você faz na economia tradicional. É um curso fora do Brasil, na área de economia da saúde. 

Na economia, a primeira coisa que você observa é que é um curso majoritariamente masculino, mas a formação em economia da Saúde, ela envolve pessoas de outras formações, como farmacêuticos, médicos, sociólogos.

E apesar da base ser economia, é uma formação que vai discutir o próprio sistema de saúde.

Quando eu fui fazer esse curso, eu voltei já muito encantada com essa ideia, porque uma das coisas que eu falo sempre é que você tem que ter um olhar ampliado, porque não tem nenhum problema que ele não seja multifacetado e complexo, seja econômico ou social, que ele não exija você olhar outras áreas.

Foto oficial de apresentação de Luciana Servo como presidente do Ipea(Foto: Helio Montferre/Ipea)
Foto: Helio Montferre/Ipea Foto oficial de apresentação de Luciana Servo como presidente do Ipea

Na área de saúde, isso é mais forte porque a gente, para além do sistema de saúde em si, da produção de serviços ligados estritamente à saúde, você tem o que a gente chama de determinantes sociais da saúde. Então a pessoa vai ser mais ou menos saudável, ter mais ou menos doenças ou desenvolver mais ou menos agrados a depender do contexto onde ela está.

Então a pessoa que mora numa região que tem precariedade de saneamento ou habitacional, ela vai desenvolver uma série de doenças em relação a uma pessoa que mora em condições habitacionais melhores. Uma pessoa que não tem acesso a alimento vai desenvolver desnutrições e outros problemas de saúde que outras pessoas não vão.

A escolaridade é um fator determinante para você entender e se relacionar com o seu acesso ao serviço de saúde. Eu falo que se você chegar em um profissional de saúde e ele te passar uma receita, você tem toda uma interpretação do que ele está te falando, ao pedir os exames, você outra interpretação. Então a educação e a sua relação com a literacia, ela depende muito dessa formação.

O POVO: Foi desafiador?

Luciana Servo: Isso era um desafio porque eu nunca tinha trabalhado com isso, e foi desafiador até eu assumir a Presidência do Ipea. Foram quase 20 anos, e ainda continuo discutindo projetos de saúde, mas quando assumi a Presidência, a ideia é que você não traga sua agenda de pesquisa, mas trabalhando o órgão como um todo.

Essa relação com a saúde me trouxe uma outra coisa muito importante. A gente tem um sistema único que é muito especial, que é muito reconhecido.

Saiu até uma reportagem na Inglaterra falando que eles deveriam olhar mais para o Brasil para repensar o sistema nacional de saúde inglês que, para a gente que que trabalha com sistema de saúde, é impressionante, porque a gente quando construiu o SUS, a gente se espelhou justamente no sistema de saúde inglês.

Isso mostra o tanto que a gente aprendeu a fazer política pública de saúde e também os nossos desafios.

A ação do estado é fundamental em qualquer país, mesmo o mais liberal, como os Estados Unidos, você tem uma ação do estado para regulação e organização de serviços de saúde, o que é fundamental.

Luciana Servo em evento de comemoração aos 59 anos do Ipea e apresentação do projeto para as comemorações dos 60 anos(Foto: Helio Montferre/Ipea)
Foto: Helio Montferre/Ipea Luciana Servo em evento de comemoração aos 59 anos do Ipea e apresentação do projeto para as comemorações dos 60 anos

O POVO: A senhora é a terceira presidente mulher do Ipea e a primeira mulher negra. Como é para ser o rosto dessa representatividade? E como analisa a chegada de mulheres, principalmente negras, em cargos de gestão?

Luciana Servo: O Ipea tem um conjunto de pesquisas muito interessantes sobre essa questão da representatividade no serviço público. Quando a gente fala representatividade, a gente tá falando das diferenças, principalmente, de gênero e racial.

Tem um livro que o Ipea acabou de lançar, chamado “Trajetórias da Burocracia na Nova República: heterogeneidades e desigualdades (1985-2020)”, que analisa 20 anos ou mais de democracia e mostra como é que a participação da mulher no mercado de trabalho não necessariamente reflete a participação da mulher na população.

Somos mais de 50% da população, mas quando a gente olha para o setor público, no começo, era uns 39%, e hoje somos 43% das mulheres no setor público. Na medida que você vai galgando os postos, esse percentual vai caindo abruptamente.

A gente tem uma nomenclatura, que eu não sei se é conhecida da população, que são os cargos de confiança, que a gente chama de DAS (Direção e Assessoramento Superiores), para simplificar, são os cargos de confiança.

Ele parte do cargo um (DS-1), que é um cargo que você vai assumir alguma função mais geral. O cargo três, por exemplo, já é um coordenador de área, e as mulheres, apesar das barreiras, elas ainda conseguem chegar até o DS-3. Quando você passa para os DS-4, que são os cargos de coordenação geral, a queda é abrupta.

Tem toda a teoria do teto de vidro, que você tem que romper um teto, que é de vidro, que te machuca, mas que você pode romper.

E para as mulheres negras, é denominado um teto de concreto. Você tem que usar quase uma britadeira para sair do outro lado, subir e acender. Então as mulheres negras são minoria na participação, ainda que sejam a maioria da população.

Então se você pensar que a instituição que, de 30 presidentes, teve três mulheres na sua história, e que eu sou a primeira mulher negra por uma decisão do governo Lula e da ministra de garantia diversidade e a representatividade, você tem um processo de invisibilização.

Presidente do Ipea, Luciana Servo, em plenária do PPA Participativo 2024-2027, no Rio de Janeiro(Foto: Helio Montferre/Ipea)
Foto: Helio Montferre/Ipea Presidente do Ipea, Luciana Servo, em plenária do PPA Participativo 2024-2027, no Rio de Janeiro

Não é que essas mulheres não estejam setor público, elas são invisíveis, elas não são vistas como capazes de ascender para esse espaço onde você possa assumir um cargo de liderança ou principal cargo de uma instituição pública.

O POVO: E como sua gestão vai trabalhar para melhorar essa questão da representatividade?

Eu entendo essa barreira e ela se tornou central dentro da presidência. Discutir como é que a gente rompe as barreiras a partir da perspectiva da instituição, discutindo políticas públicas, que é o que a gente faz, é uma questão que já está na agenda do Ipea, mas que a gente vai reforçar de duas formas.

Reforçando a nossa relação com as ações e as políticas públicas que discutem essa questão, mas também para dentro, porque só tem 25% de mulheres no quadro, uma das instituições com menos mulheres no setor público. Isso se deve, em parte, por ser vista como instituição de economia e as mulheres não são maiorias economia.

Mas também se deve ao fato de você ter dificuldades na própria formação. É uma instituição que, para você entrar, tem que ter uma formação, em geral, pelo menos um nível de mestrado, e aí você vai considerar as barreiras que você tem para população negra.

No sistema escolar, para uma pessoa negra chegar num doutorado, você rompendo com britadeiras e os esforços individuais são muito grandes. Ou seja, você tem que ter uma ação afirmativa, você tem que ter cotas, você tem que ter políticas públicas para romper essas desigualdades e fazer a reparação.

Eu chegar aqui demorou, mas só aconteceu por uma decisão política de um governo e de uma ministra de fazer essa representatividade. Poderia ter outra mulher branca aqui, mas por que colocar uma mulher negra? Porque essa representatividade é fundamental.

Luciana disse que pretende reforçar os quadros de representatividade dentro do instituto(Foto: Helio Montferre/Ipea)
Foto: Helio Montferre/Ipea Luciana disse que pretende reforçar os quadros de representatividade dentro do instituto

Quando a diretoria e eu assumimos a Presidência a gente encanta essa essa agenda e se a gente consegue discutir a questão para dentro, a gente produz conhecimento que nos permite qualificar a nossa atuação na política pública.

Então uma primeira agenda nessa discussão é da participação das mulheres em cargos de decisão e poder e da participação da população negra, porque a mesma dificuldade que as mulheres negras têm, os homens negros também têm de participar de cargos de direção.

O POVO: A senhora já está no Ipea a bastante tempo, mas quando se chega à Presidência a responsabilidade muda...

Luciana Servo: Apesar de conhecer o Ipea, a primeira coisa é tentar entender a instituição como um todo, e com isso contar com os colegas, com os gestores.

O grande desafio é que a gente passou por um processo de eu chamaria de desestruturação. Nós somos desafiados em vários momentos nos últimos seis anos. É isso que faz com que as pessoas da instituição se unam e se sintam motivadas para participar mais das políticas públicas.

O Estado todo estava sendo questionado, o Ipea também estava sendo questionado, servidores públicos, etc.

Então é reconstruir essa imagem do serviço público como efetivo e que ele é fundamental. E é um processo em um país que está dividido, então a gente precisa fazer isso com uma linguagem, no formato que a gente consiga estabelecer diálogos com vários segmentos da sociedade.

O importante também é que a gente não tem concurso público desde 2008, e hoje uma parte grande dos nossos servidores que entraram nos anos 1980 e 1990 podem se aposentar, então outro desafio, assim que a gente entrou foi discutir a questão do concurso público, para a gente ter um concurso logo para fazer o que a gente chama de recomposição de quadros e dar conta de responder a todas as demandas que a gente está recebendo.

Luciana Servo é a terceira mulher a presidir o Ipea, e apenas a primeira mulher negra(Foto: Helio Montferre/Ipea)
Foto: Helio Montferre/Ipea Luciana Servo é a terceira mulher a presidir o Ipea, e apenas a primeira mulher negra

Outro desafio, que para quem é de fora parece não ser importante, mas para a gente é muito importante, é que o Ipea tem vários cargos no nível superior, mas só tem uma carreira, que é da minha carreira, de técnico de planejamento e pesquisa, que seria a pessoa que atua mais diretamente nas políticas públicas, e é isso a cria uma desigualdade interna na instituição que a gente precisa resolver.

Além dos desafios de discutir as desigualdades, os problemas internos, de se pensar o orçamento do Ipea, se é suficiente, o nosso quadro, que é muito qualificado, mas que ficou um tempo com todos os desafios dialogando muito através da associação e, talvez menos, a partir da instituição, além de tudo.

A gente ainda teve a pandemia, que fez com as pessoas começassem a adotar o trabalho remoto, que trouxe vantagens, mas desafios institucionais, e a gente precisa rediscutir o papel do trabalho remoto nas instituições públicas, assim como o setor privado está fazendo.

O também o desafio de fazer esse diálogo no institucional ampliado, tanto com a população, quanto com o que a gente chama da Esplanada, como nos outros poderes. 

De estar colocado nessa discussão de quais são as prioridades, porque tem uma mudança de perspectiva do estado mínimo para o estado que, de fato vai atuar em vários aspectos da vida social econômica, e geram uma demanda muito maior.

Então tem uma agenda de prioridades e organizar essa agenda também é um desafio, mas é um bom desafio. E aí o fato de eu ser de carreira faz com que a ideia seja de preservar a instituição, garantir autonomia e garantir que a qualidade dos seus trabalhos sejam colocados para o debate público.

O POVO: Qual a marca que espera deixar no término da sua gestão? Pelo que pretende ser lembrada?

Luciana Servo em anúncio como presidente do Ipea(Foto: Helio Montferre/Ipea)
Foto: Helio Montferre/Ipea Luciana Servo em anúncio como presidente do Ipea

Luciana Servo: Se eu tivesse que escolher algumas coisas, é deixar uma instituição fortalecida dentro do Estado, mas uma instituição representativa, que tenha dentro dos seus quadros também uma proporção maior de mulheres uma proporção maior de negros que vão assumindo esses cargos de liderança.

Que ao terminar minha passagem dentro desse governo, que eu não sei de quanto tempo vai ser, que eu tenha deixado essa visão de que não só mulheres, mas mulheres negras, elas podem desempenhar esse papel muito bem para que não tenha dúvidas disso, e que isso seja uma marca para sempre. Esse é o principal legado que eu gostaria de deixar.

O POVO: Por fim, como o Ipea pretende trabalhar as desigualdades dentro do Brasil?

Luciana Servo: Uma preocupação que a gente tem é de que o Brasil é um país muito desigual. Essa desigualdade também se reflete nas desigualdades regionais, entre estados e municípios, então uma das agendas que a gente tem, é de revisão de desigualdades territoriais, e é uma agenda muito importante.

Então estar falando fora da área do Centro-Sul do Brasil, falando com O POVO, que é um jornal do Ceará, é super importante para a gente também, que trabalha focado numa política descentralizada, e pensar nesse Brasil e nessa desigualdade, esse diálogo com esses meios de comunicação e com a sociedade nesses espaços também é fundamental para a gente.

 

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